segunda-feira, 18 de maio de 2020

PF do Rio vazou informação na época de delegado 'morista'. Por Fernando Brito

Por Fernando Brito, no Tijolaço - A ânsia "morista" da grande mídia tem destacado que Alexandre Ramagem, o preferido de Jair Bolsonaro estaria envolvido na Operação Cadeia Velha, da qual teria se originado a "Furna da Onça", na qual surgiu a investigação sobre a "rachadinha" de Fabrício Queiroz e o gabinete de Flávio Bolsonaro. Calma, porque a história é bem mais complicada.
O aviso de "um delegado da PF" a Flávio Bolsonaro, segundo afirma seus suplente, Paulo Marinho, deu-se em outubro de 2018. Nesta ocasião, Ramagem já estava afastado do Rio de Janeiro há seis meses, porque foi nomeado, em 29 de março de 2018, Coordenador de Recursos Humanos da Diretoria de Gestão de Pessoal do Departamento de Polícia Federal. Deste cargo ele só sairia após as eleições, no dia 29 de outubro, para chefiar a segurança do já então presidente eleito.

Quem chefiava a PF do Rio de Janeiro quando aconteceu o vazamento da informação era, vejam só, o delegado Ricardo Saadi, o mesmo que Bolsonaro - segundo o próprio Moro - queria trocar desde agosto de 2019 e que estava no cargo desde fevereiro de 2018.

Saadi foi, em outubro do ano passado, depois de sair da chefia da PF no Rio, nomeado Chefe do Serviço de Repressão a Crimes Financeiros da Coordenação de Repressão à Lavagem de Dinheiro da Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção e Lavagem de Dinheiro da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, um cargo que, é claro, não seria preenchido sem a anuência de Sérgio Moro.

Será que o então superintendente não sabia de uma operação que envolvia vários deputados estaduais, inclusive o presidente da Assembleia Legislativa? Será que um caso de tamanha importância não estava, ao menos, ciente de que o caso envolvia um candidato a presidente? 

É bom que se ponha atenção à apuração deste caso. Há sinais de que pode ter havido mais cumplicidade de que de um delegado bolsonarista que resolveu defender o seu "mito". 

Imagem: reprodução/Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

[PF abre investigação sobre denúncia de vazamento de operação para filho de Bolsonaro: "A Polícia Federal anunciou hoje [17] que vai abrir novo procedimento para apurar a denúncia do empresário Paulo Marinho (PSDB/RJ) de que o senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ) teria sido informado com antecedência da operação "Furna de Onça", durante a campanha eleitoral de 2018, que investiga as suspeitas de prática de "Rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro."]

[Policial que vazou informação sobre Queiroz não é Alexandre Ramagem: Na entrevista que o empresário Paulo Marinho deu à repórter Mônica Bergamo, publicada hoje [17] na Folha de S.Paulo, Marinho, ex-colaborador de campanha de Jair Bolsonaro, confirma que, em outubro de 2018, um integrante da Polícia Federal do Rio antecipou aos Bolsonaros que Fabrício Queiroz seria alvo de operação policial no caso da "rachadinha".]

[Conforme se cobrou aqui, Aras determina que PF colha depoimento de Marinho: "O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou que a Polícia Federal colha o depoimento do empresário Paulo Marinho no inquérito já aberto pela Polícia Federal para apurar se o presidente Jair Bolsonaro fez interferências indevidas no comando da própria PF e na Superintendência do órgão no Rio, conforme acusa o ex-ministro Sergio Moro. A abertura do inquérito foi determinada por Celso de Mello, ministro do Supremo, a pedido de Aras. (...) Mas o que foi mesmo que Marinho falou em entrevista a Mônica Bergamo, publicada pela Folha neste domingo? (...)]

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