General Villas Bôas fala de uma cena que nunca aconteceu em livro, diz Elio Gaspari
"VB", como é chamado pelos colegas, rememora sua vida, da infância de Cruz Alta aos dias tensos do impedimento de Dilma Rousseff e da eleição de Jair Bolsonaro.
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O tempo e novas memórias do período lapidarão as lembranças de Villas Bôas.
Num caso, porém, sua memória (revista) falhou feio. Ele conta:
"O presidente Sarney relata que, após a morte de Tancredo Neves, houve uma reunião para deliberar como se processaria a nova sucessão. O deputado Ulysses Guimarães tentou impor sua posição que consistia na realização de um novo pleito. O ministro Leônidas [general Leônidas Pires Gonçalves] posicionou-se no sentido de que, conforme a legislação vigente, o cargo de presidente caberia ao senador Sarney [que havia sido eleito para a Vice-presidência].
Ato contínuo, voltou-se para ele, prestando uma continência disse: 'Boa noite, presidente'. Com o seu arbítrio, o fato estava consumado, o que assegurou uma transição sem percalços".
Sarney nunca relatou isso. Ele vestiu a faixa na manhã de 15 de março de 1985, e Tancredo só morreu no dia 21 de abril.
As incertezas com relação à posse do dia 15 foram desencadeadas na noite da véspera, quando Tancredo foi levado para o Hospital de Base de Brasília, para uma cirurgia de emergência. A posse estava marcada para horas depois. Sarney chegou ao hospital às 21h30.
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A cena contada por Villas Bôas nunca aconteceu. Tancredo não estava morto. Ulysses nunca quis uma nova eleição e sempre defendeu a posse de Sarney. O general Leônidas era formal, mas não dava continência falando ao telefone.
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Via: O Essencial
Imagem; reprodução/Foto: Marcos Corrêa/Wikimedia Commons
['Intolerável e inaceitável', reage Fachin a tuite de general Villas Bôas sobre o STF: "O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin reagiu à revelação feita em livro pelo general Eduardo Villas Bôas, no qual ele relata ter articulado com a cúpula do Exército, em 2018, tuítes que faziam "alerta" ao Supremo, pouco antes de a corte julgar um habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em abril daquele ano, quando os tuítes foram publicados, o plenário do STF negou, por maioria de votos, um pedido apresentado pela defesa de Lula, do qual Fachin era o relator."]
[Fachin reage a tuíte de general com 3 anos de atraso; faça o certo já!: "(...) Não é que, quase três anos depois do famoso tuíte do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, que deu um ultimato ao Supremo para manter Lula na cadeia, o homem decidiu considerar a coisa "intolerável e inaceitável"?
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Pior: mesmo diante da ameaça, Fachin votou, então, para Lula permanecer na cadeia, sabendo que isso contrariava o que dispõe o Inciso LVII do artigo 5º: "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Se ele quiser, lembro também o que está no Artigo 283 do Código de Processo Penal: "Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado." Vale dizer: Fachin e outros cinco - o placar foi deis a cinco - negaram o habeas corpus a Lula e a outros contra o que dispõem a Cata e o CCP. O julgamento se deu no dia 4 de abril de 2018. Os tuítes indignos do general são do dia anterior. (...)"]
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