quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
O cabo Silveira, o soldado do Val e a fuga do ex-capitão. Por Fernando Brito
Por Fernando Brito, em O Tijolaço: Quando Eduardo Bolsonaro disse que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal, certamente não estava imaginando que seriam o cabo da PM Daniel (Lúcio) Silveira e o soldado Marcos do Val, do 38º Batalhão de Infantaria, hoje (ainda) senador, os personagens da comédia tosca que estão encenando par livrar Jair Bolsonaro do destino de punição que espera os golpistas fracassados.
Talvez se pudesse até acreditar, de tão toscos que são os Bolsonaro, que tudo que do Val relatou (e "desrelatou", ao longo do dia) sobre a conversa que Daniel Silveira o teria levado a ter com Jair Bolsonaro, envolvendo uma armação para que o senador gravasse conversas em que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, eventualmente escorregasse, na intimidade, em declaração que o marcassem como suspeito na condução dos inquéritos que implica o ex-presidente em manobras golpistas.
Mas, para crê-lo, seria necessário um festival de ingenuidades.
Do Val apresenta-se com "próximo" de Moraes, - "com quem faço uns trabalhos" - e se poderia dizer até íntimo do ministro, tal a facilidade com que marca encontros por Zap a qualquer hora que queria, ou que se possa achar que Moraes, recebendo um senador sabida e abertamente integrante da "tropa de coque" bolsonarista para falar inconveniências e fazer rompantes.
Logo ele que, há quatro dias, gravou um vídeo (aqui, aos 10 min) dizendo que Moraes é uma "unanimidade" negativa entre os brasileiros e que "nem os ministros do Supremo estão aguentando mais ele". Amigão, não é?
É evidente que se trata de uma manobra primária para desqualificar o presidente do TSE e tentar retirá-lo da relatoria dos inquéritos relativos à defesa da democracia contra o golpismo.
Esta é a "missão" que recebeu, agora que a vitória de Rodrigo Pacheco na eleição do Senado tornou impossível a "saída" de promover o impeachment de Moraes.
O senador nem precisa desistir da alegada renúncia que disse - e "desdisse" - iria apresentar. Vai perder o mandato e terá a honra de abrir a fila da Comissão de Ética nesta legislatura.
O cabo Silveira, em cana, vai ter de dar cambalhotas para justificar os R$ 270 mil achados em sua casa. O soldado do Val, já está levando tombos estrepitosos no primeiro dia de suas "denúncias".
Mas estas suas manobras diversionistas para livrar Bolsonaro, tal como as declarações de Valdemar da Costa Neto de que "todo mundo tinha" minutas do decreto golpista para estabelecer "Estado de Defesa" e anular as eleições, só vão ajudando a transformar em comédia-pastelão as versões dos golpistas para escaparem às suas responsabilidades.
Até o final desta quinta-feira, depois do seu depoimento à PF, do Val estará completamente desmoralizado e de tudo só restará um Bolsonaro mais golpista e tosco, sem ter nem mesmo o um cabo e um soldado ao seu lado.
Imagem: reprodução
[Alexandre de Moraes confirma que Marcos do Val o procurou para denunciar 'Operação Tabajara']
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
Moraes diz que financiadores e organizadores de atos terroristas "serão responsabilizados"
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
Rosa Weber detona terroristas de Brasília e promete punição rigorosa a "turma movida pelo ódio"
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
Um bunker terrorista no QG do Exército. Por Jeferson Miola
Por Jeferson Miola*: O relatório da intervenção federal na área de segurança do DF traz detalhes esclarecedores sobre o acampamento golpista na área do Quartel-General do Exército, em Brasília. O acampamento é descrito detalhadamente no item 4 [páginas 17 a 33] como um dos "eventos relevantes para a compreensão dos fatos" ocorridos em 8 de janeiro.
O relatório menciona o entendimento difundido entre os participantes de que "o único local seguro para o grupo seria a área sob responsabilidade das forças militares".
"Desde o início, o acampamento apresentava uma complexa e engenhosa organização, com distribuição das tendas em setores específicos", cita o texto.
As tendas eram "destinadas à cozinha e despensa, a medicamentos e/ou atendimento médico, ao fornecimento de energia por geradores". Na área "havia acesso à internet, [setor de] informações, local para realização de cultos religiosos e diversas outras organizações internas".
Existia uma organização "urbanística" profissional, com barracas de camping e de lona, tendas, cozinhas coletivas, banheiros químicos, banheiros com chuveiro quente, atividades de comércio, suporte logístico e fornecimento de mantimentos. Uma frota de centenas de caminhões e ônibus ficava com frequência estacionada no local.
Havia uma estrutura complexa e onerosa com geradores de energia, placas solares e suprimento com som mecânico, caminhão para palco e trio elétrico, onde aconteciam comícios com a presença de "dezenas de milhares" de pessoas procedentes de vários Estados e, também, de militares e seus familiares.
Equipes de segurança portavam rádios-comunicadores e tinham a tarefa de "identificar possíveis infiltrados".
Nos 69 dias de vida do acampamento foram registrados 73 crimes no local, uma média de um crime por dia: furtos, crimes contra a honra, lesão corporal e vias de fato, dano, ato obsceno, injúria, ameaça e outros.
O relatórios lista os atos criminosos que foram planejados e preparados dentro da área do QG para serem posteriormente executados em Brasília, como a invasão da área de embarque do Aeroporto Internacional [2/12], a violência, terror e destruição nas ruas da cidade em 12 de dezembro, a bomba-relógio no caminhão-tanque em 24 de dezembro e, logicamente, os atentados contra os três Poderes em 8 de janeiro.
Estão relatadas, também, as circunstâncias em que os comandos Militar do Planalto e geral do Exército recuaram e desfizeram os compromissos estabelecidos com a Secretaria de Segurança do DF para dissolver o acampamento, realidade que confirma a leniência institucional - e/ou cumplicidade - do Exército com a aglomeração criminosa.
Reforça esta hipótese o ato sedicioso do general Arruda, então comandante do Exército, que na noite do 8 de janeiro se recusou a cumprir ordem de prisão dos terroristas expedida pelo STF, peitou o ministro da Justiça Flávio Dino e ameaçou o comandante da PMDF com enfrentamento de tropas.
O relatório registra outros aspectos da intervenção federal, e identifica as responsabilidades, por ação ou omissão, de autoridades do governo do DF nos bárbaros acontecimentos de 8 de janeiro.
Mas o documento conclui, no entanto, que o acampamento "foi elemento crucial para o desenvolvimento das ações de perturbação da ordem pública que culminaram nos atos do dia 08 de janeiro de 2023".
O interventor federal Riccardo Cappelli classificou o acampamento como uma "minicidade golpista". É uma descrição coerente com a "estrutura urbanística" profissionalmente montada no local, mas cuja definição atenua a característica extremamente grave, da existência de um verdadeiro bunker terrorista no QG do Exército.
Mais do que "citadinos comuns" que habitavam aquela "minicidade", o acampamento também congregava incitadores de violência, vândalos e terroristas que planejaram e executaram o mais grave e destrutivo atentado à República e ao Estado de Direito.
Tudo o que acontecia no acampamento, o que inclui os planos e preparativos das bombas e armas empregadas nos ataques à democracia, era do conhecimento das cúpulas fardadas.
*Originalmente publicado por Jeferson Miola, em seu blog
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domingo, 29 de janeiro de 2023
Alexandre de Moraes mantém posse de deputados bolsonaristas suspeitos de envolvimento com ataques de 8 de janeiro
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou o pedido para a suspensão da posse de 11 deputados federais eleitos suspeitos de estarem envolvidos nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Segundo informações do portal UOL, para Moraes, caberá ao Conselho de Ética da Câmara decidir sobre a questão.
O pedido para suspensão da posse [diplomação] dos parlamentares foi feito pelo grupo de advogados Prerrogativas. Os juristas argumentam que os congressistas eleitos e reeleitos endossaram os atos terroristas realizados em 8 de janeiro, em Brasília.
Há exceção para as condutas dos deputados André Fernandes (PL-CE) e Silvia Waiãpi (PL-AP), que já são alvos de inquéritos abertos pelo STF à pedido da PGR.
Abaixo, os deputados incluídos no requerimento do Grupo Prerrogativas:
- Nikolas Ferreira (PL-MG);
- Sargento Rodrigues (PL-MG);
- Rodolfo Nogueira (PL-MS);
- Marcos Pollon (PL-MS);
- João Henrique Catan (PL-MS);
- Dr. LuizOvando (PP-MS);
- Carlos Jordy (PL-RJ);
- André Fernandes (PL-CE);
- Silvia Waiãpi (PL-AP);
- Wallber Virgolino (PL-PB); e
- Rafael Tavares (PRTB-MS).
sábado, 28 de janeiro de 2023
A autópsia do ovo da serpente (crotalus terrificus) da lava jato, por Lenio Streck
AGU pede bloqueio de bens de mais 42 presos por atos terroristas
Por Caroline Stefani, no DCM: A Advocacia-Geral da União pediu nesta sexta-feira (27) o bloqueio de bens de mais 42 pessoas presas em flagrante por participar dos atos terroristas de 8 de janeiro. A ação cautelar foi apresentada à Justiça Federal do Distrito Federal.
Ao todo, já foram apresentadas três peças com o objetivo de possibilitar o ressarcimento dos danos. O prejuízo estimado com a depredação das sedes dos Três Poderes é avaliado em R$ 18,5 milhões.
A pasta pediu a indisponibilidade do patrimônio de 134 pessoas e sete empresas. Dessas, 82 pessoas participaram das depredações e outras 52, junto às empresas, financiaram o fretamento de ônibus para Brasília.
O juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro já acolheu o primeiro pedido de bloqueio de bens, que dizia respeito aos acusados de financiar caravanas para os atos antidemocráticos.
"Ao menos R$ 4,3 milhões só em veículos de pessoas e empresas envolvidas já estão bloqueados", informou a AGU.
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023
Política: Valdemar Costa Neto: proposta de decreto golpista "tinha na casa de todo mundo"
Polícia Federal busca mais 11 golpistas para prisão e faz 27 buscas e apreensões
Reportagem de Patrícia Faermann, no GGN: A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (27), a terceira fase da Operação Lesa Pátria, para prender e investigar golpistas dos atos do dia 8 de janeiro. Ao todo, forma determinados11 mandados de prisão preventiva e mais 27 de busca e apreensão em 6 estados e Distrito Federal. Ainda nas primeiras horas do dia de hoje, 5 dos 11 alvos já tinham sido presos. Eles deverão prestar depoimento ainda nesta sexta.
Em Minas Gerais, os dois presos, Carlos Antunes Barcelos e Marcelo Eberle Motta, participaram dos atos e Motta é o coordenador do movimento "Direita vive!", em Juiz de Fora, onde o acusado é conhecido por atacar jornalistas.
Em Santa Catarina, foi presa Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, que parece em vídeos depredando os prédios públicos.
Para identificar os novos alvos, a PF usou imagens das câmeras dos circuitos internos dos Três Poderes e imagens de drones da PF, gravadas no dia 8. Os investigadores também rastrearam os acusados por trocas de mensagens em plataformas digitais, chegando-se a toda a cadeia do ato golpista, incluindo financiadores e mentores.
Logo pela manhã, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou da Operação: "Hoje estão sendo cumpridos, pela Polícia Federal, mais 11 mandados de prisões preventivas e 27 de busca e apreensão contra golpistas e terroristas. A autoridade da lei é maior do que os extremistas".
A mensagem foi compartilhada também pelo interventor da Segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli: " A lei será cumprida", escreveu no Twitter.
A lei será cumprida. https://t.co/OfaDU3r2f8
— Ricardo Cappelli (@RicardoCappelli) January 27, 2023
Em nota, a Polícia Federal informou que os alvos na manhã desta sexta são investigados de: abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado; associação criminosa; incitação ao crime; destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Confira quantos mandados de prisão e de busca e apreensão foram feitos em cada um dos estados e no Distrito Federal:
Distrito Federal: 2 prisão e 4 de busca e apreensão
Espírito Santo: 4 de prisão, 8 de busca e apreensão
Minas Gerais: 2 de prisão, 4 de busca e apreensão
Paraná: 1 de prisão, 1 de busca e apreensão
Rio de Janeiro: 1 de prisão, 9 de busca e apreensão
Santa Catarina: 1 mandado de prisão, 1 de busca e apreensão
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terça-feira, 24 de janeiro de 2023
O tio do Pix não pode assumir tudo sozinho. Por Moisés Mendes
Por Moisés Mendes, em seu blog: O vapor e o avião, quando presos, denunciados e julgados por crimes como traficantes de drogas, nunca serão equiparados aos chefes e gerentes da quadrilha. Serão sempre ajudantes que fazem alertas (o vapor), à vezes como figurantes que fecham negócios (o avião), talvez como coadjuvantes, mas não como criminosos protagonistas.
O tio do PIX, exposto como financiador de ônibus, comida e hotel para os terroristas de 8 de janeiro, pode ser o avião com alguma graduação na hierarquia do fascismo. Mas não deixará de ser o tio do PIX.
Os donos da churrascaria, da fazendola, da transportadora com meia dúzia de caminhões, da farmácia ou da ferragem são os tios do PIX.
Junto com advogados, dentistas, engenheiros e até professores, eles encaminhavam dinheiro aos manés. Polícia Federal e Ministério Público estão chegando aos nomes deles.
Os tios do PIX serão presos. Seus negócios e seus espaços profissionais nas cidades onde vivem serão assumidos por concorrentes. Porque eles não saberão tão cedo quando sairão da cadeia.
Dois dos sete novos inquéritos abertos pelo ministro Alexandre de Moraes, sobre as ações de 8 de janeiro, vão fazer com que alguns personagens desses grupos se entrecruzem.
Tratam das investigações sobre os financiadores do golpe e os autores intelectuais.
Os personagens vão se encontrar e definir para qual inquérito irão quando o cerco aos financiadores sair dos limites do tio do PIX e se estender aos que pensavam e sustentavam o golpe com dinheiro grosso.
O ministro Alexandre de Moraes tem experiência com esse tipo de gente. Participou no TSE do julgamento das ações contra a chapa Bolsonaro-Mourão e vem coordenando no STF os inquéritos sobre fake news e milícias digitais desde março de 2019.
Nas ações eleitorais, a chapa foi acusada de se beneficiar dos disparos de mensagens em massa contra os adversários, em 2018, caracterizadas como ações ilegais e sob o patrocínio de empresários.
É o que está configurado como o primeiro ilícito eleitoral na área das fake news, com difamações e ataques de toda ordem com o uso da internet.
Bolsonaro e Mourão foram poupados, em outubro 2021, quando as ações pedindo investigações judiciais foram julgadas improcedentes.
O TSE entendeu que os delitos não chegaram a influir no resultado da eleição. Mas o relator da ação dos disparos, ministro Luís Felipe Salomão, deixou claro: os ilícitos aconteceram.
O ministro Alexandre de Moraes disse, quando do arquivamento das ações:
"A Justiça é cega, mas não é tola. Não podemos aqui criar o precedente avestruz. Todo mundo sabe que ocorreu. Todo mundo sabe o mecanismo utilizado nas eleições e depois das eleições".
E repetiu, como se desenhasse:
"Uma coisa é se há a prova específica da imputação. Outra é dizer que não ocorreu nada. É fato mais do que notório que ocorreu".
Os crimes ocorreram. A eleição teve disparos ilegais produzidos por uma estrutura mafiosa financiada por empresários, que sustentavam o Gabinete do Ódio, assim definido pela delegada Denise Ribeiro em relatório enviado ao STF.
O relatório da delegada com as investigações preliminares completa um ano agora, em fevereiro. O inquérito da fake news, com relatoria de Moraes, completa quatro anos em março.
Os financiadores dos disparos em massa de 2018, que viabilizaram o que foi enquadrado como ilegalidade, nunca tiveram os nomes divulgados oficialmente.
Alexandre de Moraes sabe que alguns deles vieram de lá até aqui, como financiadores e idealizadores de todo tipo de ação fascista.
Sempre impunes, acintosos, debochados, agredindo o Supremo, o próprio Moraes, a Constituição e a eleição.
E livres e soltos porque o TSE decidiu que não havia como conter Bolsonaro por crime eleitoral naquele momento. Pouparam Bolsonaro e acabaram poupando os financiadores.
Moraes sabe bem, assim como os procuradores eleitorais e os demais juízes do TSE e do Supremo também sabem, que essas figuras são os tios do PIX, que atuaram no varejo.
Eles são do atacado e são bem mais importantes do que donos de biroscas de Corumbá ou de Sorocaba que empurraram os manezinhos para as ações em Brasília.
A pergunta incômoda que se repete é esta: podem estar fora do alcance de Moraes, de novo, os manezões do esquema bolsonarista, do entorno de Bolsonaro, que andavam ao lado do sujeito e que passaram quatro anos impunes?
Sem os chefes do tráfico, não há vapor nem avião. Sem os manezões, não há manezinhos.
Os manezões não usam PIX. Mas os tios do PIX podem finalmente levar aos manezões e às suas inconsistências contábeis.
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
Múcio sobre atos golpistas: 'Todos serão punidos, sem exceção'
domingo, 22 de janeiro de 2023
General demitido já discutiu com Dino e colocou o dedo no rosto de Cappelli
quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
Ataques em Brasília foram "tentativa de golpe por gente preparada", diz Lula
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
O bolsonarismo quis a guerra, e agora terá que arcar com a derrota. Por Leonardo Mendes
Por Leonardo Mendes*: O filósofo alemão Carl Schmitt escreveu boa parte de sua obra durante a república de Weimar - o período logo após a derrota da Alemanha na Primeira Guerra e a ascensão do nazismo ao poder - mas pode ser também ainda fundamental para entendermos o Brasil de hoje.
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
É hora de o Brasil apontar o dedo para as Forças Armadas e desembarcar do cinismo golpista
Publicado por Carla Jimenez, no The Intercept/Brasil: O dia 8 de janeiro expôs ao Brasil a materialidade de um crime que estava em gestação no submundo da política. Houve um intento de golpe de estado transmitido praticamente em tempo real por milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro. Desde então, já sabemos que há potencial para novos atentados violentos, que há integrantes golpistas nas Forças Armadas e na Polícia Militar, e até que o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, tinha uma minuta pronta para contestar o resultado das eleições de 2022.
Uma janela foi aberta neste domingo para desembarcar do cinismo das argumentações retóricas, como a famigerada "liberdade de expressão" defendida por bolsonaristas, e passarmos a chamar as coisas pelo verdadeiro nome por vias oficiais, saindo da tucanização que a falsa diplomacia brasileira carrega em seu DNA.
"Os desprezíveis ataques terroristas à democracia e às instituições republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática de atos antidemocráticos", escreveu, no mesmo dia 8, o ministro Alexandre de Moraes em uma inédita decisão de afastar do cargo por 90 dias o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha.
Enquanto o mundo assistia estarrecido às imagens da réplica malfeita da invasão do Capitólio nos Estados Unidos, nasciam novos braços institucionais para blindar a democracia. A Advocacia Geral da União, a AGU, criou o Grupo Especial de Defesa da Democracia, e a Procuradoria Federal de Direitos do Cidadão, a PFDC, formou o Grupo de Apoio à Defesa da Democracia para agilizar a comunicação entre os órgãos públicos.
"Temos notícias da criação de diversos grupos extremistas. Precisamos nos unir para desmobilizá-los e promover a estabilidade necessária ao nosso pais", me disse o procurador Carlos Alberto Vilhena, da PFDC. Até a Procuradoria-Geral da República anunciou, dias depois, um Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos para não ficar atrás.
Parte da imprensa parece rever também o seu papel. Ainda soa estranho ouvir os apresentadores do Jornal Nacional anunciarem "vândalos" ou "atos terroristas" de uma massa de pessoas brancas, viúvas da ditadura militar. Faz bem pouco tempo que no Brasil a imprensa se negava a admitir que Bolsonaro era um mandatário de ultradireita.
A nossa geração não tinha ideia do que era a extrema direita em ação. A era bolsonarista e seus atentados nos apresentaram essa realidade. Nos últimos dias, até os mais céticos - excluindo os fanáticos "patriotas" - perceberam o tamanho da encrenca.
Agora, já não há dúvidas de que integrantes das forças de segurança do Planalto abriram as portas para os golpistas invadirem a praça dos Três Poderes, como disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada - isso porque a posição dos estilhaços indica que as vidraças foram quebradas de dentro pra fora.
Antes do fatídico 8 de janeiro, havia agressões verbais, milícias virtuais e uma negação de que, nessa dinâmica com roupagem de "liberdade de expressão", havia incitação a crimes. Foi a tese sustentada pelo governo Bolsonaro e os generais em seu entorno, como Hamilton Mourão.
É a mesma hipocrisia da qual são vítimas inúmeras mulheres que denunciam as ameaças de agressão de seus parceiros, mas são ignoradas até que uma tragédia aconteça. A democracia brasileira também viveu sua tentativa de feminicídio no último domingo, desnudando a desfaçatez que permeia as relações de poder no Brasil desde a fundação da República.
Os militares nunca deixaram de querer se colocar como uma instância superior e heroica. Fomentaram o messianismo de inocentes úteis em nome da Pátria. Pessoas idosas, gente simples que ingenuamente se colocou em acampamento, seguindo mensagens religiosas, quiçá para aplacar a solidão de não conseguir acompanhar uma sociedade mais complexa, com o fortalecimento de diversos estratos que antes não tinham voz.
Não faz tempo que o general Villas Bôas fez ameaças dissimuladamente golpistas às vésperas do julgamento do habeas corpus de Lula, que poderia liberá-lo da prisão. Foi um tuíte sinuoso que deu aval aos "patriotas". "Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", escreveu ele, em 3 de abril de 2018, arvorando-se uma competência que jamais coube às Forças Armadas.
Villas Bôas, então comandante do Exército, plantava as sementes que colhemos com Jair Bolsonaro presidente e com os atos terroristas de domingo. Maria Aparecida Villas Bôas, esposa do general, inclusive, era uma visitante entusiasta dos "cidadãos de bem" em frente ao quartel-general de Brasília.
"Ficou claro agora que essa pessoas são capazes de cometer crimes, ações materiais muito violentas, com o intuito de iniciar um caos geral que levasse ao colapso das instituições", me disse o jurista Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público. "Não é só uma possibilidade. O fato ocorreu, a partir de um caldo de cultura fomentado também por pessoas como as deputadas Carla Zambelli, Bia Kicis, por Bolsonaro", completou.
Não estamos em 1964. O mundo se move para fortalecer a democracia contra governos autoritários. Não podemos mais baixar a guarda, mesmo que uma boa parte do Brasil ainda esteja cego. Não vai ser em um dia, em um mês ou em um ano que o país vai colocar tudo nos eixo. Esses tristes anos de governo Bolsonaro, ao menos, nos ensinaram a resistir e a reconhecer os hipócritas e a perceber como são camaleônicos. Temos de ensinar às próximas gerações a identificar esses falsos democratas.
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
Xadrez da intentona militar, por Luis Nassif
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Veja lista de pessoas e empresas financiadoras dos atos terroristas de Brasília já identificadas pelo governo
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
8/1/2023: o dia da infâmia para não ser esquecido! "nunca más!" Por Lenio Luiz Streck
Publicado originalmente no Conjur, por Lenio Luiz Streck: Acompanhei pari passu os atos de terrorismo desde os primeiros momentos. Inacreditável o que se viu. Uma choldra, um valhacouto toma conta da capital federal. Umas uma súcia que tem gente por trás. Alguém financia.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
Exército cerca acampamento e impede ação da PM no QG em Brasília
Publicado por Caroline Stefani, no DCM: Integrantes do Exército montaram uma barreira e estão impedindo que policiais militares do Distrito Federal desmobilizem com uso de força o acampamento golpista em frente ao quartel-general em Brasília no início da madrugada desta segunda-feira (9). O ato ocorre após a invasão de terroristas apoiadores extremistas de Jair Bolsonaro (PL) às sedes dos Três Poderes na capital federal.
O relato foi feito a coluna de Paulo Cappeli, do Metrópoles, por um representante do governo federal que atua na contenção dos atos antidemocráticos. "O Exército montou uma barreira e está impedindo a atuação do Choque. Parece que há parentes deles acampados no local", disse a fonte do Metrópoles.
Os militares também impedem que novos manifestantes entrem na área do acampamento no final da noite, mas muitos já tinham voltado ao local. "Agora só dá pra sair, não dá mais para entrar mais", disse um dos militares que fazia a barreira no local.
No entanto, até por volta das 20h de domingo (8), muitos terroristas que participaram do ataque aos Três Poderes já tinham voltado para se esconder ali sem ser incomodados pelos militares.
De acordo com a coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, além de dois ônibus do Exército havia cerca de 30 militares da Força impedindo a entrada dos golpistas no acampamento.
Os militares montaram uma barricada usando blindados num ponto de acesso ao QG e ônibus em outro para impedir o acesso ao QG do Exército. A frente do QG também está isolada com blindados e soldados.
Segundo o repórter André Borges, do Estadão, que cobre os acontecimentos em Brasília, muitos golpistas estão deixando o local com bagagem. "Agora, ninguém mais entra. Só sai", disse um militar ao jornalista.
Estacionamento dos criminosos em frente ao QG do Exército. Militares não deixaram entrar. “Agora, só sai.” pic.twitter.com/GUJaBgwbRe
— André Borges (@AndreBorges_JOR) January 9, 2023
"Vamos se virar, não tem jeito, temos de acampar em outro lugar", disse uma mulher que deixava o acampamento com outros golpistas. Um grande estacionamento clandestino de carros se formou ao lado, sobre o mato. Diversas pessoas se mobilizavam para sair do local.
De acordo com fontes do governo federal, os militares pediram 12 horas para desmobilizar completamente os golpistas.
Depois de tocarem o terror em Brasília, os extremistas foram se refugiar no QG do Exército, como mostra @DanielWeterman pic.twitter.com/eCOkmhSnet
- Francisco Leali (@fleali) January 8, 2023
Exército coloca blindados e tropas em frente ao QG, em Brasília, e impede ação da Tropa de Choque da PM e da Força Nacional contra acampamento de manifestantes, dizem fontes. Apesar de alegações contrarias, Avenida Duque de Caxias, na região, é pública e de responsabilidade da PM pic.twitter.com/TRgp7tGV1d
— Renato Souza (@reporterenato) January 9, 2023
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