Impacto das redes sociais nas eleições dependerá do 'olho vivo' da Justiça
Em 2018, Jair Bolsonaro (PL) se elegeu apesar de ter poucos segundos na propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV no primeiro turno. Além disso, muitos candidatos que não haviam disputado um cargo público se elegeram aproveitando a notoriedade angariada nas redes sociais e a onda contrária à política tradicional.
Para este ano, a situação não é diferente. Recente pesquisa do Datafolha apontou que para 60% dos eleitores, a circulação de notícias falsas em aplicativos de mensagens e em redes sociais pode influenciar muito o resultado da eleições deste ano. Outros 22% acham que deve impactar um pouco, 15% dizem que não vai interferir e 3% não souberam responder. No total, 84% dos participantes do levantamento têm conta em alguma plataforma digital, sendo 82% no WhatsApp, 61% no Facebook, 56% no Instagram, 30% no TikTok, 20% no Telegram e 16% no Twitter.
Acordo
A diferença nas eleições de outubro é que a Justiça está muito mais atenta a essa movimentação. Tanto que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fechou acordo com as plataformas digitais para combater a desinformação e a disseminação de notícias falsas que possam atingir as eleições de outubro. Inicialmente, fizeram parte do acordo Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Intagram, YouTube e Kwai.
O Telegram, que a princípio ignorou as notificações da Corte, mudou de postura depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou, no dia 18 de março, a suspensão do aplicativo de mensagens no País. A decisão atende a um pedido da Polícia Federal e foi motivada pelo descumprimento de ordens judiciais pelo Telegram. Moraes revogou a decisão dias depois, após a empresa se comprometer a cumprir as determinações judiciais e adotar medidas contra "fake news" e discurso de ódio.
Fiscalização - Para o professor de Jornalismo Digital da Universidade de Brasília (UnB), Zanei Barcelos, o Judiciário mandou um recado às plataformas. "Com o caso do Telegram, a Justiça Eleitoral sinalizou que a internet, o espaço público digital, não é terra de ninguém", avalia.
Segundo ele, a tendência é que o cenário de 2018 se repita, mesmo com os esforções na Justiça. Vai depender muito da atuação da fiscalização do Judiciário. De vontade política. O Judiciário está sendo a grande força para a contenção das forças antidemocráticas", explica. "Só que isso não vai impedir a formação de bolhas no WhatsApp. Se não houver denúncia, como é que vai fiscalizar milhões de grupos?", aponta.
Segundo ele, essa fiscalização é muito difícil diante da capilaridade das redes sociais e do volume imenso de informações. "Teremos também o risco de alguma bomba um dia antes da eleição que surge. Se a Justiça conseguirá agir a tempo. "É difícil. Vai ter que esperar para ver se vai funcionar", afirma.
Imagem: reprodução/Foto: Franklin de Freitas

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