Silas Malafaia usa tática bolsonarista contra Bolsonaro
Acontece que o adversário venceu, contrariando as apostas, profecias e a militância desses pastores. Como as acusações do período eleitoral, obviamente, não eram sérias, e como estar perto do poder rende benefícios que esses religiosos não querem abrir mão, os mesmos que demonizaram Lula e o PT agora tentam uma aproximação com o futuro governo.
Essa aproximação, porém, tem encontrado um grande obstáculo: os fiéis radicalizados. Afinal, depois de tanta campanha por parte desses pastores, parte dos evangélicos acham mesmo que "não é possível ser cristão e de esquerda", que "Lula é a representação do mal" e a eleição foi uma "guerra espiritual".
Muitos estão, inclusive, participando dos atos antidemocráticos que tomaram estradas e, agora, povoam portas de quartéis.
Frente a esse quadro, esses pastores pedem tempo para conseguirem mudar o discurso e a abordagens das igrejas em relação a Lula e o PT. Mas esse tempo seria bem mais curto se Bolsonaro aceitasse a derrota e agisse para desradicalizar sua base. Como o ainda presidente age no sentido contrário, coloca em maus lençóis qualquer movimento dos pastores no sentido da desradicalização.
O que Malafaia fez semana passada, dizendo que o presidente tem a caneta e deveria "chamar logo os militares para pôr ordem no país" parece ser, ao contrário de uma sinalização de apoio, um ultimato: "mostre logo que você não pode fazer isso e nos deixe negociar com o novo governo!".
Ao fazê-lo, ainda Silas Malafaia pode dizer aos seus: eu bem que tentei, mas o presidente que não quis radicalizar. Culpem a ele.
Uma tática típica do bolsonarismo: inflamar sua base contra os outros.
Imagem: reprodução/Foto: Isac Nóbrega/PR

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