quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Mídia e Política - Antigos lembram tempos de outrora

A atuação da grande mídia corporativa no cenário político do momento, guarda certa semelhança com períodos dramáticos da história política do Brasil. A postura do jornalismo e o colunismo político da época anterior ao golpe de 1964, é o mesmo dos dias de hoje . É o que afirmou o senador Roberto Requião em discurso na tribuna do senado, nesta nesta terça-feira (25), quando defendeu o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff (veja o vídeo abaixo).
Na opinião de Requião, a imprensa nunca aceitou o modo de atuar de Lula, dando atenção aos mais pobres. "Apenas corações empedrados por privilégios de classe, apenas almas endurecidas pelos séculos e séculos de mandonismo, de autoritarismo, de prepotência e de desprezo pelos trabalhadores podem explicar esse combate contínuo aos programas de inclusão das camadas mais pobres dos brasileiros ao maravilhoso mundo do consumo de três refeições por dia. A imprensa, disse o senador, age agora com uma baixeza que não se vê quando os presidentes são de seu agrado. E não está sendo diferente com a presidente Dilma Rousseff.
- Só um verdadeiro idiota pode considerar Lula imune a defeitos e erros, mas só outro idiota pode negar o reconhecimento das qualidades de Lula como presidente do Brasil - afirmou o senador. O discurso de Requião foi noticiado pela Agência Senado, e teve aparte dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Leia a notícia completa aqui.




Em apoio ao ex-presidente Lula, os partidos que compõem a base aliada do Governo (O PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB), divulgaram uma Nota através do site do PT nacional. Assinada pelos presidentes nacionais dos referidos partidos, "repudiam de forma veemente a ação de dirigentes do PSDB, DEM e PPS que, em nota, tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Valendo-se de fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja, pretendem transformar em verdade o amontoado de invencionices colecionado a partir de fontes sem identificação", diz a nota. Individualmente, não se tem notícia que outro senador tenha, na tribuna do plenário, defendido o ex-presidente dos constantes ataques sofridos por ele, advindos de certos setores da chamada grande mídia.         

O jornalista Luis Nassif em matéria sob o título, "A repetição da história" publicada em seu site no mesmo dia 25, diz: "são significativas as semelhanças entre os tempos atuais e o período pré-64, que levou à queda de Jango e ao início do regime militar e mesmo o período 1954, que levou ao suicídio de Getúlio Vargas.
Os tempos são outros, é verdade, e há pelo menos duas diferenças fundamentais descartando a possibilidade de um mesmo desfecho: uma  economia sob controle e uma presidência exercida na sua plenitude, sem vácuo de poder. Tirando essas diferenças, a dança é a mesma. A falta de perspectivas da oposição em assumir o poder, ou em desenvolver um discurso propositivo, leva-a a explorar caminhos não-eleitorais. Parte-se, então, para duas estratégias de desestabilização - ambas em pacto com a chamada grande mídia".

Nassif, também se referiu ao julgamento da AP 470 que julga dentre os réus, integrantes da cúpula do PT no Governo Lula. "Com sua postura de não se restringir ao julgamento do "mensalão" em si, mas permitir provocações à presidente da República e a partidos, o STF não cumpre seu papel. Aliás, o STF do pós-golpe foi muito mais democrático do que o atual Supremo", conclui o jornalista.

Sobre o mesmo tema, o renomado jornalista Mauro Santayana (site), em matéria publicada no Jornal  do Brasil, intitulada "O veredicto da História", diz: "Estamos assistindo a uma confusão perigosa no caso da Ação 470, que deveria ser vista como qualquer outra". "Não é a primeira vez que isso ocorre em nosso país. O caso mais clamoroso foi o de Vargas em 1954 — e a analogia procede, apesar da reação de muitos, que não viveram aqueles dias dramáticos, como este colunista viveu. Ainda que as versões sobre o atentado contra Lacerda capenguem no charco da dúvida, a orquestração dos meios de comunicação conservadores, alimentada por recursos forâneos — como documentos posteriores demonstraram — se concentrou em culpar o presidente Vargas.

Hoje em dia fala-se até em golpe branco. O que seria um atentado a própria Democracia, se é que ela realmente existe em sua plenitude no Brasil. A realidade nos comprova que qualquer tipo de autoritarismo e despotismo já não é tolerado por nenhum povo da terra, salvo raríssimas exceções. Não se pode fechar os olhos para o que vem acontecendo com governos ditatoriais do outro lado do mundo, no Oriente.

É claro como um dia de sol, que a mídia através dos principais canais de informação do país, revistas, jornais, TV, não demonstra nenhuma imparcialidade quando o assunto é poder através da política. Ao contrário, assume despudoradamente as atribuições de um partido político. Através de uma tropa bem aparelhada de colunistas e articulistas, vem produzindo material nem sempre autêntico, de fontes duvidosas, para aniquilar a figura de homens públicos. O alvo preferido é sempre o partido do atual Governo e seus integrantes. Por outro lado, pega leve com os partidos ditos de oposição, seus representantes, e seus aceclas. Como se um lado só tivesse a exclusividade na prática da corrupção, quando sabemos que não é. O que há, é um conluio pernisioso entre poder público e poder privado em todos os partidos. Vide escândalo Cachoeira/Veja/Demóstenes.

Como vimos, antigamente grupos detentores dos principais meios de comunicação também agiam de maneira obscura, buscando favorecer determinado grupo político, tal qual é hoje. O desrespeito com os soberanos preceitos da Democracia e aos direitos constituicionais do cidadão, vem de longe. Tudo é uma questão de poder político. Quem perdeu o "osso", não admite ter perdido para quem dele agora usufrui. E quer resgatá-lo a qualquer custo.
Constate que no julgamento do "mensalão", há uma sutil conotação política em meio a uma fogueira de egos dos senhores ministros. Isso pode ser verificado ainda ontem, principalmente entre o relator e o revisor do processo. Emparedados que estão por uma pressão flagrante, oriunda mais da própria mídia do que da sociedade em si. 

O que se espera entretanto, é que o mesmo denodo, a mesma tenacidade, a mesma vontade de fazer justiça e condenar, aplicadas a este caso, sejam da mesma forma utilizadas daqui pra frente. Casos de corrupção envolvendo novos personagens políticos devem chegar em breve ao Supremo. Se isso não acontecer, a Suprema Corte corre o risco de cair em descrédito. E para a consciência coletiva irá permanecer a crença de que nem todos são iguais perante a Lei. E a própria mídia continuará em sem encargo suspeito de tentar fazer esta separação.  



Imagem:  reprodução/edufal  
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