domingo, 26 de junho de 2016

Política: Os contratos milionários sem licitação da Consist com gestões tucanas

Por Patricia Faermann, no Jornal GGN - "A Operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato que prendeu o ex-ministro Paulo Bernardo, nesta quinta-feira (23), revelou um esquema de corrupção na contratação da empresa Consist Software Ltda, entre os anos de 2009 e 2010, pelo governo federal para gerenciar empréstimos consignados de servidores públicos. O esquema que movimentou cerca de R$ 100 milhões consistia no pagamento de R$ 1 à Consist para cada parcela paga pelos servidores. A empresa teria ficado com 30% do desvio e outros 70% seriam repassados a envolvidos indicados por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.



O GGN apurou que os contratos públicos com a Consist Software não começaram em 2009 e tampouco a nível federal. Foi o então prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), em 2005, que trouxe a companhia para o rol de licitações e contratos, levando a empresa, ainda, para a gestão tucana a nível estadual, nos anos de 2007 a 2010.

São os registros nos Diários Oficiais que contam as histórias.

No último ano da gestão de José Serra na Prefeitura de São Paulo e às vésperas de seu mandato no governo estadual, a Consist Software Ltda. aparece no Diário Oficial do Estado como a empresa contratada para o direito de uso de um software, por R$ 1.682.971,68, descrita na modalidade "inexigibilidade de licitação".

O tipo de modalidade é a que desobriga a Poder Executivo a realizar concorrência ou processo de licitação com outras empresas. A única justificativa para essa modalidade é quando não há competidores. A contratação foi publicada no dia 19 de abril de 2006.



No dia 4 de janeiro de 2007, o Diário Oficial Empresarial de São Paulo traz outras novidades positivas para a Consist. A empresa conseguiu fechar outros dois contratos, em outubro de 2006, com a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo.

O primeiro deles, para a prestação de "Upgrade e Suporte Técnico com manutenção de produto para ambiente IBM 2064-2C3", um serviço que teria vigência de dois anos e, novamente, na modalidade de contratação que elimina a possibilidade de concorrência de outras empresas interessadas. O valor fechado foi de R$ 1.320.779,52.

No segundo, publicado na mesma página do Diário, era para prestar serviço similar, mas para outros produtos. O valor foi quase seis vezes maior: um contrato de dois anos por R$ 6.807.401,76.



No dia 27 de março de 2007, a Companhia de Processamento de Dados do Estado modificou o tipo de concorrência, desta vez, para um pregão. O Serviço era outro: "Aquisição de cessão de licença de uso permanente de Software para Solução de Disseminação de Informação para 2 mil usuários, serviços de instalação, treinamento e suporte telefônico". A ganhadora, curiosamente, foi a Consist Software Ltda, por oferecer o menor preço: R$ 45 mil.



Naquele mesmo mês, os diários oficiais, agora na seção Legislativa, divulgaram uma investigação contra um dos contratos fechados com a Consist em outubro de 2006: aquele que a empresa angariou mais de R$ 6 milhões. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo questionava justamente a modalidade "inexigibilidade de Licitação" para o contrato milionário.

O resultado do julgamento, no dia 20 de março de 2007, foram os votos favoráveis do relator Robson Marinho, do presidente Fulvio Julião Biazzi e do conselheiro Renato Martins Costa, que consideraram "regulares a declaração de inexigibilidade de licitação e o contrato, bem como legais os atos determinativos das correspondentes despesas".



Mas os registros nos Diários Oficiais são apenas um recorte da história. A Consist Software atuou entre 1994 e 2012 em contratos diretos com órgãos ligados ao governo do estadual sem nenhuma licitação, obtendo um montante de mais de R$ 100 milhões. Além da PRODESP, foram fechados contratos com a Companhia Energética do Estado de São Paulo e com o extinto banco Nossa Caixa.

Meras coincidências?

Paulo Bernardo foi preso preventivamente por comandar o Ministério do Planejamento, quando teria ocorrido os desvios da contratação da empresa para gerir o crédito consignado de funcionários públicos federais com bancos privados. Paulo Bernardo teria recebido 80% dos R$ 7 milhões de recursos desviados pela Consist ao escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves, jurídico da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que também teve pedido de prisão decretada.

Os investigadores deflagraram a Operação Custo Brasil, após a delação premiada do ex-vereador do PT, Alexandre Romano, preso em agosto de 2015, na fase Pixuleco II da Lava Jato, por suspeita de operar o pagamento de propinas no caso. A delação foi realizada no âmbito da 6ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.

Também sustentaram as investigações os depoimentos do empresário Milton Pascowitch ao Ministério Público Federal (MPF). Além dele, foi a delação do ex-petista Delcídio do Amaral, em abril deste ano, que em posição de revanche aos filiados reforçou a tese de responsabilidade à Paulo Bernardo.

Se, por um lado, as investigações desta fase indicam como a Consist atuava junto ao Poder Público na esfera federal, não sobram dúvidas sobre as semelhanças aos esquemas de contratações com o nível estadual e municipal tucanos, durante a gestão de José Serra.

A Consist foi investigada, neste atual desdobramento da Lava Jato, por receber montantes referentes a gestão de softwares a servidores públicos. A nível federal, os contratantes eram a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e o  Sindicato Nacional das Empresas Abertas de Previdência Complementar (Sinapp). Nas gestões tucanas em São Paulo, foram a PRODESP (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo).

No acordo fechado pela Consist junto ao Ministério do Planejamento, a empresa poderia gerir o sistema com acesso a dados relativos a mais de 2 milhões de servidores públicos, repassando comissões aos envolvidos e, em contrapartida, a empresa poderia "contratar indiretamente com o poder público sem qualquer procedimento licitatório prévio", apontou o próprio juiz da Lava Jato, Sergio Moro, na fase Pixuleco II, no último ano.

Com um detalhe: a diferença entre o mecanismo de atuação da Consist Software Ltda. nas contratações do governo federal para o estadual e municipal é que estes últimos ocorreram três anos antes do esquema envolvendo membros do PT, mas o possivelmente praticado na gestão PSDB ainda não virou foco de investigação."

Arquivo
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Exclusivo: tabela mostra acordos de senadores para mudar voto do impeachment

Por Kiko Nogueira, no DCM - "O DCM obteve uma tabela de monitoramento dos votos do impeachment no Senado. Ela foi feita na Casa e tem sido usada para medir o humor dos parlamentares que poderiam barrar o impedimento.



A fonte que nos enviou acredita que a planilha serve para mostrar que a ideia de novas eleições, defendida por Dilma, não será determinante no resultado porque “o que está em jogo são outros interesses”.

Um exemplo citado como símbolo desse fisiologismo invencível é o do senador Cristóvam Buarque, que se declarou publicamente arrependido um dia depois de votar pelo afastamento de Dilma.
Quem “imaginava coisas como estas que se viu nas gravações?”, escreveu no Twitter, referindo-se aos grampos de Sérgio Machado.

Encontrou-se na sequência com Dilma. “Serviu pelo menos para uma coisa: para mostrar que não há golpe. Porque fui recebido por ela no Palácio da Alvorada. Até o cafezinho estava quente”, disse ele, que se disse “disposto a conversar com todos os lados” — e é o que tem feito.

Reproduzo o email que recebi:

Um dos principais argumentos daqueles que defendem que a presidenta Dilma Rousseff se comprometa a apoiar a convocação de um plebiscito sobre a antecipação da eleição presidencial é a adesão que ganhou a PEC 20/2016, que trata do tema.

Essa PEC foi apresentada em abril pelo então senador Walter Pinheiro (sem partido-BA), licenciado para ocupar a secretaria de educação do governo da Bahia, e foi subscrita por 29 nomes.

O raciocínio é simples: se Dilma assumir essa proposta, pelo menos 30 senadores votarão contra o impeachment. São necessários 27 votos para que a presidenta eleita volte ao governo. Roberto Requião, por exemplo, é um dos entusiastas da proposta e sempre que se refere à votação afirma que 30 senadores votarão contra o impeachment caso a presidenta eleita anuncie apoio ao plebiscito.

Ao analisar a movimentação dos senadores que subscreveram a PEC, que garantiriam um patamar mínimo de votos contra o impeachment, o que se observa é que a maior parte deles está no balcão de negócios do governo golpista de Michel Temer, embora parte mantenha interlocução com interlocutores da presidenta Dilma.

Essas conversas, embora poucos admitam em público, mas admitam nos corredores do Senado, giram em torno do que ganharão caso votem contra o impeachment. Parte desses mesmos parlamentares mantêm conversas com Temer e muitos deles já contemplaram parte das suas demandas.

Na tabela abaixo, está a lista dos senadores que subscreveram a PEC 20/2016. Na segunda coluna, estão os 13 senadores mais ideológicos com compromisso com a esquerda, que votarão contra o impeachment de qualquer maneira.

Na terceira coluna, estão os senadores de centro e direita. Ao lado, o que cada um está negociando. A saber, nela estão três senadores que, no momento em que o projeto foi apresentado, não exerciam o cargo (Kátia Abreu e Armando Monteiro Neto, então ministros, e Roberto Muniz, suplente de Pinheiro).

A conclusão a que chegamos é que, independentemente da proposta de antecipação da eleição, o que está em jogo são outros interesses. A questão de apoiar — ou não — uma nova eleição não será um fator determinante no resultado final da votação."

Clique aqui para acessar a tabela e o restante da matéria.

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sábado, 25 de junho de 2016

TV Vila Velha: Entrevista sobre o processo de adoção

João Barbiero, apresentador do programa JB Urgente do Canal 16 da TV Vila Velha-Ponta Grossa (PR), entrevista as assistentes sociais Jucelaine Sequinel e Priscila Primo. As profissionais, que atuam na Vara da Infância e Juventude do município, responderam várias questões relativas ao processo de adoção. Em Ponta Grossa existem mais de uma centena de casais na fila de espera para adotar uma criança. No Estado, são milhares.
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1,6 milhão de trabalhadores ainda não sacaram o PIS/Pasep

Via Jusbrasil - "Pelo menos 1,6 milhão de trabalhadores ainda não foram às agências da Caixa e do Banco do Brasil para sacar o abono salarial de um salário-mínimo (R$ 880) do PIS/Pasep referente ao ano-base 2014. O prazo para resgatar o benefício termina no dia 30 de junho, quinta-feira da semana que vem.



Segundo o último balanço do Ministério do Trabalho, do dia 21 de junho, foram pagos R$ 18,3 bilhões para mais de 22 milhões de trabalhadores, o que corresponde a uma taxa de cobertura de 93,7%.

Têm direito ao benefício os trabalhadores cadastrados no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos e que tenham recebido remuneração mensal média de até dois salários-mínimos, e exercido atividade remunerada durante pelo menos 30 dias em 2014. O empregador também precisa ter relacionado o empregado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) entregue ao Ministério do Trabalho.

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, ressaltou que mais de 1,5 milhão de correspondências foram enviadas a trabalhadores para lembrá-los de sacar o benefício. "O abono salarial é um 14º salário direcionado ao trabalhador de baixa renda”, esclarece o ministro. Os recursos não sacados retornam ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)."

Fonte: brasilgov

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sexta-feira, 24 de junho de 2016

É a política, idiotas

Artigo de Mario Boeira, no Imagem Política - "Quem não é a favor da democracia? Todos são. Até mesmo os tiranos, que a negam na prática, dizem ser a favor. Episódio famoso, que confirma essa tese, se deve ao espírito crítico de Millôr Fernandes, que, convidado para um evento de escritores em Passo Fundo, no período mais negro da ditadura, fez um discurso inflamado sobre liberdade, democracia e direitos humanos. Foi ovacionado de pé pela plateia. Quando os aplausos cessaram, informou que acabara de ler o discurso de posse do general Garrastazu Médici como presidente do Brasil.


Vejam só, o que o dizia o homem que negou com mais veemência os princípios democráticos durante seu governo: “Homem do povo, conheço a sua vocação de liberdade, creio no poder fecundo da liberdade”.

Os gregos de Atenas, a quem a história reserva o direito de ser os inventores da palavra e da prática da democracia, só a permitiam a poucos na sua cidade-estado.

As decisões na grande reunião em praça pública – a Eclésia – eram tomadas apenas pelos homens livres, nascidos em Atenas. Delas, não participavam os estrangeiros (metecos), os escravos, os menores e as mulheres.

Foi somente após as grandes revoluções burguesas, a partir do século XVIII, principalmente na França e na Inglaterra, que este conceito foi parcialmente universalizado.

Surgia a república, com a ideia de representatividade, onde a comunidade através de um processo eleitoral escolhia seus líderes, embora ainda sujeita a restrições importantes, com a exclusão, em muitas sociedades, do voto das mulheres, dos analfabetos e dos despossuídos materialmente, sem contar com os escravos, que não dispunham de nenhum direito.

É sob esse sistema que, com mais eficiência em alguns lugares e menos em outros, vive hoje a maior parte da humanidade: a democracia representativa, onde cada pessoa é um voto e qualquer um – teoricamente – pode chegar ao poder, desde que seja escolhido pelos seus pares.

O poder de uma pessoa ou grupo é transitório e deve ser confirmado tempos em tempos por um processo eleitoral.

Diante desse sistema, se colocam hoje duas possibilidades. Negá-lo, com uma proposta de que alguns grupos – ou uma pessoa – se auto proclamem os representantes da vontade de todos e o exerçam o poder como se escolhidos fossem por outro processo que não o eleitoral.

Caso típico foi a ditadura militar brasileira iniciada em 1964.

A outra possibilidade, é o aprimoramento do atual sistema, retirando dele os entraves que hoje o maculam, como a influência exercida sobre os eleitores pelas mais variadas formas de alienação política.

Seria uma radicalização da democracia. Dentro dessa linha, Tarso Genro, é hoje o único político com representatividade no cenário nacional e intelectualmente preparado, que a defende com coerência e vigor essa linha.

Em seus artigos, infelizmente restritos à veiculação na imprensa alternativa, ele tem defendido a radicalização da democracia brasileira, extremamente ameaçada nos últimos meses pelo golpe desfechado contra o governo da presidente Dilma, pelo poder exagerado assumido pelo poder judiciário e pela corrupção endêmica do Congresso Nacional.

Como Tarso não defende uma revolução social que altere a divisão de classes no Brasil, nem o fim do regime capitalista, podemos dizer, correndo o risco de ser infiel ao pensamento do autor, que o processo de radicalização democrática que ele prega, precisará ser realizado dentro dos quadros políticos atuais, com a efetivação de pelo menos duas medidas: a reforma política, principalmente com fim da intervenção do poder econômico no processo eleitoral através do financiamento estatal das campanhas políticas e a regulação da mídia, com o estabelecimento de um sistema de responsabilidades, que impeça o que ocorre hoje, quando os veículos de comunicação se transformaram em partidos políticos, quase sempre a serviço de causas impopulares.

A grande questão é saber se existe realmente a possibilidade, dentro de uma democracia representativa como a nossa,  de se alcançar estes objetivos (para não falar de outros mais ousados como as reformas agrária e urbana) através dos mecanismos democráticos do chamado estado de direito em que vivemos.

Marx, e quando se fala em política é inevitável não voltar a ele, diz que o sentido verdadeiro da democracia se revela apenas quando ela se liberta do Estado e de toda forma de mediação política.
Para ele, não poderia haver democracia em uma sociedade de classes e a superação dela, começaria com uma proposta aparentemente contraditória, o estabelecimento de uma ditadura provisória de uma maioria da população.

Na visão dele, essa ditadura seria exercida durante algum tempo pelo proletariado, nascido com o advento da dominação burguesa dos meios de produção.

Seria essa classe revolucionária, a única capaz de desconstruir a sociedade capitalista, como a capitalista havia feito com a feudalista e essa, com a escravagista, num processo dialético de teses e antíteses, até se chegar a uma síntese, ainda que também precária, da sociedade comunista.

Todos nós sabemos que a tentativa de dar vida ás teses de Marx, acabaram por fracassar na União Soviética, depois de pouco mais de 70 anos de existência, mas suas teses – na falta de outra teoria – começam novamente a ser discutidas por filósofos e pensadores preocupados com o futuro da humanidade.

A ideia da ditadura do proletariado, proposta por Marx como ponto inicial de uma revolução democrática, parecer hoje superada até mesmo pelo esfacelamento do conceito de proletariado.

Mas, se o proletariado desapareceu como uma classe social homogênea, não desapareceram as incompatibilidades intrínsecas entre os grupos sociais e econômicos que hoje participam do jogo político.

Por isso, é fundamental que os principais jogadores se apresentem para a disputa e façam suas propostas, como está fazendo Tarso Genro.

Na disputa eleitoral entre Clinton e Bush, pai, James Carville, o principal assessor de comunicação de Clinton, explicando as razões para a derrota de Bush, lançou aquele famoso bordão: “ É a economia, idiota”.

Talvez hoje, o que precisa ser dito para todos que pretendem mudar o Brasil e sintam perdidos: o caminho é a política, idiotas."

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Campeonato brasileiro 2016: melhores momentos de cada um dos 10 jogos da 10ª rodada

A 10ª rodada do Campeonato brasileiro 2016 começou na terça-feira (21), com a vitória do Palmeiras sobre o lanterna América-MG, por 2 a 0, no Allianz Parque. E terminou com o empate entre Coritiba e Internacional em 1 a 1. Resultado contra o Coelho manteve o Verdão paulista na liderança do Brasileirão 2016. O empate do Colorado diante do Coxa foi bom para os gaúchos, que se mantiveram na segunda colocação. Ruim para a equipe paranaense que volta para a Zona do rebaixamento.
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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Política: Senado pede ao STF anulação de busca em apartamento funcional de Gleisi Hoffmann


André Richter - Repórter da Agência Brasil - "O Senado Federal recorreu hoje (23) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular os mandados de busca e apreensão cumpridos no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), durante Operação Custo Brasil.



O questionamento foi motivado pela prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, marido da senadora. Pela manhã, Bernardo foi preso no apartamento funcional da parlamentar, em Brasília.

Na petição, a advocacia do Senado sustentou que o juízo da 6ª Vara Federal de São Paulo,

responsável pela operação, não poderia ter determinado o cumprimento dos mandados na residência funcional da senadora, por se tratar de uma extensão das dependências do Senado, cuja atribuição seria da Corte Suprema. Para a Casa, Gleisi foi vítima de uma atuação ilegal.

Violação

“Demonstra-se que houve grave imprudência – senão dolo – na decisão impugnada, que, com plena ciência acerca das repercussões da busca e apreensão para pessoa sujeita ao foro por prerrogativa de função perante o Supremo Tribunal Federal, ainda assim determinou essa diligência – em imóvel dos próprios do Senado Federal, sujeito, portanto, à imunidade de sede constitucional –, em clara violação à regra de competência constitucional do STF”, argumentou o Senado.

Na decisão sobre a busca e apreensão de documentos e a prisão, o juiz Paulo Bueno de Azevedo determinou aos agentes da Polícia Federal que, em função do foro privilegiado, eventuais provas encontradas contra a senadora sejam encaminhadas ao Supremo. No despacho, o magistrado também ressaltou que Gleisi não é investigada e, portanto, a busca no apartamento funcional não é óbice às investigações da primeira instância.

As suspeitas envolvendo Paulo Bernardo surgiram na Operação Lava Jato e foram remetidas ao Supremo. Em setembro do ano passado, a Corte enviou a investigação para a Justiça de São Paulo, por entender que os fatos não fazem parte apuração da Lava Jato.

Operação Custo Brasil

De acordo com a investigação, o ex-ministro Paulo Bernardo recebia recursos de um esquema de fraudes no contrato para gestão de empréstimos consignados no Ministério do Planejamento. Os serviços da Consist Software, contratada para gerir o crédito consignado de servidores públicos federais, eram custeados por uma cobrança de cerca de R$ 1 de cada um dos funcionários públicos que solicitavam o empréstimo. Desse montante, 70% eram desviados para empresas de fachada até chegar aos destinatários, entre eles o ex-ministro.

Em nota, advogados do ex-ministro informaram que o "Ministério do Planejamento se limitou a fazer um acordo de cooperação técnica com associações de entidades bancárias, notadamente a ABBC e SINAPP, não havendo qualquer tipo de contrato público, tampouco dispêndios por parte do órgão público federal. Ainda assim, dentro do Ministério do Planejamento, a responsabilidade pelo acordo de cooperação técnica era da Secretaria de Recursos Humanos e, por não envolver gastos, a questão sequer passou pelo aval do ministro."

Em nota, o PT, que também foi alvo de busca em sua sede nacional em São Paulo, classificou a operação como “desnecessária e midiática”. “O PT, que nada tem a esconder, sempre esteve e está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos”, declarou o partido."

Edição: Armando Cardoso
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“Filial” paulista da Lava Jato reinicia série de prisões políticas

Por Pedro Breier, correspondente de assuntos policiais do Cafezinho - E Miguel do Rosário, editor-chefe do Cafezinho.

"Os portais amanheceram dando manchete para a operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava Jato oriundo de inquérito policial instaurado em São Paulo. Foram expedidos pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo 11 mandados de prisão preventiva, um deles endereçado ao ex-ministro dos governos Lula e Dilma Paulo Bernardo e outro ao Secretário de Gestão do governo Haddad, Valter Correia; 40 mandados de busca e apreensão, tendo como um dos alvos a sede do PT em São Paulo; e 14 mandados de condução coercitiva. Entre os conduzidos coercitivamente (babaquice autoritária que só se usa quando o objetivo é produzir espetáculo midiático e factoide político) estão o jornalista Leonardo Attuch, idealizador do site Brasil 247, e o ex-ministro do governo e braço direito de Dilma Roussef, Carlos Gabas.



Num só tacada, o golpe mata vários coelhos: a prisão ou condução coercitiva de pessoas próximas à Dilma constrange a ex-presidenta e reaquece o clima de golpe no Senado; a prisão de secretário de Haddad dá fôlego aos concorrentes do prefeito nas eleições municipais em São Paulo, maior cidade do país. E a condução coercitiva de Leonardo Attuch é aparentemente uma ação de censura política, por seu trabalho no Brasil 247, considerado pró-petista - e acontece dias depois do governo Temer suspender contratos publicitários já assinados com o site. A truculência, assim como foi a praticada contra Breno Altman, editor do Opera Mundi, ocorrida há alguns meses, tem o objetivo puro e simples de desmoralizar o trabalho do Brasil 247, site que tem veiculado críticas ao governo Temer, ao golpe e ao uso político do Judiciário.

Quebrar as pernas da comunicação antigolpista faz parte, obviamente, da estratégia do golpe, visto que este, para se consolidar socialmente, precisará consolidar sua hegemonia ideológica sobre a opinião pública brasileira. A narrativa do golpe precisa reinar absoluta, sem contestação: para isso trabalham os grandes jornais, os institutos de pesquisa, as redes de televisão. Os blogs críticos devem ser asfixiados; de preferência, fechados.

As matérias repetidas na grande imprensa contra os blogs - de que receberiam tanto dinheiro de publicidade federal - serviram naturalmente a este objetivo.

É preciso deixar Dilma completamente isolada, órfã, indefesa, para facilitar a sua degola final no Senado.

Após a enxurrada de denúncias diárias contra membros do governo Temer, as quais provocaram a queda de três ministros; após a péssima repercussão do golpe na imprensa internacional; e com a permanência da mobilização social dentro e fora do Brasil contra o governo ilegítimo, a Lava Jato, através de sua "filial" em São Paulo, entra em cena novamente para salvar o golpe, desviando o foco do desastroso governo interino, ao fornecer combustível para que a grande imprensa eletrônica, escrita e televisiva alinhe suas manchetes contra PT.

Tanto a prisão preventiva do Paulo Bernardo quanto as conduções coercitivas de Leonardo Attuch e Carlos Gabas são claramente excessivas e desnecessárias, pois são pessoas públicas, com fortes raízes profissionais e familiares no Brasil, e que não tem, evidentemente, interesse em fugir do país. Além disso, se quisessem destruir provas já o teriam feito há muito tempo, e como não são mais integrantes do governo (no caso de Gabas e Bernardo), não possuem meios para interferir nas investigações.

Há, no entanto, uma ironia trágica na prisão de Paulo Bernardo. Como ex-ministro da Comunicação, Bernardo foi um dos pilares da estratégia dilmista de desmontar qualquer estratégia de democratização da mídia. E agora ele é preso pelas forças conspirativas articuladas pela mesma mídia à qual ele se curvou durante seu mandato.

A "filial" da Lava Jato em São Paulo mantém o timing político da sua matriz no Paraná. As conspirações golpistas, que produziram o impeachment e criaram um clima de intolerância e ódio fascista no país, acabam de chocar mais um ovo da serpente, desta vez no Judiciário paulista.
Era esperado: todos os juízes querem ser celebridades como Sergio Moro! Holofotes significam poder, fama e dinheiro.

Quando a coisa começa a ficar feia para o golpismo, a Lava Jato - ou suas filiais - entra em ação para relembrar ao público que o alvo é o PT. Foi assim nas grandes manifestações contra o impeachment que ocorreram antes da votação na Câmara: um dia depois as manchetes tinham como foco a nova operação da Lava Jato. O método se repete no momento em que o governo Temer fica cada vez mais insustentável.

Todas essas ações de hoje integram um dos primeiros capítulos da nossa Noite de São Bartolomeu, já prevista por alguns analistas, ou seja, o início de um sombrio período de caça às bruxas, suspensão de direitos e liberdades, e truculências judiciais apenas vistas em Estado de Exceção.

É importante lembrar que o golpe não é apenas o impeachment. O golpe é, sobretudo, essa atmosfera de suspensão de direitos e garantias, que atinge inclusive (mas não apenas) o direito maior da democracia: a eleição do presidente da república.

Por essa razão, não é prudente comemorar quando o Estado de Exceção atinge o adversário, porque é próprio das conspirações atacarem alvos diversos, com fito de construir unanimidade na opinião pública, condição necessária para produzir uma correlação de forças que as permita desferir seus ataques mais explicitamente políticos e arbitrários."
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Gilmar Mendes: “Se Dilma tivesse cometido crime…” [vídeo]

Do Canal Favela - "Em entrevista ao repórter Wellington Calasans, na Suécia, para o blog Cafezinho, o ministro do STF Gilmar Mendes fez uma confissão constrangedora: a de que a presidente Dilma Rousseff sofre um processo de impeachment sem ter cometido um crime; "Veja, se ela também tivesse cometido o crime, ficasse flagrantemente provado que ela tivesse cometido o crime, e ela tivesse obtido 172 votos, ela também não seria processada", afirmou.


Na Suécia, o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, foi entrevistado pelo blog O Cafezinho e ele afirmou, sobre o impeachment de Dilma, que “o processo é político, se ela tivesse cometido crime[…]” 

O site Nossa Política reproduz de O Cafezinho, a revelação de Gilmar Mendes: Não há crime! Pedaladas às cucuias.

A entrevista é de Wellington Calasans, filmada por Pedro Gomes."




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