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sábado, 28 de janeiro de 2023

A autópsia do ovo da serpente (crotalus terrificus) da lava jato, por Lenio Streck

Por Lenio Luiz Streck, no Conjur: Antes de tudo, sim, eu sei que crotalus terrificus é o nome científico de uma serpente específica, a cascavel. O título é para mostrar o problema que poucos viram lá atrás: o ovo desse crotalus. Escrevo para dizer que é muito bom quando a epistemologia vem para mostrar que uma tese é correta. Uma boa pesquisa ilumina caminhos por vezes traçados intuitivamente.
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AGU pede bloqueio de bens de mais 42 presos por atos terroristas

Por Caroline Stefani, no DCM: A Advocacia-Geral da União pediu nesta sexta-feira (27) o bloqueio de bens de mais 42 pessoas presas em flagrante por participar dos atos terroristas de 8 de janeiro. A ação cautelar foi apresentada à Justiça Federal do Distrito Federal.

www.seuguara.com.br/AGU/bloqueio de bens/golpistas/atos terroristas/

Ao todo, já foram apresentadas três peças com o objetivo de possibilitar o ressarcimento dos danos. O prejuízo estimado com a depredação das sedes dos Três Poderes é avaliado em R$ 18,5 milhões.


A pasta pediu a indisponibilidade do patrimônio de 134 pessoas e sete empresas. Dessas, 82 pessoas participaram das depredações e outras 52, junto às empresas, financiaram o fretamento de ônibus para Brasília.


O juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro já acolheu o primeiro pedido de bloqueio de bens, que dizia respeito aos acusados de financiar caravanas para os atos antidemocráticos.

"Ao menos R$ 4,3 milhões só em veículos de pessoas e empresas envolvidas já estão bloqueados", informou a AGU.

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Polícia Federal busca mais 11 golpistas para prisão e faz 27 buscas e apreensões

Reportagem de Patrícia Faermann, no GGN: A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (27), a terceira fase da Operação Lesa Pátria, para prender e investigar golpistas dos atos do dia 8 de janeiro. Ao todo, forma determinados11 mandados de prisão preventiva e mais 27 de busca e apreensão em 6 estados e Distrito Federal. Ainda nas primeiras horas do dia de hoje, 5 dos 11 alvos já tinham sido presos. Eles deverão prestar depoimento ainda nesta sexta.

www.seuguara.com.br/golpistas/prisão/bkusca e apreensão/

Em Minas Gerais, os dois presos, Carlos Antunes Barcelos e Marcelo Eberle Motta, participaram dos atos e Motta é o coordenador do movimento "Direita vive!", em Juiz de Fora, onde o acusado é conhecido por atacar jornalistas.

Em Santa Catarina, foi presa Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, que parece em vídeos depredando os prédios públicos.


Para identificar os novos alvos, a PF usou imagens das câmeras dos circuitos internos dos Três Poderes e imagens de drones da PF, gravadas no dia 8. Os investigadores também rastrearam os acusados por trocas de mensagens em plataformas digitais, chegando-se a toda a cadeia do ato golpista, incluindo financiadores e mentores.


Logo pela manhã, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou da Operação: "Hoje estão sendo cumpridos, pela Polícia Federal, mais 11 mandados de prisões preventivas e 27 de busca e apreensão contra golpistas e terroristas. A autoridade da lei é maior do que os extremistas".

A mensagem foi compartilhada também pelo interventor da Segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli: " A lei será cumprida", escreveu no Twitter.

Em nota, a Polícia Federal informou que os alvos na manhã desta sexta são investigados de: abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado; associação criminosa; incitação ao crime; destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.


Confira quantos mandados de prisão e de busca e apreensão foram feitos em cada um dos estados e no Distrito Federal:

Distrito Federal: 2 prisão e 4 de busca e apreensão

Espírito Santo: 4 de prisão, 8 de busca e apreensão

Minas Gerais: 2 de prisão, 4 de busca e apreensão

Paraná: 1 de prisão, 1 de busca e apreensão

Rio de Janeiro: 1 de prisão, 9 de busca e apreensão

Santa Catarina: 1 mandado de prisão, 1 de busca e apreensão

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Ministério Público aponta 71 do Paraná suspeitos por atos golpistas

Redação/Bem Paraná: O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MP/PR) encaminhou ao Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, do Ministério Público Federal, informações sobre 71 pessoas com origem no Paraná que são suspeitas da participação em atos golpistas e antidemocráticos.
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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Anderson Torres afirma que foi surpreendido por atos golpistas

Redação/Bem Paraná: O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, disse em sua audiência de custódia que foi surpreendido pelos atos golpistas na Praça dos Três Poderes. Ele saiu de férias às vésperas dos protestos e teve a prisão preventiva decretada quando ainda estava nos Estados Unidos sob suspeita de se omitir ou facilitar a ação dos radicais.
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

O bolsonarismo quis a guerra, e agora terá que arcar com a derrota. Por Leonardo Mendes

Por Leonardo Mendes*: O filósofo alemão Carl Schmitt escreveu boa parte de sua obra durante a república de Weimar - o período logo após a derrota da Alemanha na Primeira Guerra e a ascensão do nazismo ao poder - mas pode ser também ainda fundamental para entendermos o Brasil de hoje.
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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

É hora de o Brasil apontar o dedo para as Forças Armadas e desembarcar do cinismo golpista

Publicado por Carla Jimenez, no The Intercept/Brasil: O dia 8 de janeiro expôs ao Brasil a materialidade de um crime que estava em gestação no submundo da política. Houve um intento de golpe de estado transmitido praticamente em tempo real por milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro. Desde então, já sabemos que há potencial para novos atentados violentos, que há integrantes golpistas nas Forças Armadas e na Polícia Militar, e até que o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, tinha uma minuta pronta para contestar o resultado das eleições de 2022.

www.seuguara.com.br/Brasil/Forças Armadas/golpe/democracia/atos antidemocráticos/

Uma janela foi aberta neste domingo para desembarcar do cinismo das argumentações retóricas, como a famigerada "liberdade de expressão" defendida por bolsonaristas, e passarmos a chamar as coisas pelo verdadeiro nome por vias oficiais, saindo da tucanização que a falsa diplomacia brasileira carrega em seu DNA.

"Os desprezíveis ataques terroristas à democracia e às instituições republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática de atos antidemocráticos", escreveu, no mesmo dia 8, o ministro Alexandre de Moraes em uma inédita decisão de afastar do cargo por 90 dias o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha.


Enquanto o mundo assistia estarrecido às imagens da réplica malfeita da invasão do Capitólio nos Estados Unidos, nasciam novos braços institucionais para blindar a democracia. A Advocacia Geral da União, a AGU, criou o Grupo Especial de Defesa da Democracia, e a Procuradoria Federal de Direitos do Cidadão, a PFDC, formou o Grupo de Apoio à Defesa da Democracia para agilizar a comunicação entre os órgãos públicos. 

"Temos notícias da criação de diversos grupos extremistas. Precisamos nos unir para desmobilizá-los e promover a estabilidade necessária ao nosso pais", me disse o procurador Carlos Alberto Vilhena, da PFDC. Até a Procuradoria-Geral da República anunciou, dias depois, um Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos para não ficar atrás.


Parte da imprensa parece rever também o seu papel. Ainda soa estranho ouvir os apresentadores do Jornal Nacional anunciarem "vândalos" ou "atos terroristas" de uma massa de pessoas brancas, viúvas da ditadura militar. Faz bem pouco tempo que no Brasil a imprensa se negava a admitir que Bolsonaro era um mandatário de ultradireita.

A nossa geração não tinha ideia do que era a extrema direita em ação. A era bolsonarista e seus atentados nos apresentaram essa realidade. Nos últimos dias, até os mais céticos - excluindo os fanáticos "patriotas" - perceberam o tamanho da encrenca.


Agora, já não há dúvidas de que integrantes das forças de segurança do Planalto abriram as portas para os golpistas invadirem a praça dos Três Poderes, como disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada - isso porque a posição dos estilhaços indica que as vidraças foram quebradas de dentro pra fora. 

Antes do fatídico 8 de janeiro, havia agressões verbais, milícias virtuais e uma negação de que, nessa dinâmica com roupagem de "liberdade de expressão", havia incitação a crimes. Foi a tese sustentada pelo governo Bolsonaro e os generais em seu entorno, como Hamilton Mourão.


É a mesma hipocrisia da qual são vítimas inúmeras mulheres que denunciam as ameaças de agressão de seus parceiros, mas são ignoradas até que uma tragédia aconteça. A democracia brasileira também viveu sua tentativa de feminicídio no último domingo, desnudando a desfaçatez que permeia as relações de poder no Brasil desde a fundação da República. 


Os militares nunca deixaram de querer se colocar como uma instância superior e heroica. Fomentaram o messianismo de inocentes úteis em nome da Pátria. Pessoas idosas, gente simples que ingenuamente se colocou em acampamento, seguindo mensagens religiosas, quiçá para aplacar a solidão de não conseguir acompanhar uma sociedade mais complexa, com o fortalecimento de diversos estratos que antes não tinham voz.


Não faz tempo que o general Villas Bôas fez ameaças dissimuladamente golpistas às vésperas do julgamento do habeas corpus de Lula, que poderia liberá-lo da prisão. Foi um tuíte sinuoso que deu aval aos "patriotas". "Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", escreveu ele, em 3 de abril de 2018, arvorando-se uma competência que jamais coube às Forças Armadas.

Villas Bôas, então comandante do Exército, plantava as sementes que colhemos com Jair Bolsonaro presidente e com os atos terroristas de domingo. Maria Aparecida Villas Bôas, esposa do general, inclusive, era uma visitante entusiasta dos "cidadãos de bem" em frente ao quartel-general de Brasília. 


"Ficou claro agora que essa pessoas são capazes de cometer crimes, ações materiais muito violentas, com o intuito de iniciar um caos geral que levasse ao colapso das instituições", me disse o jurista Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público. "Não é só uma possibilidade. O fato ocorreu, a partir de um caldo de cultura fomentado também por pessoas como as deputadas Carla Zambelli, Bia Kicis, por Bolsonaro", completou.


Não estamos em 1964. O mundo se move para fortalecer a democracia contra governos autoritários. Não podemos mais baixar a guarda, mesmo que uma boa parte do Brasil ainda esteja cego. Não vai ser em um dia, em um mês ou em um ano que o país vai colocar tudo nos eixo. Esses tristes anos de governo Bolsonaro, ao menos, nos ensinaram a resistir e a reconhecer os hipócritas e a perceber como são camaleônicos. Temos de ensinar às próximas gerações a identificar esses falsos democratas.

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Desmontagem de acampamentos opõe PM e Exército

Bem Paraná: A desmontagem de acampamento de bolsonaristas em Brasília e a prisão dos extremistas gerou um novo conflito de versões entre o governo e a Polícia Militar do Distrito Federal de um lado e o Exército do outro. No centro agora da polêmica estaria a resistência em acabar de uma vez com o local na noite do domingo dia 8 - horas depois da invasão da sede dos Três Poderes - e prender os radicais que teriam se refugiado na frente do Quartel-General da Força Terrestre, no Setor Militar Urbano (SMU).

www.seuguara.com.br/acampamentos/desmontagem/PM/Exército/

Na sexta-feira passada, o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse em depoimento que o Comando do Exército não havia permitido que o acampamento fosse desmontado no dia 29 de dezembro, antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Agora foi a vez do do ex-comandante da PM do DF Fábio Augusto Vieira afirmar, em depoimento à Polícia Federal, que a Força se negou a permitir que a tropa de choque da PM entrasse no acampamento para deter os vândalos na noite do dia 8.


O coronel afirmou que, em meio ao início das ações golpistas, o Exército "já estava mobilizado para não permitir" a entrada da PM no SMU, onde estava localizado o acampamento de bolsonaristas. De fato, naquela noite, o Exército posicionou sua Tropa de Choque e três blindados, cercando a praça na frente do QG.

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Aras recebe notícia-crime de Lira sobre invasões terroristas em Brasília [vídeo]

Por Kaíque Moraes, em O Essencial: Na manhã desta segunda-feira (16), o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Arthur Lira (PP), entregou uma notícia-crime sobre as invasões terroristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF), no último domingo (8), ao procurador-geral da República, Augusto Aras.

www.seuguara.com.br/Augusto Aras/Arthur Lira/notícia-crime/terroristas/Brasília/

"Muito mais do que a depredação do patrimônio público, um atentado às instituições, o risco que o Brasil correu. E o mínimo que a gente pode exigir é que essas pessoas que foram e serão caracterizadas aqui por parte da política legislativa ou da polícia militar [sejam punidas]", disse Lira.


Por sua vez, Aras declarou que "tomará todas as medidas cabíveis junto às autoridades judiciais para apurar e punir os responsáveis pelos atos e sobretudo para impedir que fatos como os registrados no dia 8 de janeiro voltem a ocorrer no país".


No dia das invasões, o chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou que a Procuradoria da República no Distrito Federal iniciasse uma investigação criminal para apurar a responsabilidade dos envolvidos na invasão das sedes dos Três Poderes.

"Esperamos que o Ministério Público cumpra o seu papel e promova a responsabilização não só por causa da depredação, que é grave, mas sobretudo por causa do atentado sofrido pelas instituições", afirmou Lira, ao falar sobre o papel do órgão em reação aos resultados dos atos terroristas.


Além disso, dois dias depois, a PGR criou uma comissão de defesa da democracia, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM). o objetivo do grupo, segundo a resolução, é auxiliar nas investigações dos atos extremistas no país. A comissão terá 1 ano de duração e pode ser prorrogada.

O ato de Lira também foi feito pelo presidente do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD). A representação criminal do senador foi entregue na última sexta-feira (13) a PGR pedindo a abertura de ações penais e bloqueio de bens contra os extremistas de direita presos.


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sábado, 14 de janeiro de 2023

'Ataques em Brasília configuram terrorismo, e não vandalismo'

Por João Batista Damasceno*, no Conjur - artigo originalmente publicado na edição deste sábado (14/1) do jornal O Dia - Poucas palavras têm suas origens efetivamente conhecidas. A etimologia é o estudo da origem e história das palavras, de onde surgiram e como evoluíram ao longo do tempo. E não faltam polêmicas sobre algumas. Mas de uma temos referência da primeira vez em que foi empregada. Trata-se da palavra "vandalismo".


www.seuguara.com.br/vandalismo/terrorismo/Brasília/

Da palavra "vandalismo" sabemos onde e quem usou pela primeira vez. Foi o Padre Grégoire, deputado influente na Constituinte francesa e membro da Convenção, período da Revolução Francesa que antecedeu o Diretório e a ascensão de Napoleão Bonaparte. Ele a escreveu em 1794. Em seus relatórios o Padre Grégoire estigmatizou "o vandalismo e a violência revolucionária do populacho que destrói patrimônio".


O termo foi usado correntemente depois da decapitação de Robespierre, a quem a alta burguesia dizia ser "vandalista que se infiltrou entre nós". Padre Grégoire compunha a "Comissão dos Monumentos" ou "Comissão de Instrução Pública", que tinha o objetivo de apurar e denunciar a 'barbárie' e os 'vândalos' como forças hostis. Além de apontar a violência dos revolucionários como nociva, inventariou "os prejuízos resultantes da venda de bens nacionais" pela aristocracia.


A referência aos vândalos já era estigmatizada, pois se tratava do povo que o Império Romano havia expulsado quando de sua expansão e que, ante o declínio deste, retornavam aos seus territórios. Aliás, esta é a história de todos os pejorativamente nominados como bárbaros. Bárbaro era, na ótica grega, qualquer povo que não falasse sua língua e não compartilhasse sua cultura e forma de organização social. O termo foi apropriado pelos romanos e se tornou modo de expressão pejorativa na referência aos povos estrangeiros.


Gentio era apenas quem não tinha a cidadania romana, mas bárbaro era quem - além de não ter a cidadania romana - não compartilhava os mesmos valores. Numa sociedade excludente e dividida, como é a brasileira, não é difícil compreender o que pensa a classe dominante em relação aos excluídos, tratados como bárbaros a quem não se pode garantir direitos.


A história registra como feito heroico a expansão romana. Na verdade, o que tivemos foi pilhagem, dominação e violência contra outros povos. A história que exalta a expansão romana registra como invasões bárbaras o retorno do povo espoliado aos lugares de origem dos seus ancestrais.


Os vândalos compunham uma tribo germânica oriental que contornou o atual território da Espanha, possivelmente passando por Sevilha na Andaluzia visando à travessia do Estreito de Gibraltar. Conquistado o norte da África, criaram um Estado com capital em Cartago, onde hoje existe a Tunísia. Em 455 os vândalos vingam-se da tomada e dominação daquele território pelos romanos, desde as Guerras Púnicas. Assim, atravessaram o Mediterrâneo e saquearam Roma. Bárbaros e vândalos eram povos estigmatizados. "Vandalismo" foi palavra criada pelo Padre Grégoire. 


O que aconteceu em Brasília no último dia 8 não pode ser classificado como vandalismo. Não se tratou de uma turba aloprada e desorganizada destruidora de patrimônio público. Não se tratou de um evento tal como se fosse um grupo de jovens bêbados em briga de rua na saída de um baile na madrugada. Foi muito pior e é preciso juntar as peças do quebra-cabeça para nos certificarmos do fenômeno com o qual estamos efetivamente tratando. Foi terrorismo.


Terrorismo é um método que consiste no uso de violência, física ou psicológica, por indivíduos ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida por meio de um ataque a um grupo político, ao governo ou à população que o apoia, visando ao transtorno psicológico que transcenda ao círculo das vítimas e se estenda a todos os indivíduos do grupo ou habitantes do território.


Terrorismo é uma estratégia política e não militar levada a cabo por grupos que não são fortes o suficiente para efetuar ataques abertos, sendo utilizada em época de paz, conflito e guerra. A intenção mais comum do terrorismo é causar um estado de medo na população ou em setores específicos da população, com o objetivo de provocar num inimigo político (ou seu governo) uma mudança de comportamento.


Vandalismo é mero crime de dano. O que aconteceu foi terrorismo, pois se tentou, por meio de violência e grave ameaça, depor um governo legitimamente constituído, bem como abolir o Estado Democrático de Direito. Tratam-se de crimes contra as instituições democráticas definidos no Código Penal.


A questão que se torna necessária não é, apenas, a responsabilização dos peões do tabuleiro do xadrez já identificados. Claro que devem responder pelos atos que incidiram diretamente e pelos quais contribuíram de qualquer forma. Mas em tempo de guerra híbrida é preciso analisar a quem serviam, quem comandou e quem facilitou a atuação.


O ovo da serpente começou a ser chocado nos acampamentos tolerados, apoiados e incentivados pelos comandantes militares. As Forças Armadas estão completamente implicadas no processo. Prevaricaremos perante a história se, em nome da pacificação, não impormos responsabilizações. É hora de passarmos a história republicana a limpo, a começar pelo restabelecimento da redação original do artigo 42 da Constituição de 1988, que tratava dos servidores públicos militares, insuscetíveis de se arvorarem como poder moderador.


*João Batista Damasceno é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e doutor em Ciência Política.

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Depoimento: Ibaneis diz à PF que Exército impediu remoção de acampamento no QG

Por Lilian Tahan e Isadora Teixeira, na coluna Grande Angular: O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse à Polícia Federal que o Exército impediu a remoção do acampamento de manifestantes radicais em frente ao Quartel-General do Exército. Em depoimento prestado nesta sexta-feira (13/1), obtido pelo Metrópoles, Ibaneis afirmou que o procedimento de remoção começou no dia 29 de dezembro, "mas foi sustado logo no início por ordem do Comando do Exército".

www.seuguara.com.br/Ibaneis/depoimento/Polícia Federal/

O governador afastado contou que algumas barracas chegaram a ser retiradas, mas o DF Legal, auxiliado pela Polícia Militar, "não conseguiu terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades militares".


Segundo Ibaneis, a equipe de transição do governo federal "tinha conhecimento da oposição do Exército na retirada dos acampamentos". "O GDF trabalhou ativamente e com êxito na segurança da posse presidencial e posteriormente foi sentido um movimento natural de desmobilização, que foi apoiado pelos órgãos do Distrito Federal", relatou oi emedebista.


Ibaneis foi ouvido no âmbito da investigação sobre eventual responsabilidade de autoridades na invasão e depredação do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto. O governador foi afastado do cargo, pelo prazo de 90 dias, por determinação do STF.

O emedebista disse que não recebe o planejamento de segurança da PMDF. Ele pontou que recebeu mensagem do ministro da Justiça, Flávio Dino, "relatando preocupação com a chegada de vários ônibus com manifestantes", no sábado (7/1).


Afirmou ainda que ligou para Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública, e soube que ele estava nos nos Estados Unidos. Segundo o governador afastado, o secretário titular passou o contato do interino, Fernando de Souza Oliveira, que tranquilizou Ibaneis "afirmando haver informes de que os manifestantes estavam chegando pacificamente ao QG do Exército para a manifestação do dia 8/1".


Ibaneis traçou uma linha do tempo do dia 8 de janeiro, quando ocorreram os atos terroristas. Ele informou à PF que no dia dos ataques o secretário afirmou que "o clima" estava "bem ameno".

Às 15h39, Ibaneis disse que determinou a Fernando Oliveira colocar todo o efetivo da polícia na rua, "tirar esses vagabundos do Congresso" e prender "o máximo possível".


Revoltado

O emedebista declarou à PF que ficou "absolutamente surpreendido" com a falta da resistência exigida para a gravidade da situação por parte da PMDF. Ele disse que não quer e não pode generalizar esta afirmação, mas ficou "revoltado" quando viu cenas de alguns PMs se confraternizando com manifestante. 


O governador afastado afirmou que "houve algum tipo de sabotagem", mas que a investigação em andamento deverá esclarecer. Segundo Ibaneis, a exoneração de Anderson Torres se deu porque ele estava ausente do país no momento do "trágico acontecimento" e, portanto, perdeu a confiança no então secretário.

O STF determinou a prisão de Anderson Torres, que permanece nos Estados Unidos e do então comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto Vieira.


Imagem: reprodução/Foto: Pedro Iff


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'Ninho de serpentes está nos quartéis'. Por Breno Altman

Por Breno Altman*: texto publicado em Folha de S. Paulo. A intentona golpista do dia 8 de janeiro não representou um plano de tomada imediata do poder. Tampouco se resumiu a um putsch de bolsonaristas lunáticos. Mais razoável entender esse acontecimento no bojo do processo decorrente da vitória eleitoral do presidente Lula, com a formação de acampamentos nas cercanias das instalações militares. Ali começa um movimento cujo objetivo era provocar caos e desordem, levando a operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Veja lista de pessoas e empresas financiadoras dos atos terroristas de Brasília já identificadas pelo governo

Por Raphael Sanz, no Forum: Apenas quatro dias depois dos lamentáveis ataques bolsonaristas à sede dos Três Poderes em Brasília, o governo divulgou nesta quinta-feira (12) uma lista contendo 52 pessoas e 7 empresas identificadas pela Advocacia-Geral da União )AGU) como responsáveis por terem patrocinados viagens de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à capital.
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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Moraes determina prisão de Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a prisão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Agentes da Polícia Federal (PF) realizam uma operação na casa do ex-ministro, localizada no condomínio Ville de Montagne, no bairro Jardim Botânico, em Brasília. A decisão foi dada em resposta ao pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).

www.seuguara.com.br/Anderson Torres/prisão/Alexandre de Moraes/

Torres é ex-ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um dos seus principais aliados. Ele ainda está viajando para Orlando, nos Estados Unidos, de férias com a família, e tem retorno previsto para o fim de janeiro. A ordem de prisão deve ser cumprida na chegada do ex-ministro ao Brasil.


O ex-ministro do governo havia sido nomeado para o cargo pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), no dia 2 de janeiro. No entanto, ele foi exonerado do comando da Secretaria de Segurança do Distrito Federal no último domingo, 8, em razão de suposta "omissão" na invasão de bolsonaristas à Corte, ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto neste domingo. 


Antes da demissão, em uma postagem no Twitter, Anderson classificou as ações dos extremistas em Brasília como "cenas lamentáveis".


Correio24horas

Imagem: reprodução/Foto: Alan Santos/PR


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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Exército cerca acampamento e impede ação da PM no QG em Brasília

Publicado por Caroline Stefani, no DCM: Integrantes do Exército montaram uma barreira e estão impedindo que policiais militares do Distrito Federal desmobilizem com uso de força o acampamento golpista em frente ao quartel-general em Brasília no início da madrugada desta segunda-feira (9). O ato ocorre após a invasão de terroristas apoiadores extremistas de Jair Bolsonaro (PL) às sedes dos Três Poderes na capital federal.

www.seuguara.com.br/Exército/PM/acampamentos/golpistas/Brasília/

O relato foi feito a coluna de Paulo Cappeli, do Metrópoles, por um representante do governo federal que atua na contenção dos atos antidemocráticos. "O Exército montou uma barreira e está impedindo a atuação do Choque. Parece que há parentes deles acampados no local", disse a fonte do Metrópoles.


Os militares também impedem que novos manifestantes entrem na área do acampamento no final da noite, mas muitos já tinham voltado ao local. "Agora só dá pra sair, não dá mais para entrar mais", disse um dos militares que fazia a barreira no local. 


No entanto, até por volta das 20h de domingo (8), muitos terroristas que participaram do ataque aos Três Poderes já tinham voltado para se esconder ali sem ser incomodados pelos militares.

De acordo com a coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, além de dois ônibus do Exército havia cerca de 30 militares da Força impedindo a entrada dos golpistas no acampamento.


Os militares montaram uma barricada usando blindados num ponto de acesso ao QG e ônibus em outro para impedir o acesso ao QG do Exército. A frente do QG também está isolada com blindados e soldados.

Segundo o repórter André Borges, do Estadão, que cobre os acontecimentos em Brasília, muitos golpistas estão deixando o local com bagagem. "Agora, ninguém mais entra. Só sai", disse um militar ao jornalista.


"Vamos se virar, não tem jeito, temos de acampar em outro lugar", disse uma mulher que deixava o acampamento com outros golpistas. Um grande estacionamento clandestino de carros se formou ao lado, sobre o mato. Diversas pessoas se mobilizavam para sair do local.


De acordo com fontes do governo federal, os militares pediram 12 horas para desmobilizar completamente os golpistas.

Depois de tocarem o terror em Brasília, os extremistas foram se refugiar no QG do Exército, como mostra @DanielWeterman pic.twitter.com/eCOkmhSnet

- Francisco Leali (@fleali) January 8, 2023



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domingo, 8 de janeiro de 2023

Quem não detiver a tragédia, dela será cúmplice. Por Fernando Brito

Publicado originalmente no Tijolaço, por Fernando Brito: Em todos os jornais, lê-se que se prepara uma nova onda de ações do bolsonarismo inconformado para criar tumultos em Brasília. Já trancaram as estradas do país, já surraram pessoas, já provocaram incêndios, depredações e armaram explosivos, o que mais falta?

www.seuguara.com.br/Flávio Dino/manifestações/bolsonarismo/bolsonaristas/

Aliás, nada lhes falta, nem transporte, em ônibus fretados (e sequer revistados), nem abastecimento para se manterem à tripa forra, com carne farta parta seus churrascos - assista aqui como é farto o suprimento.

Não há mais desculpas para a vacilação diante desta aberta tentativa de ataque ao resultado das eleições. Teve-se toda a paciência com os desequilibrados, política e mentalmente, que poderiam estar ingenuamente metidos nesta mazorca.


Mas o que está acontecendo é uma vergonha e está certíssimo o ministro Flávio Dino ao dizer que "pequenos grupos extremistas não vão mandar no Brasil".

Não é possível aceitar tergiversações, como se tratasse ali de uma manifestação legítima e pacífica, como as que a democracia garante.

Não se pode, cinicamente, chamar para comandar as forças de segurança de Brasília justamente aquele que se omitiu criminosamente quando a cidade foi posta a arder por esta turba.


Visivelmente insuflado por financiadores que têm meios materiais e certeza da impunidade, não basta dizer que este movimento, agora, só reúne algumas centenas, porque continua sendo gente suficiente para provocar uma tragédia. Não adianta a desculpa de que a cada diz (sic) são menos porque, ainda assim, são em número suficiente para transformar intenções em gestos.


Nem basta que o governo federal, justamente por ser o alvo deste ânimo selvagem, seja o único a se mobilizar para evitar que ela aconteça.

Passou muito da hora de que se ouça a voz daqueles a quem eles dirigem seus uivos digam-lhes que desistam de um ataque. E estes são Bolsonaro e as Forças Armadas.

Na sabedoria popular, quem cala, consente.

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sábado, 7 de janeiro de 2023

Moraes decreta prisão preventiva de acusados por atos antidemocráticos

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou hoje (06) a prisão preventiva (por tempo indeterminado) de investigados por atos de vandalismo praticados no centro de Brasília, no dia 12 de dezembro do ano passado, após a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Alexandre de Moraes manda derrubar perfis de jornalistas bolsonaristas

Publicado por Daniela Santos e Manoela Alcântara, no Metrópoles: O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou suspender as contas nas redes sociais dos jornalistas bolsonaristas Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo.
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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Governo do DF negocia com militares para desmontar acampamentos golpistas

Redação Brasil de Fato: Governo do Distrito Federal )DF) e Exército estão discutindo alternativas para acelerar a desmontagem de acampamentos antidemocráticos junto ao Quartel-General (QG) de Brasília. Quem garante é o governador do DF, Ibanes Rocha (MDB), que disse nesta terça-feira (27) que mais de 40 barracas já foram retiradas.

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O governador participou de reunião e entrevista coletiva ao lado dos futuros ministros Flávio Dino (indicado por Lula para a pasta da Justiça e Segurança Pública) e José Múcio (Defesa). O encontro aconteceu no Palácio do Buriti, sede do governo do DF. Eles garantiram que todo o efetivo da Polícia Militar do DF trabalhará na cerimônia de posse, com apoio da Polícia Civil, que terá agentes disfarçados após "os últimos acontecimentos".     

"Temos um grande sistema de inteligência voltado para grandes eventos. Para todos aqueles que estiverem pensando em algo parecido [com o que ocorreu no último sábado, quando um homem foi detido com artefatos explosivos], podem ter certeza de que serão repreendidos", destacou Ibaneis.


Em nota enviada ao Brasil de Fato, a Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP/DF) afirma que está atuando junto a outros órgãos, tanto locais como federais, para manutenção da ordem pública, e as forças de segurança estão monitorando o território com câmeras, drones e apoios de serviço de inteligência para identificar e prevenir possíveis ataques a segurança da população.

Ainda de acordo com o texto, a SSP/DF afirma que os atos do último fim de semana foram "praticados por grupos isolados", e estão sendo apurados pela Polícia Civil e pela Polícia Federal.


Segundo informou a Agência Brasil, o governador espera uma redução na quantidade de pessoas que se reúnem junto ao QG até o próximo domingo (1º), quando o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dará início a seu terceiro mandato. O governador disse que espera que a desmobilização "ocorra de forma natural".


Dino, que na última segunda (26) foi incisivo ao dizer que "todas as providências serão tomadas" contra pessoas que atentam contra a democracia, celebrou o encontro com Ibaneis, e reforçou o empenho em garantir um evento seguro e com ampla participação de militantes no domingo. "Obtivemos esse compromisso no sentido de que haverá uma mobilização integral, de 100% do efetivo da polícia militar, da polícia civil e do corpo de bombeiros para garantir segurança não só ao presidente da República e às declarações estrangeiras, mas às pessoas que vão participar do evento", destacou.


O futuro ministro da Justiça disse ainda que o roteiro dos eventos da posse está mantido como planejado incialmente, mas o esquema poderá sofrer ajustes até o dia do evento. Ainda não está definido, por exemplo, se Lula vai desfilar em carro aberto, já que além das questões de segurança há também fatores climáticos - é possível que chova forte no dia.


Edição: Rodrigo Durão Coelho


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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Bolsonaro testa a gratidão dos que têm dívidas impagáveis. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Grandes empresários que prometeram a Bolsonaro uma luta heroica e incessante pelo golpe já abandonaram o líder. Poucos continuam promovendo nas redes sociais os acampamentos na frente dos quartéis. São os que ainda têm coragem para expressar gratidão e fidelidade incondicional a Bolsonaro. O resto todo se evaporou, se dispersou e começou a silenciar em dezembro.

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Os homens do dinheiro poderiam inspirar os patriotas até o limite, mas mandaram dizer a alguns jornalistas que estariam cansados de guerra, até mesmo no zap. 

Uma guerra em que eles não aparecem presencialmente, mas financiam e empurram manés em transe para a linha de frente.


O cansaço pode ser muito mais o temor com as consequências do que não deu certo e dificilmente dará.

Um golpe fracassado não sairá de graça para quem vive de preservar interesses. O silêncio é a exaustão misturada a covardia.

Há refluxo num movimento que nunca se revelou forte o suficiente para conseguir o que a extrema direita queria.

Os bloqueios nas estrada desapareceram, e tem mais gente voltando do que indo em direção aos acampados.


Bolsonaro fica no meio do caminho, mas atrapalhado do que orientando condutas, e os últimos a levarem o blefe a sério não sabem com quem contar.

É possível que a clausura de Bolsonaro tenha sido motivada pela dúvida. Em algum momento ele percebeu que não poderia contar com empresários que tiveram proteção do governo e políticos que construíram seus planos comendo na sua mão.


Mas o derrotado irá cobrar essa conta. Cobrará dos que se beneficiaram das suas ações ou omissões, em muitas frentes, e dos que chegam a governos, aos Congresso e a Assembleias com mandatos que só existirão porque ele existe.

Saberemos, quando tapetes imundos forem erguidos pelo governo Lula, o que parte desse contingente de apoio a Bolsonaro ganhou para ser tão radical e 'ideologicamente' fiel ao tenente que mandava em generais.


Que favores Bolsonaro dispensou a alguns apoiadores que vieram até aqui gritando o jogral do golpe e que só agora decidiram parar.

Que concessões criminosas foram feitas a grileiros, garimpeiros, contrabandistas de madeira e bandidos da floresta nos quatro anos de bolsonarismo? E não são apenas bandidos de chinelo de dedo.


Que 'ideologia' mobilizou empresários de peso na direção da aventura do golpe, quando uma ruptura sempre foi considerada improvável? O que fez esse gesto temerário valer a pena?

Um dia descobriremos que motivações mais específicas levaram patriotas de grife a se transformar em alvos de Alexandre de Moraes, que terá de enquadrar alguns deles, para que não pegue só a manezada.


Enquanto isso, Bolsonaro vai cobrando a conta, que pode ser paga de várias formas. Os devedores sabem bem como funciona esse PIX de transferência de suporte político e afetivo. 

Bolsonaro vai precisar de trincheiras e de carinho. Sem mandato, sem orçamento secreto, sem centrão, sem militares e sem bajuladores oportunistas, o sujeito passa a ser uma incógnita à espera de um futuro.


E o que ele será depende dos que tiveram a sua proteção, alguns dos quais envolvidos em investigações e até hoje impunes. Bolsonaro vai precisar de quem precisou dele para negócios diversos.

Empresários poderosos, com fama nacional, não poderão abandoná-lo quando estiver ao relento da proteção do PL, num condomínio de luxo de Brasília onde grupos de moradores já anunciaram que irão rejeitá-lo.


O entra-e-sai no condomínio Ville de Montagne, no Jardim Botânico, vai dizer se o suporte a Bolsonaro será presencial, efetivo e concreto, ou apenas gasoso e remoto.

Ainda nesse verão, o enclausurado saberá com quem pode contar para não virar um Eduardo Cunha.


Imagem: reprodução


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