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segunda-feira, 19 de junho de 2023

Nossa democracia foi salva por um hacker, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Por Fábio de Oliveira Ribeiro, no GGN: O telefone celular do ajudante de ordens de Jair Bolsonaro está revelando os esgotos da conspiração político-militar cujo clímax foram os movimentos terroristas de 08 de janeiro de 2023. Suponho que a apreensão dos notebooks, tabletes e smartphones das pessoas as quais ele se comunicou revelarão detalhes ainda mais pitorescos e picarescos do golpe de estado que fracassou.

www.seuguara.com.br/democracia/hacker/golpe/bolsonarismo/lavajatismo/
Imagem/reprodução

Há uma evidente semelhança entre a quadrilha bolsonarista e a gangue lavajatista de juízes e procuradores federais. Os dois grupos acreditaram que aquilo que ele tramavam em segredo utilizando seus equipamentos sofisticados nunca poderia ser descoberto pelas autoridades ou produzir consequências jurídicas.


Segundo Olga Pombo, a tese central de Marshall Mcluhan é que "...o canal de passagem do conteúdo comunicativo, mero veículo de transmissão da mensagem, é um elemento determinante da comunicação." Ao que parece Jair Bolsonaro/Mauro Cid e Sérgio Moro/Deltan Dallagnol, bom como todos os outros que se vincularam de maneira próxima e umbilical à Lava Jato e à intentona político-militar-evangélica, passaram a acreditar que a deformação da justiça e uma total perversão da política poderiam se tornar realidade apenas porque estavam começando a existir nos veículos de transmissão de mensagens utilizados por lavajatistas e golpistas.


Os dois grupos, que em algum momento estavam absolutamente juntos, foram vítimas de uma auto-ilusão: a de que eles seriam protegidos pela criptografia utilizada pelos canais de comunicação que utilizavam. Isso nos faz imediatamente lembrar o estrago que foi causado pelo haker de Araraquara. O golpe orquestrado pelo bolsonarismo/lavajatismo começou a flopar quando Walter Delgatti Neto conseguiu hackear o Telegram da gangue lavajatista.


A estratégia utilizada pelo The Intercept para produzir o máximo de impacto pelo maior período de tempo publicando fragmentos das conversações ao contrário de divulgar tudo de uma vez se revelou bem-sucedida não apenas do ponto de vista jornalístico. Ela ajudou a criar um ambiente cada vez menos favorável ao autoritarismo jurídico e político.


Nesse sentido, podemos dizer que o principal arquiteto da derrocada da intentona bolsonarista foi paradoxalmente o próprio Sergio Moro. Ao ficar apavorado e decidir jogar todo o peso da PF contra Walter Delgatti Neto, o ex-juiz lavajateiro e ex-ministro da justiça criou as condições ideais para o crescimento do fenômeno que ficou conhecido como Vaza Jato.


Uma perícia feita no material apreendido durante a Operação Spoofing se revelou o maior instrumento de legitimação política tanto do que fez Walter Delgatti Neto quanto da divulgação do escândalo pelo The Intercept. Os ataques do então ministro da justiça e do MPF àquele veículo de comunicação aumentaram as suspeitas de que havia algo realmente podre no coração da Lava Jato. A prova de que Sergio Moro e Dealtan Dallagnol eram heróis de araque que conduziram uma grande fraude jurídico-processual encenada com finalidade política (e eventualmente econômica) continua a assombrar a carreira de ambos.


Existem outras carreiras que serão inevitavelmente assombradas em decorrência do colapso do golpe arquitetado pela quadrilha bolsonarista. Uma delas é a do jurista Ives Gandra Martins. Ao tentar imitar os jurista de exceção que deram aparência de legalidade ao golpe de estado de 1964, o advogado da coca-cola ficou sem gás. Ives Granda colocou em risco o sucesso da marca da água escura adocicada made in USA?


Vez por outra tenho dito na internet que a Lava Jato e a intentona bolsonarista foram comandadas por Zé Roelas. O que me faz rir de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, Sergio Moro, Deltan Dallagnol e Ives Gandra Martins é saber que estamos diante de Zé Roelas diplomados que odeiam o zé-povinho e desprezam aquilo que chamam de populacho.


Enquanto conspiram contra a democracia juristas, militares e políticos lavajatistas e bolsonaristas acreditavam estar destinados a comandar o maior show da terra. Mas eles se esqueceram duas coisas importantes: o segredo é a alma de qualquer conspiração; não existe segredo que resista à criatividade de um hacker. Os historiadores são sempre impiedosos com aqueles que fracassam em decorrência de não estar realmente à altura da missão que acreditavam estar destinados.

Jair Bolsonaro, Mauro Cid, Sergio Moro, Deltan Dallagnol e Ives Granda Martins viraram laugh stock dentro e fora do Brasil. Eles entrarão na história como anões que começaram a ser destroçados por Walter Delgatti Neto. O hacker de Araraquara, por sua vez, entrará para o panteão dos grandes brasileiros.


O leitor deve estar se perguntando porque escolhi uma foto do cenário de Caçada ao Outubro Vermelho para ilustrar esse texto. A resposta é singela: essa foto destrói toda a dramaticidade de um filme cuja maior pretensão é colocar o expectador dentro do imenso submarino comandado por desertores soviéticos que decidiram fugir para os EUA.

Ives Gandra Martins e seus pupilos planejaram construir uma ditadura que submeteria totalmente o Brasil ao White Ass Ape Empire norte-americano. O plano de Markus Ramius (comandante do Outubro Vermelho) deu certo, mas os vilões bolsonaristas e lavajateiros naufragou porque o meio que eles utilizaram os fez confundir ficção com realidade.

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sábado, 11 de março de 2023

Nas eleições de 2022, o ódio perdeu, e a democracia venceu, diz Alexandre de Moraes

Por Sérgio Rodas, no Conjur: "Nas eleições de 2022, a desinformação, as fake news perderam, o ódio perdeu. Quem venceu foi a democracia e o respeito ao Estado democrático de Direito". Foi o que afirmou nesta sexta-feira (10/3) o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, ao ser homenageado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.

www.seuguara.com.br/Alexandre de Moraes/ódio/democracia/eleições 2022/

Em discurso, Alexandre afirmou que "o que falta em estrutura e recursos humanos, não falta em coragem na Justiça Eleitoral". "Coragem, dedicação e competência de magistrados e servidores."

Nos últimos tempos, disse o ministro, a Justiça Eleitoral teve de se preocupar com novos desafios. Entre eles, "os ataques antidemocráticos e covardes à Justiça Eleitoral e a todo o Brasil, como vimos em 8 de janeiro".


Mesmo com as dificuldades, apontou Alexandre, a Justiça Eleitoral continuou atuando de maneira séria e imparcial contra "a desinformação, mentiras e até loucuras de um setor extremista da nossa sociedade". 

"A democracia é o único caminho para o desenvolvimento social do Brasil. Mas sem ódio, sem violência. Com discussão de ideias, mas discussão séria, respeitosa. Adversários não são inimigos. O Brasil deve voltar a ser um país de paz. Pessoas extremistas, violentas, que têm ódio, são vazias, e para o vazio voltarão", destacou o presidente do TSE.


Alexandre de Moraes foi intensamente aplaudido ao fim de seu discurso e em outros momentos do evento. Ele foi chamado de "a pessoa certa, no lugar certo e no momento certo" pelo presidente do TRE-RJ, desembargador Elton Leme.


Pilar da democracia

A Justiça Eleitoral é um dos pilares do Estado democrático de Direito estabelecido pela Constituição Federal de 1988, afirmou o vice- presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski.

De acordo com ele, esse ramo do Judiciário deverá continuar exercendo seu papel de vanguarda na adoção de novas tecnologias e de respeito à vontade dos eleitores.

Lewandowski ressaltou que, em seus 90 anos, a Justiça Eleitoral promoveu 32 eleições, sendo a de 2022 a maior da história do Brasil. O ministro também destacou que, graças às ações afirmativas, as candidaturas de mulheres representam 34% do total no ano passado.


Homenagem a ministros

O TRE-RJ homenageou nesta sexta autoridades e personalidades que prestaram relevantes serviços à Justiça Eleitoral, à cultura jurídica eleitoral e à democracia do Brasil.

Estravam entre os condecorados autoridades do Judiciário, como o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes; os ministros do STF Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski; e o corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão.


Ao todo, foram entregues 27 medalhas. As horarias são de dois tipos: Medalha do Mérito Eleitoral e Medalha Comemorativa dos 90 anos da Justiça Eleitoral. Os nomes, indicados pelo presidente do TRE-RJ, foram aprovados por unanimidade pelo colegiado da corte no fim de janeiro.

Na cerimônia, também houve a inauguração do Grande Hall do Palácio da Democracia, futura sede do TRE-RJ, na Rua da Alfândega, 42, no Centro da capital fluminense.


A solenidade foi a primeira atividade pública feita pela corte em sua futura sede, que passa por obras estruturais e de restauração. O edifício histórico, concluído em 1926 para ser sede do Banco Alemão Transatlântico, tem tombamento definitivo pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) desde 2001.

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sábado, 4 de março de 2023

Por uma internet confiável

Por Beth Veloso, no Congresso em Foco: Internet for trust, ou, por uma internet confiável, foi um clamor internacional. Diversos países se deram as mãos em torno do diálogo da ONU, a Organização das Nações Unidas, para clamar por um conceito um pouco raro na língua portuguesa: accountability. O que pode ser diretamente traduzido por: responsabilidade.

www.seuguara.com.br/internet confiável/responsabilidade/democracia/

Democraticamente, falamos do clamor dos países que as plataformas passem a ser responsáveis pelo conteúdo que reproduzem na internet, que hoje ataca a democracia e impede o libre fluxo da informação.

O que é unanimidade é que a janela da transformação digital tem um poder de estabelecer uma agenda democrática e inclusiva, o que não está acontecendo.



A tendência hoje é que o modelo de negócios das plataformas e redes de sociais impostas por algoritmos sob uma lógica que ameaça a liberdade do discurso coloca em risco as democracias e restringe as liberdades individuais e sociais.


Eu conversei com a Bia Barbosa, integrante do DiraCom - Direito à Comunicação e Democracia, e representante do Terceiro Setor no Comitê Gestor da Internet (CGI), que participou do encontro da Unesco em Paris, na semana passada.


"Foi uma conferência bastante relevante porque deixou claro o quanto o tempo da regulação das plataformas é uma agenda que interessa ao mundo todo, tínhamos uma diversidade enorme de países, de setores e de perspectivas, todos muito comprometidos em encontrar caminhos democráticos para enfrentar os desafios que estão colocados do ponto de vista da regulação das plataformas".


A gente pode dizer que a conferência serviu para os governos darem uma lição nas plataformas digitais sobre como se devem comportar? 

A conferência foi além da tentativa de demostrar o óbvio. Ou seja, o desinteresse das plataformas em combater o conteúdo danoso, a desinformação e o discurso de ódio está consolidado. A pergunta agora é: o que o mundo todo, ou, pelo menos as democracias que estão incomodadas com esse tipo de exploração dos nossos dados pessoais pra gerar engajamento a partir de conteúdos que chamam mais atenção na rede, farão daqui para frente? E prometem discutir diretrizes para evitar que situação em que as plataformas são usadas para atacar a democracia, como aconteceu no Brasil no 8 de janeiro, quando os palácios dos três poderes em Brasília foram atacados e depredados.


Bia Barbosa explica como este episódio despertou um olhar especial para o Brasil na Conferência da Unesco:

"O caso brasileiro foi olhado a partir de duas perspectivas na conferência da Unesco. Foi possível mostrar como uma democracia grande como a nossa também pode sofrer processos de desestabilização em função do ambiente não suficientemente regulado das plataformas digitais, que permite que grupos políticos com interesse antidemocráticos operem para desestabilizar uma democracia como a nossa. Por outro lado, a forte presença deixa muito claro que a gente sai da conferência para fazer o dever de casa como a gente vai querer regular esse setor tão poderoso que vem desafiando a democracia." 


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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Ou as big techs mudam ou a democracia segue ameaçada pelas fake news

Por João Filho, no The Intercept/Brasil: No início deste mês, conversei com um dos meus parentes que votou em Bolsonaro. Eu queria saber o que ele pensava sobre a invasão golpista de 8 de janeiro e sobre os primeiros passos do governo Lula. O que ouvi foi uma enxurrada de opiniões baseadas em informações falsas que seguem bombando nas redes sociais bolsonaristas. Em cinco minutos de conversa, ouvi cinco mentiras cabeludas:
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Política: PSB irá pedir cassação de deputado que ameaçou e xingou Flávio Dino [vídeo]

Por Rudolfo Lago, no Congresso em Foco: "Flávio Dino, vem buscar minha arma, seu merda!" Assim o deputado Sargento Fahur (PSD-PR) terminou discurso nesta quinta-feira (9) em evento na Câmara em defesa da indústria armamentista e do direito de o cidadão andar armado.

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Um mês após ataque golpista, governo Lula lança peça publicitária com recado a bolsonaristas

Por Marcelo Hailer, no Forum: O governo Lula divulgou na manhã desta quarta-feira (8) uma peça publicitária com estética cinematográfica e que poderia ser facilmente incluída na categoria de curta-metragem que acompanha a reconstrução dos espaços dos prédios dos Três Poderes que foram destruídos pela horda de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro (PL).

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Moraes diz que financiadores e organizadores de atos terroristas "serão responsabilizados"

Por Caíque Lima, no DCM: Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que os responsáveis pelo ataque terrorista de 8 de janeiro serão punidos. A declaração ocorreu na sessão de abertura dos trabalhos da Justiça Eleitoral em 2023.
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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

É hora de o Brasil apontar o dedo para as Forças Armadas e desembarcar do cinismo golpista

Publicado por Carla Jimenez, no The Intercept/Brasil: O dia 8 de janeiro expôs ao Brasil a materialidade de um crime que estava em gestação no submundo da política. Houve um intento de golpe de estado transmitido praticamente em tempo real por milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro. Desde então, já sabemos que há potencial para novos atentados violentos, que há integrantes golpistas nas Forças Armadas e na Polícia Militar, e até que o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, tinha uma minuta pronta para contestar o resultado das eleições de 2022.

www.seuguara.com.br/Brasil/Forças Armadas/golpe/democracia/atos antidemocráticos/

Uma janela foi aberta neste domingo para desembarcar do cinismo das argumentações retóricas, como a famigerada "liberdade de expressão" defendida por bolsonaristas, e passarmos a chamar as coisas pelo verdadeiro nome por vias oficiais, saindo da tucanização que a falsa diplomacia brasileira carrega em seu DNA.

"Os desprezíveis ataques terroristas à democracia e às instituições republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática de atos antidemocráticos", escreveu, no mesmo dia 8, o ministro Alexandre de Moraes em uma inédita decisão de afastar do cargo por 90 dias o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha.


Enquanto o mundo assistia estarrecido às imagens da réplica malfeita da invasão do Capitólio nos Estados Unidos, nasciam novos braços institucionais para blindar a democracia. A Advocacia Geral da União, a AGU, criou o Grupo Especial de Defesa da Democracia, e a Procuradoria Federal de Direitos do Cidadão, a PFDC, formou o Grupo de Apoio à Defesa da Democracia para agilizar a comunicação entre os órgãos públicos. 

"Temos notícias da criação de diversos grupos extremistas. Precisamos nos unir para desmobilizá-los e promover a estabilidade necessária ao nosso pais", me disse o procurador Carlos Alberto Vilhena, da PFDC. Até a Procuradoria-Geral da República anunciou, dias depois, um Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos para não ficar atrás.


Parte da imprensa parece rever também o seu papel. Ainda soa estranho ouvir os apresentadores do Jornal Nacional anunciarem "vândalos" ou "atos terroristas" de uma massa de pessoas brancas, viúvas da ditadura militar. Faz bem pouco tempo que no Brasil a imprensa se negava a admitir que Bolsonaro era um mandatário de ultradireita.

A nossa geração não tinha ideia do que era a extrema direita em ação. A era bolsonarista e seus atentados nos apresentaram essa realidade. Nos últimos dias, até os mais céticos - excluindo os fanáticos "patriotas" - perceberam o tamanho da encrenca.


Agora, já não há dúvidas de que integrantes das forças de segurança do Planalto abriram as portas para os golpistas invadirem a praça dos Três Poderes, como disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada - isso porque a posição dos estilhaços indica que as vidraças foram quebradas de dentro pra fora. 

Antes do fatídico 8 de janeiro, havia agressões verbais, milícias virtuais e uma negação de que, nessa dinâmica com roupagem de "liberdade de expressão", havia incitação a crimes. Foi a tese sustentada pelo governo Bolsonaro e os generais em seu entorno, como Hamilton Mourão.


É a mesma hipocrisia da qual são vítimas inúmeras mulheres que denunciam as ameaças de agressão de seus parceiros, mas são ignoradas até que uma tragédia aconteça. A democracia brasileira também viveu sua tentativa de feminicídio no último domingo, desnudando a desfaçatez que permeia as relações de poder no Brasil desde a fundação da República. 


Os militares nunca deixaram de querer se colocar como uma instância superior e heroica. Fomentaram o messianismo de inocentes úteis em nome da Pátria. Pessoas idosas, gente simples que ingenuamente se colocou em acampamento, seguindo mensagens religiosas, quiçá para aplacar a solidão de não conseguir acompanhar uma sociedade mais complexa, com o fortalecimento de diversos estratos que antes não tinham voz.


Não faz tempo que o general Villas Bôas fez ameaças dissimuladamente golpistas às vésperas do julgamento do habeas corpus de Lula, que poderia liberá-lo da prisão. Foi um tuíte sinuoso que deu aval aos "patriotas". "Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", escreveu ele, em 3 de abril de 2018, arvorando-se uma competência que jamais coube às Forças Armadas.

Villas Bôas, então comandante do Exército, plantava as sementes que colhemos com Jair Bolsonaro presidente e com os atos terroristas de domingo. Maria Aparecida Villas Bôas, esposa do general, inclusive, era uma visitante entusiasta dos "cidadãos de bem" em frente ao quartel-general de Brasília. 


"Ficou claro agora que essa pessoas são capazes de cometer crimes, ações materiais muito violentas, com o intuito de iniciar um caos geral que levasse ao colapso das instituições", me disse o jurista Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público. "Não é só uma possibilidade. O fato ocorreu, a partir de um caldo de cultura fomentado também por pessoas como as deputadas Carla Zambelli, Bia Kicis, por Bolsonaro", completou.


Não estamos em 1964. O mundo se move para fortalecer a democracia contra governos autoritários. Não podemos mais baixar a guarda, mesmo que uma boa parte do Brasil ainda esteja cego. Não vai ser em um dia, em um mês ou em um ano que o país vai colocar tudo nos eixo. Esses tristes anos de governo Bolsonaro, ao menos, nos ensinaram a resistir e a reconhecer os hipócritas e a perceber como são camaleônicos. Temos de ensinar às próximas gerações a identificar esses falsos democratas.

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sábado, 14 de janeiro de 2023

'Ninho de serpentes está nos quartéis'. Por Breno Altman

Por Breno Altman*: texto publicado em Folha de S. Paulo. A intentona golpista do dia 8 de janeiro não representou um plano de tomada imediata do poder. Tampouco se resumiu a um putsch de bolsonaristas lunáticos. Mais razoável entender esse acontecimento no bojo do processo decorrente da vitória eleitoral do presidente Lula, com a formação de acampamentos nas cercanias das instalações militares. Ali começa um movimento cujo objetivo era provocar caos e desordem, levando a operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Por que não cola a desesperada narrativa de que depredação foi ação de "infiltrados". Por Rudolfo Lago

Publicado por Rudolfo Lago, diretor do Congresso em Foco Análise: Quando a internet e as redes sociais surgiram, elas foram comemoradas como um marco na democratização da informação. As pessoas passariam a ter acesso ao acervo das principais bibliotecas e museus do mundo e ganhariam um amplo espaço para a discussão e tomada de decisão. Uma "grande ágora", comemorava-se. O início da revolução que trocaria a democracia representativa por um novo modelo de democracia direta.
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sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Procuradoria contra desinformação não cerceará liberdades, diz AGU

Reportagem de Gabriela Soares, na Agência Lupa: Alvo de criticas de políticos de direita, a recém-criada Procuradoria Nacional da Defesa da Democracia não vai atuar contra liberdades consagradas na Constituição Federal, declarou a Advocacia-Geral da União (AGU) em nota enviada à Lupa. A estrutura, que tem como atribuição atuar no "enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas", levantou questionamentos sobre possíveis riscos de uso político e tentativa de censura.
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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Posse de Lula não é o começo do paraíso, mas a saída do inferno. Por João Filho

Publicado por João Filho, no The Intercept/Brasil: A posse de Lula foi um acontecimento histórico. Motivos para defini-la assim não faltam. Ela representa não apenas o fim de um governo autoritário, golpista e fascista que aterrorizou o país nos últimos quatro anos, mas também o começo do fechamento do arco do personagem Lula na história do país.
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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Covil de golpistas, Jovem Pan faz editorial pregando "democracia" enquanto perde anunciantes

Publicado por Fernando Miller, no DCM: O grupo Jovem Pan publicou um editorial nesta quarta-feira (28) no qual afirma que "não faz coro e não endossa qualquer lampejo golpista, ato de violência ou o uso retórico irresponsável de instrumentos constitucionais."

www.seuguara.com.br/golpistas/Jovem Pan/

 No texto lido por um locutor canastrão, a empresa de Tutinha reconhece a divisão política do país e pede que haja compreensão de parte a parte, reconhecendo que as discordâncias "são pilares fundamentais da democracia", mas ressaltando "que essa divergência seja mantida no campo das ideias e do respeito às instituições e à Constituição."

O editorial surge num momento em que o grupo vem perdendo patrocinadores em razão da campanha #DesmonetizaJP, iniciada pelo perfil Sleeping Giants no Twitter. Gigantes do mercado como o Ponto Frio, a Natura e Burguer King já se posicionaram favoravelmente à retirada de sues anúncios do canal.


Num debate naquele mesmo dia, no qual todos os participantes malharam Alexandre de Moraes, um sujeito defendia que os CACs tinham que se armar.


Das quatro últimas postagens no Twitter do terrorista preso George Washington Oliveira Sousa, duas repercutiam mensagens de Rodrigo Constantino, uma delas celebrando o apoio de Moro a Bolsonaro e a outra acusando o TSE de agir como "um partido político" a favor de Lula.


Paulo Figueiredo, neto do último ditador do regime militar brasileiro e estrela da casa, defende o assassinato político abertamente.


Recentemente, ele afirmou que, em caso de reação contra um golpe militar, a reação do Exército deveria ser "passar o cerol" no MST, comparando o movimento ao PCC.

Em outro trecho do texto que reflete a posição oficial do grupo, afirma-se que "não há espaço para ameaças, para violência ou para que se coloque sob suspeita a realização da transição de governo, que seguramente acontecerá no próximo domingo" e que "se há divergências, que estas sejam discutidas no mais alto nível, de forma propositiva e com argumentos que se sustentem pela clareza e pelo caráter técnico."


Hoje, em seu perfil de Twitter, ele negou que bolsonaristas participassem de atos terroristas em Brasília: 



De acordo com a Revista Piauí, entre 2018, último ano do governo Temer, e 2022, a Jovem Pan teve um aumento de recebimento de verbas publicitárias do governo federal, saindo de R$ 840 mil para R$ 7,8 milhões apenas no primeiro semestre deste ano de 2022.


Imagem: reprodução


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terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Um comunista em cada esquina? Por Gaudêncio Torquato

Por Gaudêncio Torquato, em O Tempo: Não vai aqui nenhum gesto de desprezo, muito menos de desrespeito, a quem ousa discordar do governo a se instalar em 1º de janeiro de 2023, por enxergar nele uma porta para a chegada do comunismo no país. O que se ouve hoje da turba que se posta na frente de alguns quartéis não tem nexo. Ou, em outras palavras, trata-se de ignorância sobre o que se passa aqui e alhures. É enxergar o horizonte com muito cisco no olho. Pior é constatar que há quadros das Forças Armadas que ainda apostam nessa maluquice.

www.seuguara.com.br/comunismo/Gaudêncio Torquato/

Para tentar explicar minha análise, peço ao leitor um pouco de paciência para pinçar velhos, porém nem sempre lembrados, conselhos.


Democracia no Brasil

A democracia é o sistema dos contrários, o que pressupõe divergência entre divisões da sociedade sobre suas metas. Alimenta-se da seiva dos partidos, que constituem parte, parcela, pedaço da sociedade. Dessa forma, a democracia se assenta na concorrência entre siglas, no debate de ideias, na livre expressão de cada parte para ilustrar, orientar e convencer as massa. 


O Brasil tem um sistema democrático, fixado em normas constitucionais, ancorado em Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), com claras normas sobre direitos individuais e coletivos, e extensa descrição do papéis dos órgãos de Estado, como as agências de controle e de segurança, a par do capítulo sobre deveres dos cidadãos. Há de se admitir que não temos ainda uma democracia consolidada, podendo até ser considerada um projeto em formação, ante as democracias mais antigas.


Política na história

Nos tempos de Platão e Aristóteles, o cidadão carregava uma missão. Honrar de defender a polis. Passou o tempo e a democracia direta da Ágora, a praça central de Atenas, ganhou novos contornos. O Estado passou por extraordinária evolução, aos substituir o espaço feudal do absolutismo pelo espaço da República.


O poder absoluto - de inspiração divina dos Reis - cedeu lugar ao poder do povo. Um poder corporificado no Estado moderno pelo ideário da Revolução Francesa, com seu escopo do governo representativo, das liberdades, dos direitos e deveres dos cidadãos - expressão, produção, comércio - incorporando os avanços civilizatórios que plasmaram a mais forte democracia do mundo ocidental, a norte-americana, plasmada sob o lema do primeiro presidente da nova ordem, Abraham Lincoln: "a democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo"


"Governo do povo"

Temos de admitir que a frase virou slogan de palanque. O governo do povo virou, em muitos países, o governo de minorias, o governo pelo povo se transformou em um governo para profissionais e um governo para o povo acabou cedendo lugar a uma administração para amigos e seus grupos. Tais desvirtuamentos ocorreram ao sabor dos jogos tramados para conquistar o poder. Que deixou de ter em mira um ideário, com um caudaloso veio de causas, e ter como alvo a construção de cidadelas de Tio Patinhas.


Ora, a esses vieses, adicionamos, por aqui, uma fileira de mazelas. O Brasil urbano revela-se parecido com o Brasil rural em toda a sua trajetória. O império coronelista do princípio do século retrasado fincou raízes em outros roçados. O novo coronelismo arranjou um habitat. O voto de cabresto, prática fraudulenta dos tempos da oligarquia rural, transferiu-se ao domínio do "novos donos do poder".


Herança colonial 

Os traços do passado colonial impregnaram nossa identidade, banhando-a com a lama dos velhos tempos: a pobreza educacional das massas; a perversa disparidade de renda entre classes; o sistema político resistente às mudanças; o sistema de governo ortodoxo (hiper-presidencialismo); e a continuidade de mazelas histórias, entre as quais reinam, absolutas, o patrimonialismo e o assistencialismo de caráter populista-paternalista. Sob essa teia esburacada, a concentração de forças permanece sob a égide do Estado todo-poderoso, bem visível na função de cobrador de impostos, eixo repressor (policialesco), distribuidor de favores e com poder de definir os destinos da sociedade.


Conclusão: o Brasil tenta construir, lenta e gradualmente, desde o século XIX, o altar da Cidadania. Em 1881, tinha 12 milhões de habitantes, dos quais poucos eram imunes à manipulação dos governos. Hoje, são 215 milhões de habitantes. E mais de 30 milhões de faminstos. Milhares sujeitos à influência dos governantes. O que temos, hoje, em vez de Cidadania, é Estadania, a dependência do Estado, o favor, migalhas, esmola.


Quimera

E o mundo? Algumas democracias evoluíram na linha dos direitos e deveres, como a norte-americana. Mas as margens da pirâmide cresceram em quase todos os lugares, com exceção de alguns países, como os escandinavos. E os regimes comunistas? Ora, trabalham com o capital. Caso da China, um capitalismo de Estado. Na Rússia, grupos empresarias se multiplicam. O capital é a mola do crescimento. Quem insiste em velhas teses está de farol baixo, casos da Venezuela e Cuba. A Coréia do Norte é uma redoma. O porto seguro é a social-democracia. Que inspira países europeus.


O comunismo é, portanto, uma quimera. Não há de sobreviver em um país com a dimensão continental como o nosso, com tantas riquezas, com a índole de um povo de sangue negro, indígena e português, e uma tradição que preza a criatividade, a liberdade, as livres manifestações e de uma alegria contagiante. Podemos compreender rompantes à direita e à esquerda como sinais de um tempo tempestuoso. Temos em nossa frente, a caminhada para o centro, saída eficaz para acomodar as placas tectônicas.

Em suma, quem vê comunista em cada esquina precisa correr urgente ao oculista.


Imagem: reprodução


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sábado, 26 de novembro de 2022

A arma tem sido a intolerância. Por Maura Montella

Por Maura Montella*: Nas redes sociais, quando escrevo algo que julgo ser sensacional, recebo uma meia dúzia de curtidas; quando escrevo coisas, na minha opinião, menos significativas, recebo mais de mil. O que quero postar hoje, ainda nem arrisquei; temo ser cancelada ao dizer o que penso. É que nos últimos dias tivemos pelo menos três polêmicas, que, para minha surpresa, suplantaram a dita polarização entre direita e esquerda.
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terça-feira, 22 de novembro de 2022

Dias decisivos para a democracia, por Luís Nassif

Por Luís Nassif, no GGN: Prepare-se para um aumento de tensão nas próximas semanas, pelo menos até a posse de Lula. Há um movimento de gerações de fake news, sim. Mas alguns sinais significativos de que esse festival de gravações e notícias visa criar iniciativas golpistas no setor militar.

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domingo, 20 de novembro de 2022

Xadrez das insurreições bolsonaristas. Por Luís Nassif

Por Luís Nassif, no GGN: Como entender o que se passa hoje no país, com multidões de zumbis, repetindo teorias conspiratórias das mais amalucadas, e acampando em frente aos quartéis? Trata-se de um xadrez complexo, que envolve muitos personagens, um clima de mal-estar generalizado em relação às limitações do modelo democrático liberal, em cima dos quais atuam ideólogos e agentes provocadores, invocando vários instrumentos do fascismo histórico.
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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

ABI repudia apoio do general Villas Bôas a golpistas

"A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se manifestou na terça-feira (15) repudiando a nota do general Villas Bôas, ex-assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, em que defende os atos golpistas realizados por bolsonaristas que não se conformam com o resultado das urnas e pedem a intervenção das Forças Armadas.
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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Até os ministros do Supremo mandam recados aos garimpeiros da Faria Lima. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: A defesa da democracia e da Constituição é bandeira previsível em eventos em que os palestrantes são ministros do Supremo. Foi o que fizeram nessa segunda-feira em Nova York os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, na Lide Brazil Conference, organizada pelo grupo empresarial do ex-governador João Doria, transmitida ao vivo pela internet.
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sábado, 15 de outubro de 2022

"Estamos escolhendo em qual sociedade queremos viver", diz pastor Ed René Kivitz sobre a eleição

Publicado por Fernando Miller, no DCM: O Pastor Ed René Kivitz, da Igreja Batista da Água Branca, é um dos mais destacados nomes da ala progressista do mundo evangélico. Ele concedeu nesta quinta-feira (13) um longa entrevista à Folha de S. Paulo na qual faz suas avaliações sobre a disputa entre civilização e barbárie. Confira trechos:
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