Reforma da Previdência: 'Projeto previdenciário de militares contradiz discurso de fim de privilégio'
Por Kennedy Alencar, em seu blog - Apresentado ontem [21/03] ao Congresso, o projeto de reforma dos militares, que inclui um aumento de despesas com as Forças Armadas, deve dificultar a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que pretende mudar o sistema de aposentadorias do país.
Na prática, o governo reduziu de R$ 90 bilhões para R$ 10 bilhões a economia que seria feita em 10 anos com mudanças propostas nas regras previdenciárias dos militares. Endureceu, mas amoleceu ao mesmo tempo, concedendo gratificações e novo plano de carreira que praticamente anulam a contribuição dos militares para ajudar a pagar o custo social e econômico da PEC de reforma da Previdência apresentada pelo ministro Paulo Guedes (Economia).
Guedes tem dito que o Congresso precisa entregar a ele mudanças previdenciárias que resultem numa economia de R$ 1 trilhão no prazo de 10 anos. Ora, os R$ 10 bilhões que seriam economizados com as novas regras para os militares significam apenas 1% da montanha de dinheiro que o ministro da Economia demanda no prazo de 10 anos. Ou seja, um sacrifício pífio perante o de toda a sociedade.
Isso contradiz o discurso do governo de que a reforma acabaria com privilégios. Ajuda lobbies de servidores de altas carreiras a tentar manter seus benefícios e a dinamitar a reforma da Previdência como um todo. Também cria mais resistências no Congresso porque, nessa toada, a conta vai acabar sobrando para os trabalhadores da iniciativa privada.
Houve ainda uma barbeiragem política: juntar a reforma dos militares com um presente que significa gastos de cerca de R$ 80 bilhões em 10 anos. O governo deveria ter separado os assuntos. Mas cortou despesas com uma mão e aumentou com a outra. Todo mundo percebeu que Bolsonaro não teve força para cobrar sacrifício dos militares.
Quando começara a governar?
Aliás, Bolsonaro precisa começar a governar. Seu governo erra todo dia. Sua administração arruma problema todo dia. Esses equívocos já resultaram numa queda de popularidade, aferida ontem [21] pelo Ibope. Perda de capital político dificulta a vida de qualquer presidente da República que queira aprovar medidas impopulares no Congresso.
Detalhe: o governo não tem três meses de duração, mas Bolsonaro já desce a ladeira, como escreveu o jornalista José Roberto de Toledo.
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Falta inteligência política
O governo tem feito um esforço danado para perder o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Mais (DEM-RJ). A inabilidade com que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Sergio Moro (Justiça) tratam Maia pode atrapalhar a a provação da reforma ou diminuir a força das alterações pregadas por Paulo Guedes.
Imagem: reprodução

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