Quem pode ajudar a delegada? Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Jorge Guaranho e Marcelo Arruda eram dois inimigos famosos de Foz do Iguaçu? Não, não eram. Um devia para o outro, e naquela noite Guaranho e Arruda iriam fazer um acerto de contas a tiros? Também não. Guaranho bateu no carro de Arruda ao manobrar no pátio do clube e isso desencadeou a briga entre os dois? Não. Guaranho é bom motorista.

Arruda torcia para o Coritiba e Guaranho para o Atlético Paranaense, e as desavenças se tornaram violentas? Não se sabe nem se eles gostam ou gostavam de futebol. 

Guaranho e Arruda vinham batendo boca no Whats há muito tempo por causa de uma antiga briga de bar? Não. Eles nunca se viram.

Arruda foi vizinho de Guaranho e certa vez brigou com o outro porque as folhas de uma pitangueira de Guaranho caíam no seu pátio? Não.

Guaranho tinha fama de pregar contra Jesus Cristo, a bandeira, a ordem e a pátria? Nunca.

Então, se não se descobre a motivação, se o assassino era um homem bom, se ele tinha Deus acima de tudo, a solução desse caso fica mesmo muito complicada.

Qual teria sido a motivação, se faltam os tais elementos de prova?

Quem pode ajudar a delegada Camila Cecconello? 

Que motivações diversas nos trouxeram até aqui, quando podemos ficar diante um homem armado sem saber por que ele faz mira na nossa cabeça?

Por que aceitamos os motivos que nos levaram à delação premiada como tortura tolerada no Brasil?

Por que um juiz foi motivado a escutar as conversas de advogados, e depois a hermenêutica explicou tudo?

Que motivações nos resignaram diante da impunidade dos torturadores da ditadura no Brasil? 

Que motivação levou o Brasil a eleger Bolsonaro, com toda a estrutura militar e miliciana que os sustenta?

Que desmotivação nos fez aceitar Bolsonaro durante quase quatro anos de atividades milicianas, crimes, ódio, mentiras e ladroagem?

Imagem: reprodução