terça-feira, 11 de junho de 2013

Bob Fernandes: debate ideológico na escuridão, e o silêncio do PT






Bob Fernandes/ Debate ideológico na escuridão, e o PT se cala

Queda de 8 pontos na avaliação de bom e ótimo para o governo Dilma. O ruim e péssimo de Haddad sobe de 14% para 21%. Dilma ainda tem 57% de ótimo ou bom. É muito, mas a queda é óbvia.
Pesquisadores atribuem à economia, mas é mais do que isso. Se o chamado"mensalão" foi caixa 2 ou maracutia, conta pouco para efeito de análise.O fato é que o episódio, e o julgamento, tiraram do PT a primazia do discurso ético.

Como é fato também que esse discurso moral, ou moralista, não cabe na boca de nenhum dos grandes partidos. Quem conhece as entranhas de campanhas e partidos sabe que esse discurso é hipócrita e mentiroso.
Mas o discurso ético não foi a única perda do PT. Outras vêm sendo impostas sob silêncio cúmplice. E pouco inteligente.

Direitos da mulher sobre seu corpo. Direitos dos homossexuais. Direitos dos índios, à parte a ação de aproveitadores. Meio ambiente, à parte a ação de oportunistas. Estes, entre muitos outros, sempre foram temas caros ao PT.
Temas que mobilizaram, ao menos, grupos sociais e lideranças que criaram o Partido. Em nome da manutenção do Poder, agora e já há tempos o que se têm é silêncio e submissão.
Uma ou outra ação isolada, uma ou outra opinião solteira. De resto, falta discurso incisivo, inexiste ação coordenada e objetiva. Predomina o temor de se indispor. De enfrentar conservadores ruidosos, gente com dinheiro e mídia fácil.

Da presidência ou do parlamento, das lideranças, não se ouve, não se tem reação à óbvia onda conservadora. Como se tudo se resumisse à economia. Como se esse silêncio cúmplice não levasse à progressiva desmobilização.
E o pior é que o silêncio sobre temas polêmicos é generalizado, inclui principais partidos e candidatos . Aborto, cotas, direitos civis, maioridade penal, índios...

O que hoje teriam a dizer sobre tais temas a presidente Dilma, os pré-candidatos Eduardo Campos e Aécio Neves? Marina Silva, a quem atribuem posições conservadoras, certamente também tem o que dizer a respeito.
Até aqui, todos seguem o roteiro da política à brasileira: não entrar em bola dividida; ficar no muro até que se tenha clareza de para onde caminham os eleitores. O que se tem, de candidatos e partidos, é slogans marqueteiros.

O prêmio que buscam é a manutenção, a tomada ou a retomada do Poder. Partidos e candidatos esperam pela economia. Uns torcendo a favor, outros secando. O custo do silêncio e do muro é a ausência do debate de ideias. Do debate ideológico.
Em ambientes como esse costuma se impor o que há de mais atrasado. Quando o debate não acontece às claras, à esquerda e à direita, o que sobra, o que prevalece, é a escuridão.


Canal: Jornal da Gazeta


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