quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Eleições 2022: Desinformadores são eleitos para o Legislativo em ao menos seis estados

Por Amanda Ribeiro, Ana Rita Cunha e Luiz Fernando Menezes, em Aos Fatos: Com 3,6 milhões de votos recebidos, 13 dos 23 candidatos que já tiveram publicações desmentidas pelo Aos Fatos garantiram assentos na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e em assembleias legislativas em seis estados. A maioria dos eleitos (9 de 13) é do PL, partido do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro.


Três dos quatro desinformadores citados em reportagem do Aos Fatos que não conseguiram se eleger em 2020 voltaram a disputar as eleições deste ano. Desta vez, um deles, Alan Lopes (PL-RJ), conquistou uma cadeira.


Cinco médicas que ganharam popularidade durante a pandemia de Covid-19 ao desinformar sobre vacinas e tratamento precoce também ficaram de fora: Nise Yamaguchi (Pros-SP), Mayara Pinheiro (PL-CE), Raíssa Soares (PL-BA), Robert Lacerda (PL-RN) e Maria Emília Gadelha (PRTB-SP).


Confira abaixo a lista dos desinformadores que conquistaram cargos públicos no último domingo: 


 - Alan Santos (PL-RJ): citado em cinco textos do Aos Fatos, Lopes difundiu a desinformação de que um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) teria supernotificado mortes por Covid-19. 
Eleito deputado estadual com 42 mil votos; 

- Bia Kicis (PL-DF): durante o mandato, Kicis espalhou desinformação sobre assuntos que vão da pandemia de Covid-19 ao sistema eleitoral, conforme mostram checagens do Aos Fatos. 
Reeleita deputada federal com 214 mil votos; 

- Carla Zambelli (PL-SP): a parlamentar desinformou sobre uma ampla gama de assuntos ligados à pandemia de Covid-19 e segurança das eleições. 
Reeleita deputada federal com 946 mil votos; 

- Damares Alves (Republicanos-DF): A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, propagadora de desinformações ligadas à ideologia de gênero, foi escolhida senadora do Distrito Federal com 714 mil votos.

- Eduardo Bolsonaro (PL-SP): o filho do presidente Jair Bolsonaro - que, entre outros, desinformou sobre a Covid-19 e usou dados inexistentes para inflar atos em defesa do pai - foi o terceiro deputado federal mais votado de São Paulo, Reeleito deputado federal com 741 mil votos;

- Eduardo Pazuello (PL-RJ): terceiro ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, Pazuello desinformou principalmente sobre o "tratamento precoce" contra a Covid-19. Na CPI da Covid-19, Pazuello mentiu sobre ações do governo na crise de oxigênio em Manaus. Responsável pela diminuição da transparência do Ministério da Saúde. Eleito deputado federal com 205 mil votos;

- Gil Diniz (PL-SP): responsável pela desinformação de que a jornalista Vera Magalhães receberia salário de R$ 500 mil da TV Cultura. Reeleito deputado estadual com 196 mil votos;

- Gustavo Gayer (PL-GO): Propagador de desinformações sobre o voto impresso e que associavam PT e PCC. Gayer também espalhou a informação falsa de que o Ipec e o Instituto Lula funcionavam no mesmo endereço e mentiu sobre dados da Covid-19. Eleito deputado federal com 254 mil votos;

- Gustavo Victorino (Republicanos-RS): Checado por Aos Fatos por afirmar que a Petrobras reservou R$ 200 bilhões antecipadamente para repartir entre acionistas. Eleito deputado estadual com 112 mil votos;

- Magno Malta (PL-ES): O ex-parlamentar, que desinformou durante a pandemia sobre temas como a vacinação e o tratamento precoce, volta ao Senado após alcançar 821 mil votos;

- Osmar Terra (MDB-RS): um dos mais contumazes desinformadores da pandemia, Terra mentiu, por exemplo, ao afirmar que o isolamento social não era eficaz contra a Covid-19. 
Reeleito deputado federal com 103 mil votos;

- Ricardo Salles (PL-SP): ex-ministro do Meio Ambiente, Salles desinformou sobre temas da área ao minimizar as queimadas na Amazônia e o trabalho de fiscalização do governo Bolsonaro, além usar mentiras para negar a existência do aquecimento global.
Eleito deputado federal com 640 mil votos;

- Tomé Abduch (Republicanos-SP): líder do movimento Nas Ruas, durante a campanha ele é citado em uma reportagem do Radar Aos Fatos como um dos responsáveis por pagar anúncios no Facebook com desinformação sobre o sistema eleitoral durante o 7 de setembro deste ano. Eleito deputado estadual com 221 mil votos.

Outros desinformadores, no entanto, não tiveram sucesso:

- Abraham Weintraub (PMDB-SP): ex-ministro da Eduacação que fez declarações enganosas sobre a relação entre armas e violência e que citou informações falsas sobre aposentadoria de professores no Senado. Tentou ser eleito deputado federal, mas conseguiu apenas 4.057 votos;

- Alexander Brasil (PL-SC): o desinformador bolsonarista que divulgou, por exemplo, imagens descontextualizadas do comício de Lula em Florianópolis, teve 20 mil votos e não foi eleito deputado estadual;

- Douglas Garcia (Republicanos-SP): deputado estadual responsável por disseminar a desinformação sobre o salário de Vera Magalhães. Recebeu 24 mil votos e não foi eleito deputado federal; 

- Lisboa (PL-SP): o youtuber do Vlog do Lisboa, que foi punido pelo TSE por disseminar desinformação sobre o voto impresso, teve 25 mil votos e não foi eleito para o cargo de deputado federal;

- Maria Emília Gadelha (PRTB-SP): médica defensora da ozonioterapia que desinformou sobre as vacinas de HPV e de Covid-19, também não conseguiu ser eleita deputada federal. Ela teve 14 mil votos;

- Mayara Pinheiro (PL-CE): ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, a autodenominada "Capitã Cloroquina" conseguiu 72 mil votos, insuficientes para conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados;

- Nise Yamaguchi (Pros-SP): outra personagem da CPI da Covid-19 checada pelo Aos Fatos que não conseguiu se eleger. Ela pleiteava o cargo de deputada federal, mas os 36 mil votos recebidos não foram suficientes;

- Rafael Zucco (PL-SP): autor da postagem que associava a queda no número de casos de Covid-19 às praias lotadas, fracassou em uma eleição pela segunda vez. Teve 25 mil votos e não conseguiu o cargo de deputado estadual;

- Raíssa Soares (PL-BA): um dos principais nomes da defesa da cloroquina. Foi candidata ao Senado, mas terminou em terceiro lugar, com cerca de 1 milhão de votos;

- Roberta Lacerda (PL-RN): a médica, que teve o perfil suspenso no Twitter e vídeos excluídos no YouTuber após relacionar casos de câncer à vacinação, teve 14 mil votos e não conseguiu se eleger deputada federal.

Imagem: reprodução/Facebook

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