sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Militares devem escapar da reforma da Previdência

O flagrante lobby exercido por integrantes das forças armadas para que os militares fiquem de fora da reforma da Previdência, tem causado grande preocupação a integrantes da equipe econômica e também em boa parte da ala política do governo. Tamanha é a influência dos militares na gestão do governo Bolsonaro, que assessores do ministro da economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil Onix Lorenzoni, já admitem a possibilidade dos militares ficarem de fora da reforma da Previdência.
"Se a movimentação fosse apenas de bastidor, poderíamos tentar convencer o presidente da necessidade de mudar as regras que levam os militares a reserva. Mas o lobby é explícito, e o fato de o presidente não se manifestar é uma preocupação maior", disse um assessor de Guedes.

"Bolsonaro deixou claro durante a campanha que não era favorável às mudanças nas normas para a passagem dos militares para a reserva. Mas ainda não se manifestou depois que assumiu o cargo. Esse silêncio é o maior problema e indica que os militares podem ficar de fora da reforma", afirmou um assessor de Lorenzoni. 

A preocupação dos técnicos do governo se justifica no fato de que o rombo na Previdência causado pelos militares cresce muito mais rápido do que o dos servidores civis. Segundo dados do Tesouro Nacional, o déficit chegou a R$ 40,5 bilhões em novembro de 2108. Uma alta de 13% em relação aos mesmo período de 2017. As receitas para custar a passagem dos militares para a reserva totalizaram apenas R$ 2,1 bilhões, e as despesas foram de R$ 42,6 bilhões. No caso dos servidores civis, o rombo previdenciário cresceu 5,22%, levando em conta a mesma comparação. E o déficit do INSS em relação aos segurados do setor privado teve alta de 7,4%. 

Igual preocupação é verificada também entre parlamentares civis do PSL, partido do presidente eleito. Caso os militares fiquem de fora da reforma, alguns avaliam que o governo perde parte do apoio popular que elegeu Bolsonaro. "Bolsonaro não foi eleito apenas por militares e seus familiares. O voto em Bolsonaro foi um recado para acabar com privilégios e benefícios, inclusive de integrantes das Forças Armadas", disse um parlamentar do PSL.

Se por um lado o ministro da Economia, Paulo Guedes, alerta para a necessidade de uma reforma que contemple reduzir desigualdades, de outro, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o ministro de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, são contra a inclusão dos militares no texto que será enviado ao Congresso. "Militar é uma categoria muito marcante, de farda. Militares, policiais, agentes penitenciários, Judiciário, Legislativo, Ministério Público possuem características especiais, que têm de ser consideradas e discutidas", disse Santos Cruz. Durante o discurso na passagem do comando da Marinha, no Clube Naval, em Brasília, Azevedo e Silva mais uma vez defendeu que os militares fiquem fora da reforma da Previdência. 

O novo comandante do Exército, Edson Pujol, que recebeu o cargo do general Eduardo Villas Bôas nesta sexta-feira (11), também assumiu uma postura defensiva em relação à reforma. "Olha, a nossa intenção, minha como comandante do Exército, é que nós não devemos modificar o nosso sistema (de aposentadoria). Se perguntassem a minha opinião , como comandante do Exército", justificando que "os militares sempre se sacrificaram em prol do Brasil". No entanto, reconheceu que o país precisa passar por ajustes econômicos.

Fonte: Uol/Correio Brasilienze
Imagem: reprodução/Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
   
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