quinta-feira, 23 de junho de 2022

Malafaia defende Milton Ribeiro após prisão: "Foi ele que denunciou suspeita de envolvimento de pastores"

Por Getúlio Xavier, em Carta Expressa: O pastor bolsonarista Silas Malafaia saiu em defesa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que teve sua prisão decretada nas primeiras horas da manhã por suspeitas no envolvimento de um esquema de corrupção no MEC. Em vídeo publicado nas redes sociais na noite desta quarta-feira 22, Malafaia afirmou ver ‘fatos estranhos’ na detenção de Ribeiro pela Polícia Federal.

www.seuguara.com.br?Malafaia/Milton Ribeiro/

 “Há algumas coisas estranhas nessas prisões. Foi o ministro que denunciou à CGU [Controladoria-Geral da União] que suspeitava do envolvimento de pastores em corrupção. Foi ele, o Milton!”, defende Malafaia em um trecho.

A afirmação do bolsonarista, na realidade, está distorcida. As primeiras suspeitas de corrupção no MEC surgem em agosto de 2021 a partir de denúncias internas de advogados servidores da Advocacia-Geral da União que prestavam consultoria jurídica ao ministério.


Algumas destas suspeitas, na época, vazaram para a imprensa e, a partir delas, novos escândalos foram sendo revelados. A CGU só encaminhou denúncia à PF e ao Ministério Público após sete meses do início da apuração preliminar em meio a avalanche de divulgações de suspeitas envolvendo Ribeiro e os pastores. Ribeiro, por sua vez, manteve íntima relação com os pastores mesmo após as primeiras divulgações. Na ocasião, chegou a dizer que manteve as agendas para ‘não levantar suspeitas’. Versão desmentida por registros dos próprios encontros do ex-ministro com os lobistas.


“Tem outro fato: se estão presos por suspeita de corrupção, cada os prefeitos? Não tem prefeito suspeito? Corromperam quem? A PF não pediu a prisão de prefeitos, como que é isso? Estranho não é?”, questiona em seguida o pastor em defesa de Milton.


Apesar de fazer a defesa, o líder religioso tratou também de desvincular seu nome ao de Ribeiro e Gilmar Santos, o pastor preso na operação desta quarta-feira suspeito de organizar o esquema de propina com verbas da Educação. Conforme defendeu no vídeo, ele e a bancada evangélica, a qual é ligado, não teriam qualquer ligação com a indicação do ex-ministro para o cargo.


“Se tem alguém que tem moral pra falar do assunto sou eu. Eu pedi investigação profunda na época. Eu pedi junto da bancada evangélica o afastamento do ministro para se apurar profundamente”, disse logo no início da publicação.

Mais adiante então reforça: “Nem Damares [Alves] nem Milton foram indicações de pastores evangélicos ou da bancada evangélica. Foi do próprio presidente. Nós denunciamos e nós queremos investigação séria, doa a quem doer.”


Malafaia, um dos mais influentes conselheiros de Jair Bolsonaro, aproveitou ainda a publicação desta quarta-feira para defender seu aliado. Segundo disse no vídeo, o presidente, apesar de ser o responsável pela indicação de Ribeiro e apontado no áudio do ministro como fiador do esquema de propinas no MEC, não poderia ser classificado como corrupto. Para defender o ex-capitão, proferiu diversos ataques ao PT, ao ex-presidente Lula e à imprensa brasileira.


“Querer comparar corrupção de governo Lula com governo Bolsonaro só pode ser piada. Olha o jornalismo bandido e sectário, sete matérias n’O Globo sobre o assunto. A cereja do bolo: Bolsonaro perde o discurso de combate à corrupção. Só pode ser brincadeira!”, vociferou.

“Bolsonaro está envolvido em que? Foi incriminado em que?”, questionou após os ataques a Lula.


Imagem: reprodução

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[Milton Ribeiro deixa carceragem da PF: "O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro deixou a carceragem da Polícia Federal de São Paulo, na zona oeste da cidade, na tarde desta quinta-feira (23). O pastor foi solto por volta das 15h, após a decisão do desembargador Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), que ordenou a soltura dele e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura." (...)]


[Evangélicos se descolam de Milton Ribeiro e seguem na defesa de Bolsonaro: "A bancada evangélica quer isolar politicamente a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana, e dos pastores-lobistas Arilton Moura e Gilmar Santos, da Assembleia de Deus Cristo Para Todos. Aliada de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, a Frente Parlamentar Evangélica admite o desgaste que o escândalo traz para a campanha à reeleição. Seus integrantes se dizem "constrangidos" com o caso protagonizado por evangélicos, mas pretendem manter o apoio a Bolsonaro e ajudar na reação do Planalto, temerosos com a repercussão negativa entre os fiéis." (...)]


[Delegado aponta 'interferência' no caso Milton Ribeiro, e PF manda abrir apuração interna: "(...) Na nota, a PF não esclarece o que seria a "possível interferência. 

"Considerando boatos de possível interferência na execução da Operação Acesso Pago e objetivando garantir a autonomia e a independência funcional do Delegado de Polícia Federal, conforme garante a Lei nº 12.830/2013, informamos que foi determinada a instauração de procedimento apuratório para verificar a eventual ocorrência de interferência, buscando o total esclarecimento dos fatos", diz o texto da nota."

"Mas, em mensagem interna a colegas da PF, o delegado Bruno Callandrini disse que houve "decisão superior" para que Ribeiro não fosse transferido para Brasília, conforme determinação judicial emitida quarta-feira por um juiz federal. A TV Globo teve acesso à mensagem (leia a íntegra mais abaixo), depois de o jornal "Folha de S.Paulo" ter publicado a informação."]

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