terça-feira, 22 de abril de 2025
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
"Vamos ter orgulho dos nossos artistas", diz Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro
Por Camila Bezerra, no GGN: Horas antes da passagem do ano, milhões de apostadores se reuniram para conferir o sorteio da Mega-Sena da Virada, concurso que dividiu R$ 635 milhões entre oito vencedores. Esta foi a analogia usada por Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz de Drama no último domingo (5), para descrever a sensação de se destacar em um dos principais prêmios do cinema mundial.
"Igual Copa do Mundo, porque esse prêmio é meio Mega Sena acumulada. É Mega Sena acumulada, porque teve a onda da minha mãe, então as pessoas tinham o negócio da revanche, da injustiça", lembrou Fernanda, em entrevista ao programa Estúdio i.
Em 1999, Fernanda Montenegro, mão de Torres, também foi indicada ao Globo de Ouro pela personagem Dora em "Central do Brasil", mas perdeu o troféu de Melhor Atriz de Drama para Cate Blanchett e sua versão da rainha Elizabeth.
Em sua primeira entrevista após o anúncio do prêmio, a Fernanda aproveitou o gancho para enaltecer a arte brasileira e a importância do setor. "Espero que [o prêmio] ajude a fortalecer o cinema, o teatro, a arte no Brasil. Vamos ter orgulho dos nossos artistas, dos nossos escritores, sabe? É um pouco isso. Acho que o filme [Ainda Estou Aqui] trouxe isso de volta. Claro que tudo isso sé se move com investimento."
Sobre a sensação de receber o reconhecimento, Fernanda afirmou que se sentia como se estivesse em Marte. "Fui andando no corredor e fui vendo aquelas pessoas que vi a vida inteira no cinema. E aí, tive que fazer um discurso que nem eu via desde pequena as pessoas fazendo em inglês. Aí, eu fui lá para trás e você fica dando entrevistas com a Viola Davis do meu lado. Eu tenho a sensação de que estou numa realidade paralela."
Mas quando questionada sobre a possibilidade de investir em uma carreira internacional, a atriz se mostra realista. "Não separo carreira internacional de carreira nacional. Se tiver uma coisa legal para fazer, com um diretor bacana, e se deu der conta, vou amar. Mas a minha base é o Brasil. Eu não tenho nem mais idade para ir a Los Angeles tentar minha vida com esse corpinho de 59 anos".
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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Vídeo: Regina Duarte choca com opinião sobre Ainda Estou Aqui
domingo, 15 de dezembro de 2024
Carta para Fernanda Torres: um Oscar pela democracia. Por Chamil Chade
Por Jamil Chade, em sua coluna no UOL:
Querida Fernanda Torres,
A democracia vive uma encruzilhada. Cabe, a cada um de nós, uma reavaliação profunda de nossos papéis sociais e assumir que seremos cobrados pela história quando, no futuro, perguntarem ondes estavam aquelas pessoas enquanto avanços obtidos ao lingo dos séculos eram ameaçados.
O teu lugar nós já sabemos qual será: a do Oscar da democracia.
Em "Ainda estou aqui", você não é apenas nossa história ou a atriz que encarna o papel de uma mulher extraordinária. Você coloca no centro o debate sobre o que ocorre com uma família quando a arbitrariedade do autoritarismo vinga.
E, hoje, isso dispensa tradução em línguas estrangeiras.
Num mundo onde a extrema direita avança e o espaço cívico encolhe, "Ainda estou aqui" é uma declaração de amor à resistência e à construção da democracia por cada um de nós.
Ao percorrer cidades no exterior para a estreia do filme, você e Walter Salles estão mandando uma mensagem poderosa ao mundo de que, numa democracia, a anistia não é o caminho para a paz social. Os criminosos estão vivos, assim como a impunidade. Um dos torturadores chegou a receber 26 medalhas ao longo de sua carreira militar. Juntos, eles custam hoje aos cofres públicos mais de 1 milhão de reais por ano em pensões.
Em cada sessão que serve como uma espécie de antídoto à onda autoritária, vocês estão confrontando populistas, charlatães e vendedores de ilusão do século 21 ao afirmar que a democracia ainda está aqui. E que lutaremos por ela.
A resistência é a insistência de Eunice em fazer com que, diante do fotógrafo, todos estejam sorrindo. Algo insuportável aos autoritários.
A resistência é nosso intransigente dever de memória, inclusive como homenagem a quem a perdeu.
Te escrevo, portanto, apenas para deixar meu modesto agradecimento, em forma de carta. E dizer que, olhando daqui de fora, constato como vocês transformaram o livro do querido Marcelo Rubens Paiva num enredo universal da liberdade, aquela palavra "que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique, e não há ninguém que não entenda".
Saudações democráticas,
Jamil Chade
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