Por que os golpistas temem o novo governo e as instituições. Por Moisés Mendes
A orientação, difundida pelos líderes do golpe em grupos de zap de tios e tias, é essa: tenham fé e não desistam porque não há o que temer.
Não há um grandão punido desde muito antes da eleição. Nada. Nenhum fascistão foi enquadrado. Só a chinelagem do golpe, alguns caminhoneiros e nada mais.
Prenderam arruaceiros, multaram quem bloqueou estradas, abriram inquéritos contra mandaletes do golpe, mas não há nada contra formuladores, líderes e financiadores do golpe.
Nada, nada, nada. Nunca houve nada e por isso eles acham que nada acontecerá contra os poderosos que articulam as ações criminosas contra a eleição, o Supremo e a Constituição.
Assim tem sido. Tudo é feito em nome da liberdade de expressão. Tentam destruir a democracia em nome das liberdades. Sempre foi assim e assim continuará sendo, enquanto eles estiverem impunes.
Há consenso entre os que tentam compreender o fenômeno do golpe: a ideologia não é a principal força a inspirar e mobilizar o golpismo. A maioria nem sabe o que é ideologia.
Não devem ser poucos os casos em que a ação é um gesto desesperado de quem não quer ser confrontado com a lei e as instituições a partir da posse de Lula.
O golpista grandão é muitas vezes alguém com problemas sérios a resolver. Um governo republicano irá interromper ou adiar soluções que os esquemas de Bolsonaro encontraram para essa gente dentro do Planalto e no seu entorno.
Tem golpista enredado em questões fiscais. Tem golpista comprovadamente sonegador. Tem golpista envolvido em negociações espúrias com o governo, em todas as áreas, e tem golpista bandido, como os garimpeiros, grileiros e contrabandistas da Amazônia.
O golpismo de rua, que mobiliza patriotas, nem sabe direito de que forma é usado por gente com muito dinheiro que não quer perder o que ganhou com a proteção de Bolsonaro e dos militares que tutelam o governo.
É gente que tem um governo que abra gavetas e um sistema de Justiça que volte a funcionar, não plenamente, mas pelo menos sem os temores provocados pelo fascismo.
Vamos repetir, porque merece ser repetido. É agora que o sistema de Justiça terá de responder ao ministro Gilmar Mendes sobre as autoridades sem brio.
A partir de janeiro, golpistas com problemas que o bolsonarismo abafou serão confrontados com privilégios que configuram delitos graves.
É o que se espera. A impunidade que veio até aqui e que poupou muita gente terá de ser enfrentada. Vão ter que achar brio em algum lugar.
Imagem: reprodução

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