Por Fernando Brito,
no Tijolaço: Basta olhar para fora, para os países em que a epidemia do Covid-19 tem mas tempo, para se concluir que salvo raríssimas exceções, não há sinal de que a situação esteja regredindo a alguma coisa da "normalidade", embora haja várias e temerárias medidas de afrouxamento do isolamento social.
Mesmo onde observa-se um declínio no número de novos casos, este se dá de forma mais lenta do que a disparada que tiveram até que chegassem aos números máximos, do que, aqui, aparentamos estar ainda muito distante, pela precariedade na aplicação de testes e, até, como revela o
Estadão, hoje, pela deficiência na compilação de seus resultados.
Portanto, é provável que, com afrouxamentos e reforços do isolamento, a situação de semiparalisação da economia se prolongará, com toda a certeza, até fins de junho ou mais, para depois só muito lenta e progressivamente voltar a circulação de pessoas.
As pesquisas de comportamento e expectativas de comerciantes e de consumidores, divulgadas hoje pela Fundação Getúlio Vargas, caíram a um nível jamais registrados desde que começaram a ser feitas (veja os gráficos) e deverão baixar ainda mais, com as esperanças de uma crise rápida se dissipando com os dias.
E vão se dissipar, porque o efeito do desemprego - que avança forte apesar das medidas de redução de carga e redução de salário - não começa a se fazer sentir quando se trata do emprego formal.
Todas estas questões objetivas se desenham numa tela de absoluta confusão política que retira do Brasil qualquer possibilidade de ser palco de investimento, ainda que resolva entrar em clima de fiem de feira na privatização de ativos públicos.
E ficaremos pior, com um Ministro da Economia que insiste em falar em cortes ante a crise, está minado pela crescente influência dos militares e "prestigiado" pelo presidente, assim como se diz dos técnicos de futebol depois de derrotas acachapantes.
E claro, ficam só esperando a hora de cair.
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