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domingo, 10 de julho de 2016

Por que Temer quer matar os sites progressistas?

Por Paulo Nogueira, no DCM - O que realmente incomoda na decisão de Temer de vetar publicidade federal nos sites independentes como o DCM é o grau de hipocrisia e descaro de seus argumentos. Dizer que estes sites, classificados como “políticos”, não têm “interesse público” é tratar a sociedade como um amontoado de imbecis.



Se Temer ousou até romper unilateralmente contratos publicitários com tais sites, uma coisa horrível que a direita vivia dizendo que Lula faria assim que eleito, devia ao menos ter a coragem, a hombridade, a decência de dizer as razões reais.

Elas podem ser resumidas nisso: os sites atingidos são progressistas. Defendem uma visão de mundo nada parecida com a pregada pela mídia tradicional, da Veja à Globo, da Folha ao Estadão. Querem uma sociedade menos injusta, menos manchada por extremos de opulência e de miséria.

Estes sites representem uma parcela expressiva dos brasileiros. Apenas o DCM tem 4 milhões de visitantes únicos por mês. As visualizações estão na casa dos 15 milhões mensais. Em meses mais quentes, já passaram de 20 milhões.

Outros sites são igualmente expressivos, como o Conversa Afiada de Paulo Henrique Amoim, o GGN de Luís Nassif, o 247 de Leonardo Attuch, a Fórum de Renato Rovai, o Tijolaço de Fernando Brito, a Carta Maior de Joaquim Palhares e o Cafezinho de Miguel do Rosário.

Somados, os principais sites progressistas têm cerca de 40 milhões de acessos mensais e 20 milhões de visitantes únicos. É um público que rejeita visceralmente Globo, Abril, Folha, Estado e coisas do gênero.

E é um público que consome — é objeto de atenção, portanto, dos anunciantes, estatais ou não.
Dizer que os sites progressistas são destituídos de interesse público é um insulto a milhões de brasileiros que os leem em busca de algo que não encontram na mídia convencional.

O que Temer está fazendo é tentando, a serviço da plutocracia, suprimir a difusão de ideias que não sejam as que agradam ao chamado 1%.

Há mentiras abjetas neste debate.

Uma delas, propagada pelos comentaristas fâmulos da mídia corporativa, é que são “sites petistas”. Se a Justiça brasileira funcionasse, este tipo de calúnia custaria caro a seus autores.

O DCM, para ficar num caso, jamais teve vínculo nenhum com o PT. Nasceu de um projeto que concebi em Londres, ao entender que havia espaço para um site “escandinavo” no Brasil — um veículo para mostrar que não há motivos para sermos um país tão socialmente injusto. A missão do DCM foi concebida nas sucessivas visitas que fiz à Escandinávia em minha longa temporada de correspondente na Europa.

Chamar os sites progressistas de sites petistas é uma tentativa espúria de desqualificá-los.
A questão da publicidade estatal na era Temer fica ainda mais dramática diante das notícias de que os sites evangélicos poderão receber dinheiro de Brasília.

Sites evangélicos são de interesse público, segundo esta lógica. Mas sites progressistas não. É um argumento que simplesmente não se sustenta.

Lembre-se, sempre, que as corporações jornalísticas sempre foram beneficiadas por bilhões de reais em propaganda federal — uma mamata inominável em que lamentavelmente nem Lula e nem Dilma mexeram.

Verifique a escala das coisas. Apenas a Globo — falamos só da tevê, não das demais mídias dos Marinhos — vem recebendo 600 milhões de reais por ano de publicidade do governo federal.
Todos os sites progressistas em conjunto receberiam 11 milhões de reais em 2016 — se Temer não rompesse unilateralmente os contratos. É uma miséria, uma insignificância — uma cifra 60 vezes menor que a fatia da TV Globo com suas audiências que despencam a cada dia.

A vontade da plutocracia é exterminar os sites progressistas. Isso não vai acontecer — porque o mercado os quer vivos. Eles têm audiência, e isso se traduz em receitas cada vez maiores de uma coisa chamada publicidade programática.

A publicidade programática é um mecanismo cada vez mais usada por grandes anunciantes: eles compram audiência, e isto os sites progressistas têm em quantidade cada vez maior.
A publicidade programática é capaz de, por si só, financiar os sites progressistas.

Temer sonha nos matar a todos. Mas fracassará também nisso — inapelavelmente.

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sábado, 9 de julho de 2016

Política: Imprensa começa a questionar apoio de Temer aos planos de Cunha

Jornal GGN - "O núcleo duro do governo ]de Michel Temer (PMDB) pode tentar negar, mas "o fato é que o interino teve papel de proa na construção da saída de Cunha do cargo". É assim que a Folha de S. Paulo descreve, a exemplo de outros jornais, a participação de Temer na renúncia de Cunha à presidência da Câmara. "Eduardo Cunha só aceitou jogar a toalha sob a promessa de que não seria abandonado pelo governo no dia seguinte."


O jornal não só não escondeu que Temer trabalha ativamente para dar a Cunha o que ele quer em troca da renúncia - um presidente da Câmara que deixe penetrar sua influência na Casa, além de não trabalhar para aprovar sua cassação em plenário - como também publicou um editorial condenando a postura do interino.

Jorge Bastos Moreno, em O Globo, escreveu: "(...) Já passou da hora também de o presidente Michel Temer mostrar à nação que não existe cordão umbilical ligando-o a Cunha."

Há algumas semanas, aliás, o esforço de Temer para atender as demandas de Cunha tem preenchido as páginas de jornais e corrido pela internet sem nenhuma surpresa. "Os rumores sobre a renúncia só deslancharam após uma conversa privada entre Temer e o deputado afastado, há cerca de 15 dias. Foi quando Cunha verbalizou que aceitaria renunciar ao posto na Câmara, desde que tivesse apoio do Planalto para tentar reverter a tendência de cassação do seu mandato."

Temer, além de não despertar a fúria do poderoso aliado, também ganha com a renúncia, pois surge a oportunidade de emplacar um presidente da Câmara próximo à cúpula do PMDB, que não deixe a Casa se fragmentar em votações de interesse do Planalto.

Com sinal verde do presidente interino, Cunha segue com o plano de ganhar uma sobrevida na Casa, mesmo com aliados totalmente descrentes de que ele vai conseguir salvar o mandato.
Na própria quinta (7), após a renúncia, Cunha entrou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com um recurso solicitando que seu processo de cassação volte ao Conselho de Ética para ser votado novamente.

A expectativa é de que o presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB), após conversar com Temer, acolha o pedido de Cunha em decisão unilateral e faça o processo voltar à estaca zero. Tudo isso, claro, após o recesso parlamentar da Câmara, dando mais prazo para Cunha tentar reverter a situação.

Paralelamente, Cunha tenta emplacar Rogério Rosso (PSD) na presidência da Câmara. A eleição deve ocorrer na próxima semana, após um acordo de líderes."

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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Política: Temer retira urgência de pacote anti-corrupção de Dilma

Redação da Revista Forum - "Proposta da presidenta está em tramitação na Câmara desde março de 2015; projeto aborda a criminalização do enriquecimento ilícito e o estabelecimento de sanções a atividades ilícitas relacionadas a prestação de contas de partidos políticos e de campanha eleitoral."



"Depois de uma reunião de líderes da base governista com o presidente interino, Michel Temer, o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), anunciou que será retirada a urgência constitucional de cinco projetos enviados pela presidenta eleita Dilma Rousseff que estavam aguardando votação. Um deles é o pacote anti-corrupção.

A urgência nesses projetos faz com que eles tenham prioridade na hora da votação e podem, inclusive, trancar a pauta, caso não sejam discutidos. Alguns pontos que constam na proposta de Dilma são: a criminalização do enriquecimento ilícito e o estabelecimento de sanções a atividades ilícitas relacionadas a prestação de contas de partido político e de campanha eleitoral.



"Se não retirarmos essas urgências, amanhã não poderemos avançar em matérias consideradas importantes para o governo, como a questão da lei de governança dos fundos [de pensão], no requerimento de urgência [para votação do projeto] de renegociação das dívidas dos estados e, por conta disso, levamos a sugestão ao presidente", afirmou Moura. A previsão é de que a urgência seja retirada nesta quarta-feira (6).

Temer-projetos-corrupção
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/07/1788930-governo-temer-retira-urgencia-de-pacote-anticorrupcao-de-dilma.shtml

O pacote anti-corrupção foi uma iniciativa da presidenta e está em tramitação na Câmara desde março de 2015. Segundo Moura, a retirada de urgência foi conversada com a PGR (Procuradoria Geral da República). O órgão, porém, nega a informação, e diz que o acordo era para destravar a comissão especial que precisa debater o tema e que ainda não foi formada.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a ação. “Eles [o governo] estão querendo tirar a urgência constitucional e mandar os projetos para uma comissão ainda não instalada e que sequer os líderes estão indicando os membros”, disse."

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sábado, 2 de julho de 2016

Política: Temer desencadeia operação para 'ganhar' Renan e evitar surpresas no impeachment

Por Eduardo Maretti, da RBA - "São Paulo - O presidente interino, Michel Temer, desencadeou nas últimas semanas uma “operação” para neutralizar uma possível atuação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cuja postura ambígua indicava que ele seria capaz de reverter alguns votos de senadores que se manifestaram a favor da admissibilidade do impeachment no dia 12 de maio.


Renan, que teria condições de mudar quatro ou cinco votos proferidos contra Dilma Rousseff no Senado, porém, dá sinais claros de uma tendência a se render à pressão política de Michel Temer. O presidente interino está trabalhando com determinação para evitar que a reconhecida influência de Renan provoque surpresas na votação final do impeachment, que o próprio Renan afirmou que deve ser realizada entre 25 e 27 de agosto, portanto depois dos Jogos Olímpicos.

A atuação de Renan contra o impeachment era considerada possível até o início de junho. As relações de Temer e Renan nunca foram as melhores, inclusive porque ambos sempre disputaram posições de liderança dentro do PMDB.

Mas as articulações de Temer para apaziguar os ânimos de Renan teriam começado a surtir efeito a partir do momento em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão do próprio Renan, além do senador Romero Jucá (PMDB-RR), do ex-senador José Sarney (PMDB-AP) e do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no início de junho.

Furioso, Renan se transformou numa bomba em potencial para Temer e sua atuação passou a ser imprevisível. Ele ameaçou pedir o impeachment de Janot. Temer o dissuadiu da ideia e, em seguida, Renan desconversou. “Imagina, quem me conhece sabe que eu não sou de ameaçar”, disse, no dia 21 de junho.

A partir desse momento, já estava desencadeada a operação política pelo presidente provisório, cujo ponto principal foi o de “ganhar” o presidente do Senado. Exemplo disso foi o grande protagonismo dado por Temer ao correligionário na reunião de governadores no dia 20 de junho (um dia antes de Renan desconversar sobre o impeachment de Janot), sob o pretexto de renegociação da dívida dos estados.

A avaliação é do cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB). “Temer prestigiou Renan naquele momento. Ele prestou solidariedade a Renan, na reunião com os governadores colocou Renan na mesa, deu protagonismo a ele, para que Renan enfrentasse politicamente o pedido de Janot”, diz Barreto.

Temer está tentando reconstruir e consolidar as relações entre o Congresso e o Executivo e Renan é fundamental para isso. Um dos sinais de que o presidente do Senado teria se “sensibilizado” com a atuação de Temer foi sua entrevista coletiva de ontem (30), quando o presidente do Congresso apontou para a necessidade de andamento normal das votações no Senado, o que visivelmente interessa a Temer.

Outro sinal foi dado dois dias antes, na última terça-feira (28), quando Renan recebeu em um jantar 45 senadores e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir as medidas econômicas do governo."

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terça-feira, 28 de junho de 2016

Ministro da Justiça diz que governo interino não teme investigações

Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil - "O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negou hoje (28), em São Paulo, que o governo esteja preocupado com uma possível delação do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com quem o presidente interino, Michel Temer, se reuniu na noite de domingo (26). Segundo o ministro, o governo não teme nenhuma investigação.



“O governo do presidente Michel Temer não tem nenhum temor em relação a nenhuma investigação, Lava Jato, Zelotes. Tanto é que a ordem e a determinação do presidente Michel Temer, desde o primeiro dia em que eu assumi, desde 12 de maio, foi dar o total apoio à Polícia Federal, verificar o que a PF precisa e se precisaria mais em recursos humanos, em apoio e integração com as polícias estaduais, para que possamos aprofundar todo tipo de investigação”, disse o ministro a jornalistas após assinatura de acordos com o governo de São Paulo para cooperação técnica durante a Olimpíada.

Desmembramento da Lava Jato

Ao comentar a Operação Custo Brasil, deflagrada em São Paulo na semana passada como um desmembramento da Lava Jato, Moraes disse que o ideal era que a operação se concentrasse em Curitiba, origem da Lava Jato, para facilitar o trabalho dos investigadores.

“Quem tomou esse posicionamento [o desmembramento] foi o Supremo Tribunal Federal, que entendeu que quando não houver uma ligação ou conexão entre os fatos como nós chamamos na legislação processual mas sim, se achou alguma determinada informação, tem que seguir com o local do fato [onde o fato ocorreu]. Para nós, no Ministério da Justiça ou na Polícia Federal, seria melhor a investigação centralizada porque a equipe e toda a força-tarefa estão lá, com toda a infraestrutura.”

Segundo o ministro, o desmembramento implica a indicação de outro juiz, outro procurador da República, entre outras medidas. “Mas todos os fatos que forem conexos à Lava Jato, tanto os anteriores quanto os que forem sendo achados, todos permanecerão em Curitiba”, disse Moraes."

Edição: Luana Lourenço

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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Aumento de teto salarial beneficia Temer e outros 600 servidores

Jornal GGN- "Caso o Senado confirme o aumento do teto salarial do funcionalismo público, o presidente interino Michel Temer e outros 600 servidores do Executivo serão beneficiados com R$ 1,99 milhão a mais por mês. Hoje, o teto do funcionalismo está em R$ 33,7 mil. O projeto aprovado na Câmara no começo de junho aumenta o limite para R$ 39,2 mil, reajustando o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que define o teto para os demais funcionários públicos.



Um mecanismo conhecido como 'abate-teto' funciona como um redutor que incide sobre o salário bruto de servidores que acumulem rendimentos que ultrapassem o teto do funcionalismo. O presidente interino seria um dos beneficiados pelo abatimento menor, já que, além do salário do Executivo, ele também tem os rendimentos por ser procurador aposentado do Estado de São Paulo.

Segundo o blog do Fernando Rodrigues, no Uol, o salário bruto de Temer em abril de 2016 foi de R$ 30.934, sofrendo redução de R$ 17,2 mil pelo abate-teto. Com a mudança, o interino teria um aumento de mais de R$ 5 mil em seu rendimento bruto. Além dele, apenas 660 pessoas, de um total de 626.485 servidores do Executivo, serão beneficiadas com o aumento indireto.

Enviado por Webster Franklin

Do blog do Fernando Rodrigues, no UOL

Novo teto salarial: R$ 2 milhões mensais a mais para 660 servidores

Presidente interino Michel Temer estará entre os beneficiados
Aumento médio é de R$ 3 mil; 370 ganhariam R$ 5,5 mil a mais
Elite burocrática prospera mesmo durante a crise econômica
O presidente interino Michel Temer e outros 559 servidores do Executivo serão beneficiados com R$ 1,99 milhão de reais a mais, por mês, caso o Senado confirme o aumento no teto salarial do funcionalismo público.

Hoje, o teto (isto é, o máximo que um servidor pode receber) está em R$ 33,7 mil. No começo de junho, a Câmara aprovou um projeto que aumenta o limite para R$ 39,2 mil. A proposta reajusta o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que define o teto para os demais funcionários públicos.

As informações são do repórter do UOL André Shalders.

Quando o servidor acumula rendimentos que passam desse limite, entra em ação um mecanismo conhecido como “abate-teto”. Trata-se de um redutor que incide sobre o salário bruto para puxar o valor para uma cifra, no máximo, equivalente ao salário dos ministros do STF.

Com o aumento no teto salarial, a parcela descontada diminuirá. É daí que surge o “aumento” de R$ 2 milhões para a elite do funcionalismo. São servidores que já recebem, além do salário, aposentadorias ou pensões relativas a outras atividades no setor público. Leia aqui a lista de todos os beneficiários.
O cálculo foi feito a partir de dados disponíveis no Portal da Transparência e considerou as informações de abr.2016. É o último mês disponível no Portal.

Apenas 660 pessoas –uma fração dos 626.485 servidores públicos do Executivo– será beneficiada com o aumento indireto. O reajuste médio será de R$ 3 mil mensais. Desse grupo, 370 servidores terão os salários aumentados em R$ 5,5 mil no dia 1º de janeiro de 2017, quando o novo teto entrar em vigor, se for aprovado pelo Senado.

Na semana seguinte à aprovação do reajuste na Câmara, o Planalto circulou a ideia de substituir o aumento do teto por uma parcela extra a ser paga aos ministros do STF. Este desenho beneficiaria somente os ministros, sem elevar o teto e sem criar o chamado “efeito cascata''.

A base de apoio ao governo Temer, a princípio, defende a ideia. Mas o assunto ainda não está decidido. Nos bastidores, representantes da magistratura e do Ministério Público pressionam os senadores pela manutenção do projeto original. Dirigentes da Associação de Juízes Federais (Ajufe) irão ao Senado nesta semana conversar com líderes partidários e com o presidente da Casa, Renan Calheiros.

MICHEL TEMER BENEFICIADO
O presidente interino Michel Temer está entre os que seriam beneficiados por um abate-teto menor. Em abril de 2016, o salário bruto do presidente interino foi de R$ 30.934,70. Sofreu redução de R$ 17,2 mil pelo mecanismo. Ele levou para casa R$ 10.344,75 líquidos. Com a mudança, Temer teria um acréscimo de R$ 5.530,00 no salário bruto. O abate-teto incide sobre a remuneração de Temer porque ele possui rendimentos de outras funções públicas que já exerceu ao longo da vida (conheça os detalhes abaixo).

Do ponto de vista orçamentário, os R$ 2 milhões são irrisórios –em 2014, por exemplo, o Executivo gastou R$ 239 bilhões para pagar os servidores. Mas é preciso lembrar que os R$ 2 milhões dizem respeito somente ao Poder Executivo federal –efeito similar ocorrerá no Legislativo, no Judiciário e nos Estados.

O aumento “indireto” para a elite do funcionalismo está descolado do mau momento vivido pela economia. Em 2015, o rendimento médio real (descontada a inflação) do trabalhador teve queda de 3,7%. Foi a primeira redução desde 2004.

Os demais servidores públicos também não serão beneficiados na mesma escala. Na mesma votação, a Câmara aprovou aumento de 20% (dividido pelos próximos 4 anos) para várias carreiras do Executivo.

TETO SALARIAL: CONHEÇA OS DETALHES
Leia abaixo respostas encaminhadas por técnicos do Ministério do Planejamento aos questionamentos do Blog sobre o teto constitucional e o mecanismo do “abate-teto”:

1. Qual é a função do abate-teto?
 
A função da rubrica abate-teto é adequar a remuneração do servidor ao limite remuneratório definido no inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal. Esse limite, no caso do servidor público federal, é o subsídio mensal, em espécie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

2. Por que é que às vezes o mecanismo incide sobre servidores cuja remuneração bruta não ultrapassa o teto constitucional?
 
Quando a pessoa toma posse no serviço público federal, passando a ser servidor, ela declara se possui alguma outra remuneração decorrente de cargo público acumulável. Nesse momento, as remunerações do servidor são somadas e, caso o resultado ultrapasse o teto remuneratório, aplica-se o abate-teto de forma proporcional, ainda que, isoladamente, não ultrapasse o teto. (Detalhes em na nota técnica nº 251 de 2012 da CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, disponível aqui).

É o que pode acontecer, por exemplo, com servidores aposentados dos Estados e dos municípios e que assumem cargos em comissão no Poder Executivo federal. Nessa situação, se a soma das remunerações ultrapassar o teto remuneratório constitucional, o abate-teto será aplicado proporcionalmente na remuneração paga pelo Poder Executivo federal. Isso é definido no parágrafo 11 do artigo 40 da Constituição Federal.

3. De quanto é hoje o teto salarial do Executivo federal?
 
É o subsídio mensal, em espécie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Esse valor é R$33.763,00 (trinta e três mil, setecentos e sessenta e três reais), definido pela Lei n. 13.091, de 12 de janeiro de 2015.

4. Qual é a relação entre o abate-teto e as demais parcelas percebidas pelos servidores públicos? Abate-teto incide sobre férias, gratificação natalina, 13º salário etc?
 
O abate-teto incide sobre parcelas de natureza remuneratória e não incide sobre parcelas de caráter indenizatório.
Exemplos de parcelas remuneratórias sobre as quais incide o abate-teto: adicional de férias; gratificação natalina (13º salário).
Exemplos de parcelas indenizatórias sobre as quais não incide o abate-teto: auxílio-alimentação, auxílio-moradia, diárias, férias não gozadas, abono de permanência, entre outros ressarcimentos previstos em lei."
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domingo, 19 de junho de 2016

‘Perfeito midiota enfrenta dificuldade para entender noticiários’

Jornal GGN - "No artigo à seguir, Luciano Martins Costa avalia os últimos acontecimentos da política divulgados através da lente da grande imprensa e, ainda, como ela trabalha para acomodar as novas notícias ao discurso do impeachment que vem defendendo. "É preciso entender a relação entre linguagem, ideologia, poder e dominação (...). Dizem alguns especialistas em comunicação que, quando a chamada realidade objetiva supostamente retratada pelo jornalismo está muito complicada, o melhor é buscar metáforas em obras de ficção".



Brasileiros

Manual do perfeito midiota – 28 – Está difícil acompanhar o noticiário?

Por Luciano Martins Costa

A empatia, ou seja, quando o que está dito tende a satisfazer o leitor ou acomodar suas inquietações, sem provocar insights ou curiosidade, é porque o discurso do poder funcionou.

Está difícil acompanhar o noticiário?

De repente, você ficou confuso, como a senadora Marta Suplicy, que abandonou a canoa furada do PT e embarcou na caravela do PMDB – apenas para descobrir que a nau está sem rumo e infestada de ratos.

No meio da confusão, o presidente do Senado, Renan Calheiros, ameaça dar voz de prisão à polícia, ou seja, quer pedir aos colegas do Congresso que votem o impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Ora, como ousa o procurador ameaçar o impoluto senhor Calheiros? Como se atreve a desmoralizar as acusações seletivas até então dirigidas apenas aos apoiadores do governo constitucional de Dilma Rousseff e acreditar que todos os suspeitos devem ser denunciados?

O mesmo se pode dizer da estudada indignação do presidente enterino Michel Temer, também colocado na mira de Rodrigo Janot.

O ponto central desse roteiro é a delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que acusa quase vinte políticos de diversos partidos de haverem recebido dinheiro ilegal em campanhas eleitorais.

As duas dezenas não se completam porque Machado esqueceu de citar algumas figuras cuja influência sobre os principais jornais do País faz estremecer os bravos editores e analistas.

Os conspiradores que interromperam o mandato da presidente Rousseff insistiram, durante meses, que doação eleitoral só pode ser propina. Agora que o procurador-geral passou a acreditar nisso, que sentido passa a ter toda aquela indignação seletiva?

Até mesmo o interino, assaltado por um surto de sinceridade, declarou que “se tivesse cometido delito, não teria condição de presidir o País”. Como diriam os britânicos: “Indeed”. Ou, em bom português: “De fato”.

Na análise sintática ou na matemática, pode-se dizer que ele pretendeu produzir uma condição adversativa do tipo “se… então”, mas elaborou duas possibilidades convergentes: sim, é acusado de cometer delito eleitoral; e sim, não tem condição de dirigir o País.

Para entender o noticiário político e interpretar corretamente o discurso dos donos do poder, é preciso ler o conteúdo da mídia com desconfiança.

A empatia, ou seja, quando o que está dito tende a satisfazer o leitor ou acomodar suas inquietações, sem provocar insights ou curiosidade, é porque o discurso do poder funcionou. Assim nasce um midiota.

É preciso entender a relação entre linguagem, ideologia, poder e dominação, como alerta a pesquisadora paranaense Rosselane Giordani, citando excelentes pensadores.

Dizem alguns especialistas em comunicação que, quando a chamada realidade objetiva supostamente retratada pelo jornalismo está muito complicada, o melhor é buscar metáforas em obras de ficção.
No noticiário desta semana, que confunde os midiotas, a senadora Marta e os comentaristas da mídia tradicional, provavelmente a melhor ilustração  para entender o contexto seja uma seleção de bons filmes de faroeste.

Em “Matar ou Morrer”, o xerife Janot, ooops, o xerife Will Kane tem que se virar sozinho para enfrentar os bandidos que estão chegando no trem do meio-dia. Os cidadãos que cantavam de galos no dia anterior somem em suas casas e o deixam praticamente sozinho na rua poeirenta – como aqueles bravos indômitos que há um mês ocupavam as ruas com suas camisas auriverdes.

Em “Paixão dos Fortes”, a dupla Wyatt Earp-Doc Hollyday precisa encarar uma família de facínoras no rancho OK, enquanto os pacatos cidadãos se escondem de medo.

Também podemos lembrar outros clássicos, como “Onde começa o inferno”, ou aquele de título bem sugestivo: “Por um punhado de dólares”.

Em quase todos eles, o poderoso de plantão acha que pode tudo, como o presidente do Senado e o ocupante provisório do Palácio do Planalto.

Só que não.

Para ler: O discurso do poder, ou “As relações de poder exercidas através do discurso”, de Rosselane Giordani."

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Política: Senador do PMDB denuncia em áudio esquema de Temer e Cunha para atender Fiesp

No Conexaojornalismo, em 25/04/2016 - "A notícia foi publicada sem estardalhaço há cinco dias na coluna CB Poder, de Ana Maria Campos, no Correio dos Braziliense. Em entrevista gravada por um blogueiro de Brasília, o senador Hélio José, do Distrito Federal, fala dos compromissos que Temer teve que assinar com Eduardo Cunha e com empresários para ter apoio e chegar ao poder. Tal acordo prejudicaria a população que em breve imploraria pela volta do PT.



- As pessoas vão chorar lágrimas de sangue - diz.

Para o senador, que se diz indeciso, todos estão nas ruas por causa da Rede Globo. Em seis meses, disse, o povo vai perceber. A resistência do PSDB em embarcar na canoa de Temer/Cunha tende a se ampliar a partir deste vazamento. Afinal, segundo garante o senador, é sabido que em pouco tempo a crise será ampliada.
 
Hélio já foi do PT, PSD e do Partido da Mulher Brasileira. Em março deste ano se filiou ao PMDB de Temer - legenda pela qual pretende disputar o governo do DF.


Senador Hélio José faz strike no PMDB


Recém-filiado ao PMDB, o senador Hélio José (DF) conseguiu, numa entrevista a blogueiros de Brasília, desagradar de uma vez só a cúpula do PMDB, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente da República, Michel Temer. O áudio da entrevista circulou ontem entre peemedebistas ontem, com grande repercussão. O suplente de Rollemberg que já foi do PT, PSD, PMB e agora está no PMDB elogiou o ex-presidente Lula, disse que o partido de Michel Temer não tem posição ainda pelo impeachment no Senado e considerou injusta a votação de domingo na Câmara dos Deputados. "Cuspiram no prato que comeram, feito Judas", disse Hélio José. 

"Temer e os bandidos do Cunha" 
 
Na entrevista, Hélio José (PMDB-DF) ataca até mesmo um possível governo do líder de seu partido, Michel Temer. "Nenhuma das soluções vai salvar o Brasil", afirmou. De quebra, criticou acordo do vice-presidente da República com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha: "Se o Temer assumir, mas o problema é que vai assumir é o compromisso que ele teve de assinar com os bandidos do Cunha e com o grande empresariado". Hélio José afirmou ainda acreditar que o governo petista vai deixar saudades: "Acho que vão chorar lágrimas de sangue para que o PT volte daqui a dois anos. Vão ver a desgraceira que vai acontecer nesse país com arrocho, onde servidor público vai ser tratado na pinhola, onde o servidor público vai perder os seus direitos"."


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sábado, 18 de junho de 2016

Caíram as máscaras dos movimentos pró-impeachment

Por Glenn Greewald, Intercpcet - "O impeachment da presidente do Brasil democraticamente eleita, Dilma Rousseff, foi inicialmente conduzido por grandes protestos de cidadãos que demandavam seu afastamento. Embora a mídia dominante do país glorificasse incessantemente (e incitasse) estes protestos de figurino verde-e-amarelo como um movimento orgânico de cidadania, surgiram, recentemente, evidências de que os líderes dos protestos foram secretamente pagos e financiados por partidos da oposição. Ainda assim, não há dúvidas de que milhões de brasileiros participaram nas marchas que reivindicavam a saída de Dilma, afirmando que eram motivados pela indignação com a presidente e com a corrupção de seu partido.



Mas desde o início, havia inúmeras razões para duvidar desta história e perceber que estes manifestantes, na verdade, não eram (em sua maioria) opositores da corrupção, mas simplesmente dedicados a retirar do poder o partido de centro-esquerda que ganhou quatro eleições consecutivas.

Como reportado pelos meios de mídia internacionais, pesquisas mostraram que os manifestantes não eram representativos da sociedade brasileira mas, ao invés disso, eram desproporcionalmente brancos e ricos: em outras palavras, as mesmas pessoas que sempre odiaram e votaram contra o PT. Como dito pelo The Guardian, sobre o maior protesto no Rio: “a multidão era predominantemente branca, de classe média e predisposta a apoiar a oposição”. Certamente, muitos dos antigos apoiadores do PT se viraram contra Dilma – com boas razões – e o próprio PT tem estado, de fato, cheio de corrupção. Mas os protestos eram majoritariamente compostos pelos mesmos grupos que sempre se opuseram ao PT.

É esse o motivo pelo qual uma foto – de uma família rica e branca num protesto anti-Dilma seguida por sua babá de fim de semana negra, vestida com o uniforme branco que muitos ricos  no Brasil fazem seus empregados usarem – se tornou viral: porque ela captura o que foram estes protestos. E enquanto esses manifestantes corretamente denunciavam os escândalos de corrupção no interior do PT – e há muitos deles – ignoravam amplamente os políticos de direita que se afogavam em escândalos muitos piores que as acusações contra Dilma.

Claramente, essas marchas não eram contra a corrupção, mas contra a democracia: conduzidas por pessoas cujas visões políticas são minoritárias e cujos políticos preferidos perdem quando as eleições determinam quem comanda o Brasil. E, como pretendido, o novo governo tenta agora impor uma agenda de austeridade e privatização que jamais seria ratificado se a população tivesse sua voz ouvida (a própria Dilma impôs medidas de austeridade depois de sua reeleição em 2014, após ter concorrido contra eles).

Depois das enormes notícias de ontem sobre o Brasil, as evidências de que estes protestos foram uma farsa são agora irrefutáveis. Um executivo do petróleo e ex-senador do partido conservador de oposição, o PSDB, Sérgio Machado, declarou em seu acordo de delação premiada que Michel Temer – presidente interino do Brasil que conspirou para remover Dilma – exigiu R$1,5 milhões em propinas para a campanha do candidato de seu partido à prefeitura de São Paulo (Temer nega a informação). Isso vem se somar a vários outros escândalos de corrupção nos quais Temer está envolvido, bem como sua inelegibilidade se candidatar a qualquer cargo (incluindo o que por ora ocupa) por 8 anos, imposta pelo TRE por conta de violações da lei sobre os gastos de campanha.

E tudo isso independentemente de como dois dos novos ministros de Temer foram forçados a renunciar depois que gravações revelaram que eles estavam conspirando para barrar a investigação na qual eram alvos, incluindo o que era seu ministro anticorrupção e outro – Romero Jucá, um de seus aliados mais próximos em Brasília – que agora foi acusado por Machado de receber milhões em subornos. Em suma, a pessoa cujas elites brasileiras – em nome da “anticorrupção” – instalaram para substituir a presidente democraticamente eleita está sufocando entre diversos e esmagadores escândalos de corrupção.

Mas os efeitos da notícia bombástica de ontem foram muito além de Temer, envolvendo inúmeros outros políticos que estiveram liderando a luta pelo impeachment contra Dilma. Talvez o mais significante seja Aécio Neves, o candidato de centro-direita do PSDB derrotado por Dilma em 2014 e quem, como Senador, é um dos líderes entre os defensores do impeachment. Machado alegou que Aécio – que também já havia estado envolvido em escândalos de corrupçãorecebeu e controlou R$ 1 milhão em doações ilegais de campanha. Descrever Aécio como figura central para a visão política dos manifestantes é subestimar sua importância. Por cerca de um ano, eles popularizaram a frase “Não é minha culpa: eu votei no Aécio”; chegaram a fazer camisetas e adesivos que orgulhosamente proclamavam isso:


Evidências de corrupção generalizada entre a classe política brasileira – não só no PT mas muito além dele – continuam a surgir, agora envolvendo aqueles que antidemocraticamente tomaram o poder em nome do combate a ela. Mas desde o impeachment de Dilma, o movimento de protestos desapareceu. Por alguma razão, o pessoal do “Vem Pra Rua” não está mais nas ruas exigindo o impeachment de Temer, ou a remoção de Aécio, ou a prisão de Jucá. Porque será? Para onde eles foram?

Podemos procurar, em vão, em seu website e sua página no Facebook por qualquer denúncia, ou ainda organização de protestos, voltados para a profunda e generalizada corrupção do governo “interino” ou qualquer dos inúmeros políticos que não sejam da esquerda. Eles ainda estão promovendo o que esperam que seja uma marcha massiva no dia 31 de julho, mas que é focada no impeachment de Dilma, e não no de Temer ou de qualquer líder da oposição cuja profunda corrupção já tenha sido provada. Sua suposta indignação com a corrupção parece começar – e terminar – com a Dilma e o PT.

Neste sentido, esse movimento é de fato representativo do próprio impeachment: usou a corrupção como pretexto para os fins antidemocráticos que logrou atingir. Para além de outras questões, qualquer processo que resulte no empoderamento de alguém como Michel Temer, Romero Jucá e Aécio Neves tem muitos objetivos: a luta contra a corrupção nunca foi um deles."

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 VIA

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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Política: Xadrez de um interino com a marca da suspeita

Por Luís Nassif, no GGN - [atenção para os links inclusos no texto da matéria] - "1. Ecos da delação de Sérgio Machado.

Eco 1 - Segundo o repórter Jorge Bastos Moreno, em frase atribuída a um Ministro Palaciano:


“O presidente, citado injusta, mentirosa e irresponsavelmente, não deixaria, por coerência, Henriquinho sair só por isso. Seria, paradoxal, com a indignação do governo com essas mentiras. Seria referendar essas mentiras”. (http://migre.me/u7K5J)

Henriquinho é amigo de Jorge, que é amigo de Temer, que é amigo do Ministro que é amigo do Henriquinho, que vem a ser o Ministro do Turismo demissionário. Todos são amiguinhos e atuam em corrente – com exceção de Jorge, que é apenas o Américo Vespúcio das caravelas cabralinas. O índice 3 de adjetivação do amigo do Jorge e do Henriquinho demonstra elevado grau de preocupação.



Eco 2 – do próprio Temer.

Quero fazer uma declaração a respeito da manifestação irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa do cidadão Sérgio Machado”.

Assim como o amigo de Henriquinho, a profusão de adjetivos visa refletir a indignação de Temer. O índice 4 de adjetivação denota situação de alta tensão do interino.

E, aí, apelou para uma frase temerária: “Se tivesse cometido o crime de que Machado me acusou em delação premiada, não teria condições de governar o país” (http://migre.me/u7K8G). E alertou que se pronunciava como ser humano, homem e presidente da República. Ah, bom!

Eco 3 – sobre o significado das palavras.

Provavelmente o significado que quis dar à frase era o de que, se está presidindo o país, logo não poderia ter cometido o crime de que Machado o acusou. A lógica é outra: o próprio Temer admite que a imputação que lhe foi feita por Machado configura um crime que, se comprovado, o inabilitaria a continuar presidindo o país.

É simples conferir a veracidade do episódio. Basta levantar:

·      se, no dia do encontro informado por Sérgio Machado, a Base Aérea de Brasília recebeu Temer e Machado no mesmo horário.
·      Se a Queiroz Galvão efetivamente depositou R$ 1,5 milhão para o PMDB nacional.
·      Se, no mesmo período, o PMDB nacional transferiu R$ 1,5 milhão para a campanha de Gabriel Chalita.
·      Conferir o fato com o presidente da Queiroz Galvão, a empresa doadora.
·      A ordem cronológica dos fatos.

Se as cinco condições forem confirmadas, como ficaria a situação do presidente interino? Continuaria valendo sua afirmação de que “não teria condições de governar o país”? Ou teria sido apenas uma frase solta, irresponsável, escapista, retórica, vazia de um interino que se destaca no uso dos adjetivos, como forma de contornar o substantivo?

É uma bela questão para Jorginho, ops, o repórter Jorge Moreno trabalhar.

2.    Desdobramentos da ação do interino


O abate de Henriquinho em pleno voo é apenas o primeiro dos desdobramentos de um nova leva de denúncias sobre a tribo que se aboletou no poder.

Ontem, no seu discurso, Temer apresentou os pontos positivos do seu governo, como que uma carta-testamento extemporânea, assinalando o que o país perderia com sua saída. Informou o país que em qualquer lugar onde aparece é saudado como um salvador. Por modéstia, evitou confessar que, dificuldades de audição, fazem com que entenda o grito nacional do momento como #simboraTemer, um estímulo ao homem que não teme o ridículo.

O arremate da ópera foi o deputado Pauderley Tomas Avelino apresentando as excelsas virtudes do governo Temer: a qualquer suspeita, ele responde com a demissão imediata do suspeito, mostrando determinação. Nesse tropel, com o nível do seu Ministério, o interino ainda terá muitas oportunidades para continuar mostrando determinação.

No Jornal Nacional, a explicação do deputado Pauderley, provavelmente filho de Paula e Vanderley (com Y), veio logo após a reportagem em que se revelava que a situação de Henriquinho já era conhecida há tempos, o próprio Temer foi aconselhado a não nomeá-lo, mas a lealdade do cappo falou mais alto.

O interino mostra, assim, ao lado das qualidades da prontidão, a de lealdade.

3.    E volta-se à questão da hipocrisia


Ontem, no JN, o interino Temer estava tão deslocado no papel de presidente indignado, quanto seu chanceler José Serra vivendo o papel de diplomata. Nos últimos tempos Serra tem aparecido em entrevistas de corredor falando em tom mecânico, voz baixa, escandindo cada sílaba como manda o figurino do Itamarati. É admirável sua capacidade de assimilação de novos papéis.

Mas, voltando a Temer, qual o nível de credibilidade de sua aparição ao vivo? No papel, o nível 4 de adjetivação pode passar ao leitor algum sentimento de indignação. Ao vivo, em cores, na boca e nas expressões do interino, passa uma emoção similar à do cardeal Ratzinger cantando ópera.

Independentemente de linhas políticas, nenhum cidadão minimamente informado conseguiria crer na inocência do interino, meramente analisando suas expressões faciais procurando demonstrar indignação.

Menos o amigo Jorge, que defendeu o interino, valendo-se da lógica pauderleyana.

Segundo Jorge, o presidente fez o que “a Nação sempre esperou: respostas de seus governantes”. “Foi contundente”, sentenciou Jorge.

O dicionário define contundente como “aquilo que não se pode contestar”, ou seja, o inquestionável, ou seja, o argumento que convence a multidão. Dá para sustentar que convenceu? Para o amigo Jorge “se convenceu ou não, é outro problema”.

Pode ser também que Jorge, com enorme sutileza, tenha querido insinuar o outro significado de contundência: aquilo que causa contusão.

Como fica, aos olhos da nação, pessoas com a ficha de Gedel, Eliseu Padilha, Moreira Franco e o próprio Temer, comandando uma organização que, a cada dia que passa, tem seu viés criminoso exposto à Nação e, ao mesmo tempo, abrindo uma brecha de R$ 170 bilhões no orçamento e negando o reajuste de 9% nos valores irrisórios do Bolsa Família, que consumiria apenas 0,6% dessa sobra? Ou reduzido em 90 mil matrículas o FIES deste ano?

Hoje, os beneficiários do Bolsa Familia irão receber seu pagamento. Já estava previsto o reajuste pela inflação, provisionados os recursos. Mas o grupo dos 4 tratou de tirar o pão da boca dos famintos para entregar à gula dos políticos. De forma contundente, é claro.

Apenas a cegueira dos muito apaixonados permitirá fechar os olhos a essa tragédia brasileira, de um país da dimensão do país, que logrou reconquistar as liberdades democráticas, que consolidou uma das mais avançadas constituições do mundo, cair nas mãos do que de pior a política produziu nas últimas décadas. E, como a maioria da opinião pública não tem a sensibilidade do amigo Jorge, esse jogo não vai longe.

Ontem previ o crescimento da campanha por novas eleições.

Retifico: a campanha a ser deflagrada será por uma nova Constituição. A de 1988 foi avacalhada pela ousadia do baixo mundo e pela tibieza do alto clero. Tornou-se refém do baixo clero que invadiu a Esplanada comandado pelo condomínio dos homens probos.

Sempre é hora para o recomeço."

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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Política: Lava Jato mantém governo Temer na mira

"A divulgação da extensa delação do ex-senador Sérgio Machado, que presidiu uma ramificação da Petrobras por mais de uma década, colocou o presidente interino Michel Temer pela primeira vez diretamente no centro da Operação Lava Jato. A revelação mostra que as investigações têm potencial para desestabilizar o governo interino assim como ocorreu com Dilma Rousseff.



Ex-presidente da Transpetro, Machado envolveu mais de 20 políticos de oito partidos – entre eles Temer e toda a cúpula do PMDB – num esquema de propina que teria movimentado mais de 100 milhões de reais. O dinheiro, segundo ele, foi dividido em "mesadas" e doações de campanha eleitorais feitas sob uma "falsa legalidade".

Temer é particularmente acusado pelo delator de pedir 1,5 milhão de reais em doações para a campanha de Gabriel Chalita, candidato do PMDB à prefeitura de São Paulo em 2012. O dinheiro teria sido pago pela construtora Queiroz Galvão.

O presidente interino chamou a delação de "absolutamente inverídica" e afirmou que sempre buscou recursos para campanhas eleitorais dentro da lei.

Cúpula do PMDB e aliados

Machado é, há cerca de um ano, o maior colaborador do Ministério Público. Suas delações, quando vazadas à imprensa, causaram a queda de dois ministros do governo interino – Romero Jucá, do Planejamento, e Fabiano Silveira, da recém-criada pasta da Transparência.

A delação divulgada nesta quarta-feira (15/06) pela Justiça brasileira chega como mais uma bomba para o governo Temer, que começava a deixar uma impressão positiva no mercado e mostrava ter obtido melhoras na relação entre o Planalto e o Congresso.

Isso porque as gravações envolvem a alta cúpula do PMDB: o presidente do Senado, Renan Calheiros, por exemplo, teria recebido 32 milhões de reais, o maior valor; o ex-ministro de Minas e Energia e atualmente senador Edison Lobão outros 24 milhões; e o ex-presidente José Sarney, mais 18,5 milhões.

Na delação, Machado envolveu ainda políticos-chave para o governo Temer, como o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, que teria organizado um grande de arrecadação de recursos ilícitos para eleger deputados, em 1998, e garantir sua eleição à presidência da Câmara três anos depois. Ele teria recebido 1 milhão de reais em dinheiro de propinas.

Mais bombas à vista

Embora a avaliação do Planalto seja de que as consequências diretas para Temer não serão graves, a delação tem potencial de aumentar a desconfiança da sociedade perante um governo que já nasceu com a sua legitimidade questionada.

Pesquisa divulgada na semana passada mostrou que 54,5% dos brasileiros consideram que o desempenho de Temer está igual ao de Dilma – ou seja, ruim. E apenas 11,3% avaliam o governo interino como positivo.

A situação pode piorar com as delações de executivos de duas empreiteiras que aceitaram colaborar com a Lava Jato – os da Odebrecht e da OAS, duas das gigantes no setor no Brasil. Além disso, há chance de as denúncias embaralharem o jogo político no Congresso, influenciando a votação final do impeachment no Senado.

Os fatos negativos do último mês fizeram com que a imprensa brasileira lançasse dúvidas sobre o julgamento do impeachment de Dilma, apontando que alguns senadores já estariam reavaliando suas posições."

http://www.dw.com/pt/lava-jato-mant%C3%A9m-governo-temer-na-mira/a-19336116Deutsche Welle

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domingo, 12 de junho de 2016

Política: O governo Temer completa um mês deixando claro quem manda: a Globo. Por Kiko Nogueira

No DCM - "Quem contou a história foi o senador Roberto Requião. Durante o primeiro mandato de Lula, Requião, então governador, falava com o presidente sobre o que havia feito na comunicação do Paraná, investindo na TV educativa.



Lula recomendou-lhe a José Dirceu. A certa altura, quando repetia a conversa a Dirceu, o ministro da Casa Civil o interrompeu: “Mas nós já temos uma televisão: a Globo”.

Esse é provavelmente um dos maiores erros de cálculo político recentes. A falta de noção, um certo republicanismo, mais a covardia, fizeram com que os governos petistas desovassem 6,2 bilhões de reais de publicidade na emissora. Fora o que não sabemos. Deu no que deu.

Essa conta vai aumentar na gestão Temer. Com um mês de vida, já se nota um upgrade na relação entre a Globo e o governo de plantão: ela não é apenas a emissora oficial, mas a dona inconteste da lojinha. Big Brother saiu de vez do armário.

O último episódio é a “notícia” de que Temer quer acabar com a EBC. Quem deu o furo foi o porta voz informal da atual vilegiatura, o repórter do Globo Jorge Bastos Moreno (o mesmo para quem Temer vazou sua carta).

Segundo Moreno, Temer encomendou um estudo sobre o encerramento das atividades. A gota d’água foi a entrevista de Dilma com Luís Nassif, autorizada por Ricardo Mello, reconduzido à presidência por Toffoli, do STF.

Antes disso, um editorial do Globo detonava o “caso exemplar de aparelhamento” da EBC. Ato contínuo, o ministro Geddel Vieira Lima, um troglodita semi-analfabeto que se dedica a xingar a mãe de incautos no Twitter, escreveu na rede social: “Acabar com a EBC, (sic) é estabelecer um diferencial (sic) Somo (sic) contra o aparelhamento,o uso do Estado para auto promoção”.

(Contra TV Cultura de São Paulo, claro, nunca houve uma palavra).

Dois ministros caíram após editoriais com ordens expressas. Primeiro foi Romero Jucá. Depois, Fabiano Silveira, da Transparência, flagrado numa reunião com Renan Calheiros e Sergio Machado criticando a Lava Jato e orientando os advogados de ambos.

“O presidente interino, Michel Temer, precisa aplicar a mesma regra que valeu para Romero Jucá”, dizia o texto do Globo sobre Silveira. Pronto.

Os jornalistas da casa se dedicam a defender o indefensável, com vexames inéditos no jornalismo mundial. Num inglês eventualmente claudicante, paus mandados compraram briga com correspondentes internacionais.

O destaque da turma, até agora, é Guilherme Fiúza, autor de uma excrescência acusando o New York Times de ser vendido para o PT.

No início deste mês, Temer anunciou, num pronunciamento no Planalto, que a Aeronáutica passaria a ter permanentemente à disposição um jato da FAB para o transporte de órgãos e tecidos para transplantes.

Também estava cumprindo o que lhe mandaram. Citou uma reportagem do Globo sobre esse drama que aflige equipes médicas pelo Brasil. Sua primeira entrevista no cargo que usurpou, uma palhaçada pseudo espontânea em que mentiu sobre o trabalho de sua mulher como advogada, foi ao Fantástico.

O que a Globo não contava é que Michel — Michel — fosse tão fraco e incompetente. Os outros tinham, em maior ou menor grau, alguma dignidade. Michel — Michel — montou uma equipe de gângsteres, o mercado não reage, a luta pela narrativa do impeachment no exterior foi perdida e ele, em si, é uma figura constrangedora.

O primeiro mês da temporada golpista é um vale de lágrimas tragicômico. Mas deixou mais evidente do que nunca quem é que dá as cartas, de fato, no poder. E não é o anão sem pescoço dado a abusar de mesóclises.
Esse continua decorativo."

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sexta-feira, 10 de junho de 2016

Política: Protesto contra Temer reúne milhares de pessoas e fecha a Avenida Paulista

Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil - Milhares de pessoas se reúnem neste momento na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), em um protesto contra o presidente interino Michel Temer. O ato deve contar com a presença do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. O número de manifestantes ainda não foi informado pela Polícia Militar.


O ato foi convocado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo sem Medo e reúne movimentos e centrais sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), Intersindical, CTB, Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre outros.

No protesto, manifestantes seguram faixas pedindo a saída de Michel Temer. Há também um varal com fotos tiradas em protestos em São Paulo. Um imenso caminhão de som foi atravessado na Avenida Paulista, ao lado do Masp, onde os líderes dos movimentos sociais se revezam para falar. É neste caminhão que, mais tarde, deverá estar o ex-presidente Lula.

“A manifestação tem como principal mote o Fora Temer. Porque não entendemos que este seja um governo legítimo, não reconhecemos esse governo e principalmente porque ele é um governo de ataque aos movimentos sociais e de ataque aos direitos sociais e de criminalização dos movimentos sociais e de repressão”, disse Carina Vitral, presidente da UNE.

“O mais importante para os movimentos sociais aqui é impedir o impeachment, impedir o golpe”, afirmou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, em entrevista coletiva concedida no local pouco antes do início do ato.

Para o líder do MTST, Guilherme Boulos, o governo atual representa um retrocesso no país. “É preciso entender a gravidade do momento que estamos vivendo. Está em curso no país um duplo golpe. Há um golpe por existir um presidente que não foi eleito por ninguém, que foi eleito por uma forma indireta, por um Parlamento descrebilizado na sociedade, mas também é um golpe contra os direitos sociais. Estão querendo aplicar um programa que também não foi eleito por ninguém e que é um programa de retrocessos”, destacou.

“Essa mobilização de hoje é um capítulo. As mobilizações vão se intensificar a cada passo que esse governo ilegítimo tente atacar o direito social dos trabalhadores”, acrescentou Boulos.

Plebiscito

Segundo Freitas, os movimentos ainda não avaliaram a posição da presidenta afastada Dilma Rousseff que disse ontem (9), em entrevista ao jornalista Luiz Nassif, na TV Brasil, que, caso volte à Presidência, vai pedir um plebiscito.

“Sobre esse tema, não temos ainda uma posição conjunta do movimento. A coisa mais importante que construímos nessa crise toda foi essa linda unidade da esquerda brasileira para impedir o impeachment e retomar a democracia”, disse o presidente da CUT. “Impedido oimpeachment, vamos discutir alternativas no campo da mobilização popular de enfrentamento contra o retrocesso.”
Freitas disse ainda que as centrais sindicais não vão aceitar a flexibilização da Previdência.

“Esse desgoverno, em um mês, causou mais transtorno para a classe trabalhadora do que podíamos imaginar. Não aceitaremos nenhuma mudança na Previdência que não seja discutida no foro dos trabalhadores e que apresente retirada de direitos. Não aceitamos idade mínima, não aceitamos igualar homens e mulheres e não aceitamos a ideia de acabar com o Ministério da Previdência”, concluiu.

Edição: Armando Cardoso

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quinta-feira, 9 de junho de 2016

'O xadrez da aposta de Janot no fim da política'

Por Luís Nassif, no GGN - "Há duas possibilidades no pedido de prisão de Renan Calheiros, José Sarney e Romero  Jucá pelo Procurador Geral da República Rodrigo Janot. A primeira, é a de que os elementos de que dispõem são apenas as gravações divulgadas pela mídia. Nesse caso, seria blefe. A fala de Renan não é motivo sequer para a abertura de um inquérito, quanto mais um pedido de prisão.



Fosse apenas isso, as consequências seriam desastrosas para o PGR. Ele ficaria enfraquecido, contando apenas com o apoio das Organizações Globo. Formar-se-ia uma unanimidade contra o arbítrio, ficando mais fácil convencer o grande condutor Globo para a necessidade do pacto.

Seria um desastre tão grande para o PGR, que é quase impossível que ele tenha bancado essa aposta dispondo de apenas um par de três. Principalmente porque esse jogo não comporta blefe, devido à existência de uma instância superior, o Supremo, para analisar a extensão da jogada.

Portanto, é bastante provável que tenha muito mais munição armazenada.

A segunda evidência é o fato do Ministro Teori Zavascki ter passado os últimos dias consultando seus pares. Se as únicas razões fossem os áudios divulgados, não haveria a necessidade de longas consultas: o pedido seria liminarmente negado.

Partamos do pressuposto, portanto, que Janot tem muito mais cartas na manga do que os grampos divulgados.

Mesmo assim, o pedido de prisão é uma aposta monumental, pois destroça de vez o sistema político-partidário nacional.

O FATOR TEORI

O Ministro Teori Zavascki tem sido uma unanimidade no STF, respeitado tanto pelos procuradores quanto pelos críticos da Lava Jato. Isso por ser discreto e previsível nos julgamentos - isto é, não propenso a inovações jurídicas permanentes, como seu colega Gilmar Mendes.

Até agora, cometeu uma inovação, uma invasão da atribuição não prevista constitucionalmente, que foi a prisão do ex-senador Delcídio do Amaral. Aberta a porta, cria-se o precedente para ousar novas prisões de políticos.

Por outro lado, abomina os vazamentos.

Janot é apontado como responsável por menos menos quatro vazamentos: a delação de Delcídio do Amaral, os inquéritos de Pedro Corrêa, da Peper e de Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez.
Foram quatro negociações dentro da PGR, sem nenhuma participação da Polícia Federal. E com apenas dois exemplares: um no cofre de Janot, outro nas mãos de Teori.

No episódio da Andrade Gutierrez, pessoas ligadas a Janot sugeriram que o vazamento poderia ser do gabinete de Teori. A prova seria a marca d'água do Supremo na cópia enviada para os jornais. Ora, se pegar qualquer documento do Supremo, ele é entregue com a marca d'água do Supremo. O episódio provocou mágoas em Teori.

Em outras ocasiões, sugeriu que os vazamentos tinham partido de advogados das partes. Não tinha nenhum sentido. Se um vazamento pode anular uma delação, qual a razão para o advogado jogar contra seu cliente? Em nenhum momento condenou expressamente os vazamentos.

A intenção dos vazamentos era óbvia. Na medida em que vaza, gera pressão em cima do delator. Não pode mais voltar atrás, porque sua delação tornou-se pública.

Aconteceu com Delcidio. Quando Teori negou 120 dias para Delcidio no Senado, ele percebeu que já estava perdido e quis recuar do acordo. O vazamento da delação impediu.

Os episódios não serão capazes de influenciar negativamente Teori. A consulta aos demais Ministros deveu-se aos impactos sobre a já precaríssima situação política brasileira.

Mesmo assim, a decisão é imprevisível.

Teori poderá simplesmente negar o pedido de prisão. Ou poderá encontrar um caminho alternativo. Qualquer que seja o caminho alternativo significará acolhimento das teses de Janot. Terminando ou não em prisão, o sistema político entra na pane final.

Esse fim está diretamente ligado à extraordinária mediocridade da nova equipe de governo, um grupo metido até o pescoço em operações suspeitas, avançando sobre todos os setores críticos com seus capitães do mato.

Desde os tempos de Costa e Silva, não tenho notícias de tanta mesquinharia,  prepotência e mediocridade instaladas no governo.

As represálias contra a presidente afastada, a extravagância de anunciar publicamente a proibição de qualquer publicidade de estatais a veículos de mídia não alinhados com o governo, os ataques aos grupos sociais, aos artistas, às minorias seriam uma arbitrariedade em qualquer circunstância.

Partindo de um grupo que está prestes a ser denunciado como organização criminosa, é de uma atrevimento suicida.

Conseguirão colocar a favor da Lava Jato todos os setores críticos que temiam o excesso de poder dos procuradores e juízes mas que, gradativamente, verão  neles o único meio de impedir a prepotência desses coronéis provincianos aspirando o status de ditador.

As mesquinharias contra a presidente conseguiram algo que nem a própria Dilma imaginou ao longo de seu mandato: aproximá-la da população que a acolheu como solidariedade pelas arbitrariedades que vem sofrendo.

O grande comandante desse desastre político é o general Sérgio Etchegoyen, notável estrategista que Temer colocou no Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Como esperar que essa organização, com a sensibilidade de um macaco em loja de louças, conseguirá conduzir o país até 2018?

O SISTEMA POLÍTICO

Pode-se criticar a insensibilidade política de Janot, a severidade excessiva de Teori, a onipotência da Lava Jato.

Mas o fato é que o sistema político fez por merecer. Há décadas acumulavam-se abusos, corrupção desenfreada alimentada pelo financiamento privado de campanha e pelo presidencialismo de coalizão, e nada foi feito.

O próprio PT nasceu da exaustão da opinião pública com os abusos do sistema político tradicional. Acabou entrando no jogo, praticado a realpolitik e se estrepando.

Até agora a Lava Jato demonstrava um odioso viés partidário. Avançando sobre a cúpula do PMDB, se agir com a mesma eficácia contra o PSDB, ganha uma legitimidade que irá muito além da fome por carne fresca que alimenta o efeito manada dos que conseguem enxergar o país apenas da ótica penal.

O episódio estimulará um pacto entre o Senado, o STF (Supremo Tribunal Federal) e demais lideranças políticas, visando conter os estragos da Lava Jato. Com essa frente, é possível que a própria Organização Globo caia na real.
Com o pacto, haverá dois cenários possíveis:
Cenário 1 – a renovação política com a antecipação das eleições.
Monta-se o pacto que acabará desembocando na antecipação das eleições. O último representante da Nova república – que nasce com as diretas – é Lula. Dependendo do destino de Lula, haverá renovação completa na política.

Essa nova liderança será certamente um presidente de pulso, mas capaz de negociar, para restaurar a autoridade do Executivo dentro de uma nova ordem que supere o presidencialismo de coalizão, o excessivo poder das corporações públicas, a dependência excessiva dos coronéis regionais e o excesso de poder do Ministério Público e do Judiciário.

Ciro Gomes é o grande beneficiário dessa guerra contra o “centrão”, devido ao comportamento anterior de enfrentamento do grupo. Tem o pulso, mas não tem cintura.
Cenário 2 – o último vagido da república Velha.
Nesse caso o pacto tentaria anular gradativamente a Lava Jato poupando as velhas lideranças. Certamente o Ministro Gilmar Mendes está trabalhando incansavelmente com o interino Michel Temer na busca dessa saída.

Apenas adiará para 2018 o acerto de contas com as urnas."

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terça-feira, 7 de junho de 2016

Política: ‘Xadrez de Temer, o Rei de Ouro e a Libra’

Por Luis Nassif e Patricia Faermann, no GGN - "Cai o rei de paus, cai o rei de copas, cai o rei de espada, falta o rei de ouro. Com a travessia de mais um rubicão – o pedido de prisão de José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá e Eduardo Cunha, os inquéritos contra Aécio Neves – falta apenas o rei de ouro: o interino Michel Temer, e algumas peças acessórias do PSDB. E aí se chega ao rei de ouro.

Não haverá como o interino Temer se livrar, pois, ao contrário de José Serra – que sempre operou através dos fundos de investimento de sua filha – Temer deixou rastros por toda a sua carreira.

O primeiro rastro é o crescimento vertiginoso do seu patrimônio especialmente nos últimos dez anos, de alguém que, no período,  exerceu apenas a carreira política. O segundo, suas ligações com o porto de Santos, especialmente com a Libra Terminais.

Em Santos, quando se menciona a Libra, o bordão é antigo: Libra é Temer.



OS INQUÉRITOS ARQUIVADOS

O caso do agora presidente interino Michel Temer com o grupo Libra e as obras do Porto de Santos data de, pelo menos, 14 anos atrás. Somente em 2016, entrou um novo personagem, estreitamente ligado a Temer: Eduardo Cunha.

Entre esses dois momentos, ao longo de dez houve dois inquérito arquivados.

A primeira investigação ocorreu em 2002, em um processo administrativo preliminar, que apontava a suspeita da participação de Temer em esquema de cobrança de propina de empresas detentoras de contratos no porto de Santos, no Estado de São Paulo. À época, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, determinou o arquivamento por considerar que não havia provas suficientes.

Passados quatro anos, a Polícia Federal encontrou novos indícios e voltou a investigar o então deputado federal pelo PMDB. A PF instaurou um inquérito em 2006, indicando Michel Temer como possível beneficiário de pagamento de propinas.

O inquérito que levou quatro anos para chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), apenas em fevereiro de 2006. Antes nas mãos da Procuradoria da República em Santos, a então procuradora que comandava o caso, Juliana Mendes Daun, afirmou que "Temer figura efetivamente como investigado neste apuratório".

Por esse motivo, encaminhou o caso à Suprema Corte no dia 15 de setembro de 2010, em plena campanha eleitoral, como vice da presidente Dilma Rousseff. O delegado responsável pelas investigações, Cassio Nogueira, queixou-se da demora para o caso ser enviado ao STF, o que teria atrasado toda a apuração e impossibilitando o seu aprofundamento.

"Após quatro anos, muito pouco avançou a apuração naquilo que se poderia chamar aprofundamento das investigações, até porque as pessoas citadas na denúncia como envolvidas não foram nem sequer inquiridas", escreveu o delegado à então procuradora responsável.

Em reportagem publicada em abril de 2011, a Folha de S. Paulo também aponta que houve uma "tramitação arrastada" e "manobras dos advogados dos envolvidos".

Mas após, por fim, ser remetido ao STF, contudo, a equipe de procuradoria era outra - sob o comando do então procurador-geral Roberto Gurgel. Gurgel solicitou o arquivamento da investigação de mais de oito anos por considerar, assim como o seu antecessor, que não havia fatos novos contra Michel Temer e que ele deveria ser excluído do processo.

Com a manifestação de Gurgel, o ministro que detinha a relatoria do caso, Marco Aurélio, determinou a exclusão do nome de Temer do processo, ordenando o seu arquivamento e remetendo os autos referentes a quem não tinha foro privilegiado à Justiça Federal em Santos.

O MISTERIOSO MT, BENEFICIÁRIO DA PROPINA

Por outro lado, a investigação feita até então da Polícia Federal reunia indícios de que empresas distribuíram propinas para vencer concorrências para a exploração de áreas do porto de Santos, administrado pela Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp). A exemplo do que foi revelado com a Operação Lava Jato, no caso dessas obras, a influência política era de Temer e de seu partido, o PMDB.

O presidente da Codesp entre 1995 e 1998, Marcelo de Azeredo, foi indicado pela sigla e, posteriormente, tornou-se o principal investigado do processo. Os dados da investigação tomaram como base planilhas e documentos enviados pela ex-esposa do empresário, Érika Santos, que pediu a dissolução de união estável na Vara da Família em Santos.

As planilhas mostravam que a propina foi entregue a Azeredo, a um terceiro sujeito chamado como "Lima" e a alguém identificado como "MT". Para a PF e os procuradores, MT seria Michel Temer. Nas negociações, o agora presidente interino, Lima e o PMDB teriam recebido indevidamente R$ 1,28 milhão, o equivalente a 7,5% do contrato da Libra para explorar dois terminais do porto. Apenas o interino teria angariado a metade desse valor.

Paralisado em 2011, apenas no início deste ano foi revelado mais um capítulo da influência do PMDB no Porto de Santos. O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atuou para beneficiar a Libra em nova legislação.

Cunha incluiu na Medida Provisória dos Portos uma emenda parlamentar, permitindo que o grupo renovasse contratos de concessão de terminais portuários - sendo que mantinha uma dívida milionária com o governo federal nas obras da Codesp e, por isso, estava impedido de fechar novas contratos. A emenda foi criada por Eduardo Cunha e mantida pelo deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), outro aliado de Temer, em seus últimos dias no comando da Secretaria Especial de Portos (SEP).

Ainda na campanha de 2014, o então vice Michel Temer criou uma Pessoa Jurídica apenas para receber doações eleitorais e repassá-las a candidatos a outros cargos públicos, aliados do PMDB, entre deputados estaduais e federais. A conta PJ de Temer recebeu do grupo Libra R$ 1 milhão de dois sócios da empresa que se beneficiou na compra de 100 mil m² no Porto de Santos há mais de 20 Anos.


O FATO NOVO


 O fato novo foi a pressão do já vice-presidente Michel Temer sobre o Advogado Geral da União Luiz Adams, visando preparar um decreto para a criação de uma comissão de arbitragem destinada a analisar as dívidas das operadoras de terminais do Porto.

Adams foi alvo de intensa pressão de Temer. Segundo fontes bem situadas, Temer chegava a fazer ligações telefônicas diárias para ele.
Quando o caso apareceu na operação Castelo de Areias, Adams recuou e, na linha de frente, entrou seu vice.

Quando o tempo melhorou, o decreto da arbitragem voltou à cena, foi assinado por Dilma Rousseff. O primeiro caso foi o da Libra, que recebeu perdão de R$ 1,8 bilhão de dívidas passadas.
Uma análise superficial das propostas de Moreira Franco para os portos certamente indicará medidas de interesse direto da Libra."

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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Com aval de Temer, Câmara aprova pauta-bomba de R$ 58 bi em reajustes

Por Débora Álvares, Folha de São Paulo – “Apesar da expectativa de fechar 2016 com um rombo de R$ 170 bilhões nas contas públicas, o governo interino de Michel Temer (PMDB) e sua base na Câmara concordaram com a aprovação de um megapacote de reajuste para o funcionalismo federal –Executivo, Judiciário e Legislativo, além do Ministério Público–, com impacto de ao menos R$ 58 bilhões até 2019.

Represados na gestão de Dilma Rousseff, 15 projetos de lei que estabecem reajuste e benefícios ao funcionalismo foram aprovados entre a noite desta quarta-feira (1º) e o início da madrugada desta quinta-feira (02).

Michel Temer-interino

Depois dos reajustes, os deputados aprovaram em primeiro turno a DRU (Desvinculação de Receitas da União).”

Siga para a matéria completa em:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/06/1777387-com-aval-de-temer-camara-aprova-pauta-bomba-de-r-58-bi-em-reajustes.shtml

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terça-feira, 31 de maio de 2016

Política - 'Xadrez do PMDB jogado ao mar'

Por Luis Nassif, no Jornal GGN - "Primeiro, alguns flashes da estrutura de poder no país e de suas derivações para o jogo político-partidário. Desde a redemocratização, apenas dois partidos se tornaram alternativas efetivas de poder, o PSDB e o PT. Os demais – PFL/DEM e PMDB – sempre se comportaram como partidos secundários que ajudavam a construir a base parlamentar de apoio ao governo.



Mesmo com a perda de dimensão eleitoral, por falta de alternativas o PSDB se manteve o partido com melhores ligações com as estruturas máximas de poder: o poder econômico paulista, os grupos de mídia, o Judiciário e o Ministério Público (que, a partir da liberdade concedida pelos governos do PT, tornou-se poder de fato), além das relações internacionais.

O PMDB representa apenas poderes regionais e uma malta que emergiu do Brasil profundo no bojo das distorções criadas pelo sistema de coligações partidárias.

Quando se menciona um Alto Comando do processo do impeachment, pensa-se necessariamente em setores do PSDB ligados a FHC-Serra, na Procuradoria Geral da República, na Globo e em parte do Supremo Tribunal Federal (STF) influenciado por Gilmar Mendes.

Este é o eixo central.

Entendido esse ponto, ganham lógica informações aparentemente contraditórias – como a continuação dos vazamentos e as ameaças da Lava Jato sobre personagens que tiveram papel ativo na derrubada de Dilma, além da defenestração de Aécio Neves.

A Lava Jato não vai parar. Ou melhor, só irá parar quando bater no centro de poder do PSDB.
Entra-se agora na segunda fase do jogo, que consiste em impedir a volta de Dilma e, ao mesmo tempo, jogar ao mar as lideranças do PMDB que participaram do golpe.

OS FATORES CONDICIONANTES DO JOGO POLÍTICO

Primeiro, vamos a um balanço dos fatores que condicionarão os cenários políticos:

Fator 1 - Derretimento da legitimidade do governo interino.

A cada dia que passa mais se amplia a perda de legitimidade. Longe de refletir a inexperiência inicial de um governo novo, a sucessão de desastres políticos mostra a prepotência de uma horda de bárbaros que ainda não entendeu o tamanho do país.

Fator 2 - O derretimento da banda peemedebista do grupo de poder.

Parte relevante do desgaste se deve aos Ministros suspeitos do governo interino. Sem fatos novos, não haverá como o governo interino conviver com a narrativa cada vez mais sólida de que o golpe visou blindar o grupo de poder. O fato das investigações estarem centradas nessa banda apenas é elemento central do nosso cenário final.

Fator 3 - Dificuldades no Legislativo com a base política heterogênea.

Como resultado da não conquista da credibilidade, haverá dificuldades de monta em aprovar o pacote de maldades planejado pelo Ministro da Fazenda Henrique Meirelles. No início, parecia que as resistências seriam contra a mudança de regras na Previdência. Mais rapidamente do que o previsto, está caindo a ficha do Congresso sobre os impactos da desvinculação orçamentária sobre saúde e educação.

A retirada dos subsídios para as faixas de baixíssima renda do MCMV (Minha Casa Minha Vida) foi uma sinalização eloquente da falta de mínimo verniz político e social da área econômica do governo interino. Por dez mil réis escancaram a bocarra anti-social em cima do setor mais vulnerável da sociedade.

Fator 4 - A ofensiva seletiva da Lava Jato e da mídia, com o uso de gravações.

Está nítido que o pacto para conter a Lava Jato passa pelo Ministro Gilmar Mendes. Mas o leão não se contentou com a carne fresca dos petistas. O próximo prato será das lideranças peemedebistas e de parlamentares da base.

(Nos comentários, o leitor que assina Onkoto traz uma ótima análise para completar o entendimento sobre o momento)


Fator 5 - a inviabilização de Aécio Neves.

Aécio Neves nunca teve papel relevante junto ao Alto Comando. Faltavam-lhe fôlego, envergadura política, capacidade de análise e de formulação. Seu trunfo era o recall das eleições de 2014. As sucessivas menções em delações e a inacreditável blindagem penal garantida por Gilmar Mendes, na prática inviabilizaram sua candidatura pela exposição de seu passado político – mesmo que seja penalmente blindado. Tornou-se dispensável. Esse fato tem desdobramentos nas estratégias do Alto Comando, na medida em que deixa o PSDB sem candidato competitivo para novas eleições.

Fator 6 - a possibilidade de reversão do impeachment.

A imagem de Dilma Rousseff está passando pelo estágio do terceiro perdão. Trata-se de um fenômeno característico do mercado de opinião, a reavaliação dos ídolos caídos. No poder, o estilo seco de Dilma era lido como arrogância; apeada do poder por um golpe, passa a ser visto como altivez. Dilma ainda é beneficiada pela comparação com o esquema de poder que ascendeu. Mas não lhe garante a governabilidade, caso caia o impeachment.

As alternativas políticas


Os cenários abaixo não se baseiam em informações objetivas, mas em indícios e deduções. Logo, precisam ser relativizados.

No momento, vê-se duas estratégias políticas sendo esboçadas, ainda de forma embrionária.

Alternativa 1 - adiamento das eleições de 2018 e ampliação do golpe com o judiciário

Junte e consolide as seguintes informações que apareceram esparsamente na mídia.=
1. Reunião de Temer com o general Sérgio Etchegoyen, Gabinete de Relações Institucionais (GSI) e os três comandantes militares.
Até agora não foi dada uma explicação lógica para esse encontro.
2. Entrevista do novo Ministro da Defesa desqualificando o Congresso e defendendo a Lava Jato até "as últimas consequências".
É a retórica que se enquadra nessa noção de golpe parlamentar com aval do judiciário (http://goo.gl/CZJd6w).

Na entrevista, Raul Jungman (PPS, partido auxiliar do PSDB) diz que “o Congresso chegou no fundo do poço”. O que explica um Ministro de um governo que diz depender desesperadamente do Congresso desancar dessa forma o parlamento?

No decorrer da entrevista, aparece uma lógica clara. Jungman enfatiza a posição legalista das Forças Armadas e diz que nada pode ser fora da Constituição.

Na sequência, define a Constituição de 1988 como "a Constituição do Ministério Público, das prerrogativas do Poder Judiciário e de um aumento inédito da autonomia da Polícia Federal em relação à política".

Diz que qualquer crise tem que passar pelo Congresso. Mas espera que a Lava Jato faça uma limpeza na casa para que a "parcela regeneradora" do Congresso ajude o presidente interino a tirar o país da crise.

Alguma dúvida? Sendo tudo feito dentro da lei, inclusive a inabilitação ou até prisão de Lula, caberá às Forças Armadas garantir a ordem e a Constituição.

3. Encontro noturno entre Gilmar Mendes e Michel Temer
Não há tema administrativo que justifique encontros noturnos, em fins de semana e fora do ambiente de trabalho e do regiustro na agenda, entre um presidente interino, provável réu de processos no STF, e um Ministro do Supremo que, nos últimos dias, empenhou-se em bloquear investigações da Lava Jato, justamente contra Aécio Neves.

Até agora, Gilmar tem sido o goleiro para impedir qualquer gol da Lava Jato que fuja do script por ele defendido.

Esse conjunto de evidências amplia a possibilidade de uma estratégia visando permitir ao PSDB assumir o governo Temer – pelo afastamento da banda do PMDB – e trabalhar pelo adiamento das eleições de 2018.

Ou - o que é mais provável - pela implantação do chamado semiparlamentarismo, como lembrou o comentarista PauloBr.


ALTERNATIVA 2 – ELEIÇÕES GERAIS


Em função do desastre inicial do governo Temer, das ousadias antissociais, do atrevimento em promover mudanças constitucionais sendo apenas interino, e da recuperação da popularidade de Dilma, há a possibilidade do impeachment ser derrubado na votação final do Senado.

O maior empecilho é a constatação de que Dilma poderá recobrar o cargo, mas é quase impossível que recobre as condições de governabilidade. Ela não tem interlocução mínima com nenhum dos centros de poder, nem com o STF, com o MPF, com setores empresariais e com o Congresso.
Dificilmente ela conseguiria produzir um cenário minimamente factível sobre o que seria seu governo, em caso de queda do impeachment.

A única maneira de derrotar o golpe seria levantar a bandeira das eleições gerais. Não se trata de desejo, proselitismo, mas de avaliação do cenário político e das possibilidades de Dilma.
Seria a maneira mais objetiva de desarmar o golpe e permitir uma retomada do jogo político, com a decisão voltando novamente para os eleitores, já que até o Supremo parece ter se esquecido do princípio básico da Constituição de que "todo poder emana do povo e em seu nome será exercido"."

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domingo, 29 de maio de 2016

Política - “Temer vai ter de se ajoelhar para Eduardo Cunha”, diz Dilma à Folha

Por Fernando Brito, no Tijolaço, em 28/05/16 -Não vai esperar até amanhã e vão surgir 10 mil declarações de revolta. A verdade dói e gritam quando dói. E Dilma foi – vou ser gentil – na canela de Temer da  entrevista que deu a Monica Bergamo, na Folha. “Podem falar o que quiserem: o Eduardo Cunha é a pessoa central do governo Temer. Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura [deputado ligado a Cunha e líder do governo Temer na Câmara]. Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha. Vão ter de se ajoelhar.”

Depois do impeachment
Dilma aponta Cunha como o grande responsável pelas dificuldades de seu governo, pela pressão que exerceu com o controle do Legislativo, sobretudo depois que passou a ser alvo da Lava Jato:

Todas as tentativas que fizemos de enviar reformas para o Congresso foram obstaculizadas, tanto pela oposição quanto por uma parte do centro politico, este liderado pelo senhor Eduardo Cunha. Pior: propuseram as “pautas-bomba”, com gastos de R$ 160 bilhões. O que estava por trás disso? A criação de um ambiente de impasse, propício ao impeachment. Cada vez que a Lava Jato chegava perto do senhor Eduardo Cunha, ele tomava uma atitude contra o governo. A tese dele era a de que tínhamos que obstruir a Justiça.

Obstrução que, para ela, está no centro da conspiração que as fitas gravadas pelo ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, fez conversando com Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney:

Eu li os três [diálogos]. Eles mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a “sangria” continuaria. A “sangria” é uma citação literal do senador Romero Jucá.Outro dos grampeados diz que eu deixava as coisas [investigações]correrem. As conversas provam o que sistematicamente falamos: jamais interferimos na Lava Jato. E aqueles que quiseram o impeachment tinham esse objetivo. Não sou eu que digo. Eles próprios dizem.

Dilma, segundo a repórter, está bem disposta, aguerrida e confiante. Tanto que fala em chegar a 30 votos na decisão final do Senado. O desnudamento das entranhas do golpe veio mais rápido do que ela poderia imaginar no melhor dos seus sonhos.

Aguardem as reações histéricas à sua entrevista.

Está evidente que os dois lados têm acesso a pesquisas de opinião que, até agora, estão sendo sonegadas ao grande público.

Mas que vão aparecer.

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PS do Blog do Guara: Como pode o cidadão comum, minimamente informado sobre a politica atual brasileira, conceber que o presidente da Câmara dos deputados afastado de suas funções públicas pelo Supremo Tribunal Federal por crimes diversos, dentre eles o de corrupção ativa, continuar a exercê-las impunemente com a maior desenvoltura e desfaçatez? Esta chancela da última instância de justiça do país não vale nada!? Pobre sistema judiciário brasileiro, que seletivamente prevalece com rigor para alguns e para outros não tem valor nenhum...

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quinta-feira, 26 de maio de 2016

Janio de Freitas: Temer faz lembrar Collor pela violência do pacote econômico

S.O.S.Por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo VIA: Viomundo: "Um país com suas continhas orçamentárias bem ajustadas, dívida em extinção — e, pior do que estagnado, de volta aos níveis imorais de miséria, pobreza, desordem, ensino em retrocesso constante, saúde pública em coma terminal, indústria nacional desmantelada, desemprego e violência urbana.



É o que se pode vislumbrar para os anos vindouros, se efetivadas as medidas que Henrique Meirelles e Michel Temer apresentaram –com o devido cuidado da imprensa para maquiar umas e encobrir outras– como pacote primordial da aventura que iniciam.

A medida central, que consiste em estabelecer um teto permanente para os gastos do governo, só aumentado na proporção da inflação anual anterior, traz para o país uma perspectiva fácil de se presumir.

Mesmo Dilma Rousseff reconhece, entrevistada para a revista Carta Capital, o desastre econômico que foi 2015.

Tudo no Brasil se deteriorou com intensidade assombrosa. A desgraceira que cresce, a ponto de atingir o olimpo das empresas financeiras, é apenas a continuidade de 2015 (por favor, nada de dizer “o ano que não acabou”).

Os serviços públicos estão em pandarecos, os investimentos desabaram, as universidades desmilinguem, tudo é assim.

Apesar disso, o gasto contabilizado do governo no ano passado foi de R$ 1,16 trilhão.

A esse montante, um exercício de Gustavo Patu, na Folha desta quarta-feira (25), aplicou as medidas propostas por Meirelles sob o olhar um tanto vago de Temer.

Constatação: o 2015 de Meirelles teria os seus gastos limitados a R$ 600,7 bilhões. Metade, pode-se dizer, do gasto realizado.

Por mais que tenha havido desperdício de dinheiro público naquele trilhão, não há como evitar a conclusão de que a brutalidade do corte proposto para a nova política econômica só pode trazer ao país a degradação da degradação.

Se com um trilhão o país está em estado deplorável, com gastos pela metade pode-se imaginar como estará.

Ou melhor, nem estará. O crescimento econômico depende do investimento estatal que o inicie e o estimule.

A iniciativa privada no Brasil (e não somente no Brasil) é privada mas não iniciativa.

Meirelles não se ocupou dos investimentos, na apresentação inicial do plano, porque nem era necessário: o teto do Orçamento, corrigido só pela inflação, já indica a exiguidade de investimento em proporções mobilizadoras e de interesse por tê-lo.

Por falar em nisso, Michel Temer comparou-se de raspão a Juscelino. Mas quem Temer faz lembrar é Collor com a combinação de loucuras e violência que aplicou como plano econômico.

Não é inovadora, portanto, a complacência quase envergonhada com que a imprensa se faz colaboradora de Temer, como preço –autêntica liquidação de outono – de não ter o PT no governo nem o risco de Lula em 2018.

Depois, lava-se a história, com ou sem jato.

Mas o malabarismo praticado por muitos comentaristas oferece um lado cômico nessa história de salvar o salvador perdido.

Do cômico ao trágico: o corte proposto contra a educação é também contra os jovens de hoje e as próximas gerações de estudantes; o corte proposto contra a saúde é também contra as gestantes, as crianças e todos os carentes.

Ambos são agressões ao espírito da Constituição e suas intenções de reparação social da nossa história de injustiças e perversidades.

A educação tem hoje, por garantia constitucional, ao menos 18% do arrecadado com impostos. A saúde tem garantia semelhante, em menor percentual.

O plano Meirelles retira da educação e da saúde essa garantia de um mínimo que leve a ampliar e estender a educação, como se deu nas últimas décadas, e atenuar os problemas persistentes na saúde pública.

Os valores ficarão congelados, com futuros acréscimos correspondentes apenas à fictícia correção pela inflação.

Note-se que o ponto de partida, nesse congelamento, é o percentual deste ano de baixa arrecadação.
Logo, educação e saúde já começam com perda substanciosa.

Contas certinhas (no diminutivo, sim, porque serão cada vez menores), que beleza.

Para um futuro condenado sobre um presente caótico."

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